Olhando
o tempo
Regina Barros Leal
Ela
estava sentada olhando o tempo. Viu sua amargura enfrentar a noite e com ela o
rasgado da dor lancinante que oprimia seu peito. Mais uma vez a perda. Dos
sonhos? Do dia ensolarado naquelas manhãs sonhadas há tanto tempo? Seu olhar
perdido misturava-se a noite na sua negritude. Tudo era diferente diante da
noticia. Não. Uma palavra que proferida em momento inoportuno, incomoda,
machuca, fere. Não precisava ser tão enfático, mas dissera e ela, quieta
diminuíra-se diante da negação. Ainda sentia o batimento do coração perturbado.
O corpo doía e sua cabeça ardia. Naquele dia conhecera o sentido da negação, do
ressequido olhar impresumível, pois não esperava a palavra dita.
Levantou-se
e saiu andando pelo corredor da casa grande e olhando o estreito caminho
identificou-se com o percurso daquele momento. Estreito e sem portas e nem
atalhos possíveis. Um Não.... Bem-dito sem tempo para refutação. Continuou sua
andança sem intento. Atravessou a porta que dava para a varanda maior do
casarão e lá ficou a espreitar o tempo da noite silenciosa na tentativa de
encontrar alento. Serenou seu corpo e sua alma aflita!
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