Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre. Cecília Meireles
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quarta-feira, 30 de novembro de 2022
Finitude em versos
Fui caminhar com as pernas cansadas
No trajeto, vi a consciência despertar
Resgatei eras, fases belas e plasmadas
Abri gavetas, vivi emoções exumadas
Minha alma cantou,
e senti o frescor da vida
Os ciclos da existência, a minha doce presença
Concebi o recomeço, o meio, o chegar, o partir
O infinito, a
eternidade, senti cheiro de alecrim
Na consciência da impermanência, gemi a dor
Pensei, existem outras vidas? Reminiscências?
Se há outras? Passarão?! ...Orei com confiança
Acalmei assim, minha alma volátil e itinerante
Que teimosa, continua sua jornada consciente
Talvez você esteja buscando nos
galhos o que só encontramos nas raízes. (Rumi)
O eu lírico
Mostra o poeta o seu eu, o caminho de si
A porta fechada, a janela aberta, uma trilha
Um desânimo, uma euforia instável, a prova
O fio de prata, o ferro batido, o ouro polido
Desponta o término, sem data, incógnita
O início, o portal do infinito, o mistério
O sagrado, o imo de si, o êxtase etéreo
O adeus ao acaso, aos eternos enigmas
O poeta verseja fé e segue o seu coração
Acende o fogo divino, pleno de esplendor
Chora partidas nas tristes e belas canções
Resgata a alegria, nos muitos versos de amor
Eu canto porque o instante existe e a
minha vida está completa. Não sou alegre nem triste, sou poeta (Cecilia
Meireles)
ANÔNIMO
O mais importante e
bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. (Guimarães Rosa)
Caminhava na multidão e,
atônita, me senti um pedaço de qualquer coisa
Não tinha identidade, era mais
um rosto anônimo na massa sem forma
O medo a assustava e seu corpo
movia-se sem rumo, sem rota, nem direção
Eram bramidos de luta, de
indignação, de raiva, faíscas de violência
Horas no perturbado afã, onde
suas mãos abanavam o vento, sem zelo
Não sei quanto de loucura
transviada
Só sei que me perdi na
multidão
Custou uma eternidade para me
encontrar
Pois nem olhava para dentro
... estava à margem
Precisei
demolir os muros da euforia insólita
Parei.
Entendi...
Encontrei
meu Eu em sintonia com as forças divinas
Serenei
o coração
Saí da
multidão e assim, refutei a solidão.
Mudei
meu horizonte
Anotações -
Poema escrito durante o isolamento social por conta da pandemia, numa noite em
que o céu não tinha estrelas e, a saudade impregnava o quarto, grudando-se nas
paredes.
ANTÍTESE
quinta-feira, 3 de março de 2022
BEIJA-FLOR Regina Barros Leal
BEIJA-
FLOR
Contemplo
os pássaros, espargindo alegria
São os beija-flores! Que no
canto, encantam!
Descobre-se no voo, o belo em
perfeita harmonia
Como os afetos eternos que nos
alcançam e fascinam
As
rosas exalam o perfume, o aroma perfeito
Os
pássaros sorvem o néctar, com delicadeza
O belo se expande, no
magistral e pleno feito
A natureza expressa, a inspiradora
beleza
Diante desse espetáculo, face
ao seu esplendor
Contemplo em êxtase, o
mistério infinito
E as lágrimas mergulham, no
oceano do amor
Assim, enlevada, escrevo
sonetos, e lindas canções
Exalto a vida, o cosmo, a
infindável grandeza
Vivendo no agora, registro o
poético, das sutis emoções
Anotações
- Foi
maravilhoso o sentimento de gratidão diante do encanto da natureza. Minha alma
alegrou-se. Versos criados na Oficina de poesia.
Beatriz
Eis que ela
vem formosa!
Ô menina
esperada!
Alegria
esplendorosa
Na certeza da
chegada
Tão pequenina
semente!
Germinada no
amor
Brotarás como
uma flor
Nos braços que
te afagam
Sentirás, eu
sei
O doce perfume
de rosas
Encherás de
alegrias o mundo
Com
suas dádivas generosas
Nos sussurros
de teus pais
Ouvistes
melodias
Sons de afagos
essenciais
Emoções
luzidias!
No coração da
vovó fez nascer
A indizível
esperança de ter
Um tempo bem
alongado
Para te ver
crescer
De sua avó Regina
Anotações - Com a notícia de que
nasceria a primeira neta, abri suavemente meu coração para o sentimento de avó,
já tão conhecido por mim. Mas era uma menina!!!
ESTAÇÃO DOS VENTOS Regina Barros Leal
ESTAÇÃO DOS VENTOS
A estação dos ventos
Leva sonhos, tristezas e
mágoas
Carrega ainda, os velhos
barcos sem rumo
Forma ventanias e arrasta o
invisível
O insólito, o inesperado
O poeta
diz:
Às vezes
ouço passar o vento;
e só de
ouvir o vento passar,
vale a
pena ter nascido
Escuta! diz a voz:
- A estação dos ventos fortes
Traz igualmente alegrias,
variação nos ares
Transforma ventanias em sopro
divino
Alcança os céus em delicada
harmonia
A alma baila no espaço infinito
Tal qual passageiro com
destino certo
Perguntei ao vento: - Então,
quem somos?
Escuto com nitidez:
- São os seres do universo,
parte do UNO
Brisas da eternidade
Anotações -
O poeta a que me refiro é Fernando Pessoa.
Inspirada nos ventos fortes. No meu espaço, ao abrir as janelas, o vento
voraz adentra sem pedir licença, derruba tudo. Ventania!!
ANTÍTESE
Os dias sucederam silenciosos,
como se partissem e voltassem em surdina
Os longos trajetos sinalizavam
o bem e o mal, no curto instante
As nuvens de sombras e
claridades adornavam o céu de rosas
Esperançosa, corria sem norte
na expectativa circunstante
Do outro lado, o mar de águas
valentes soluçava em crespas ondas
À noite, enquanto a lua se
vestia de dourado, acinzentava-se de dor
Ali, na profunda fresta de si,
olhava para o alto e a fé reacendia em risos
O peito arfava na busca
d’alma, sentiu certo temor
As palavras sussurravam
imperceptíveis no místico paraíso
Nem sei ao certo o que digo,
confusa na chegada e no percurso das partidas
O sol de cachos amarelos
encontra a noite adornada com seus véus de prata
E eu, em regozijo pleno, crio
raízes na rasa terra de sonhos e ilusões perdidas
Mas ei que vejo os fios de
ouro! Eles me ligam ao eterno cosmo
No inefável cenário, desperto
e adormeço na atitude grata
Eis, que o dia nasce e
envelhece, no diáfano mistério da vida
Anotações - Nesse dia em que
escrevi o poema, estávamos na Oficina de Poesia, presencial, da Nova Acrópole
(NA) numa aula sobre antítese, paradoxo (figuras de linguagem).
A MAGIA DO OUTONO
Além disso, quando o poeta canta sua obra
para lhe dar vida, ele se torna um com seu canto. Ainda que ele vá e venha, a
melodia brota sempre dele. Ela está indissociavelmente ligada com sua
respiração, sua força, sua alegria. (TAGORE)
No florescer da alma em plenitude! Os
abraços fraternos
Firma-se uma convicção. A consciência da
eternidade
No corpo, a envelhecência! N’alma a
colheita de frutos eternos
Estação revelada na fé, na prudência e
na humildade
As folhas secas dos belos galhos surgem
das árvores em mudança
O espelho reflete a magia do entardecer,
que nos acolhe e acalma
No rio da esperança, a leveza e a
sinfonia cantante do vento
Entoa melodias de amor, realiza a
colheita indizível da alma
Alcança a paz, transbordando de amor à
humanidade
E o riso espontâneo abre-se como pétalas
de rosa
Refletindo a consciência e a convicção
da eternidade
Enfim, o outono é motivo de poesia e
esotérica prosa
SUSSURROS
A poesia é a linguagem dos anjos. (Machado de
Assis)
Parei
e sussurrei em minha mente curiosa
Onde
andam? Aqueles que nos dão amor
Parei,
e sussurrei em minha mente otimista
Certamente,
eu sei! Estão orando com fervor
Fiquei
atenta a mim, ao tempo e ao vento
Senti
um frescor calmante, na minha cabeça raspada
Ouvi
uma melodia distante, pois minha alma cantava
Senti
ternura e amor no circunstante momento
Compreendi
o real significado da amizade leal
Apeguei-me
às pessoas, sem dores, nem saudosismos
Cantei
o “abra alas que eu quero passar” sem sofismo
Dancei
e saltitei nas nuvens do luar de prata ofuscante
Sussurrei
canções de ninar, como mãe de bom coração
Recomecei,
corajosa na era da fé e da convicção
Toquei
nas rosas brancas e flutuei no rio de águas claras
Chorei
de alegria, cri na fraternidade que alcança as estrelas
Anotações - pensamentos soltos,
nascidos da saudade e dor. Reconheci, no momento, a generosidade da natureza, a
felicidade de viver no agora.
O ENCONTRO D’ALMA
Os pés e as mãos
conhecem o desejo da alma.
Fechemos,
pois, a boca e conversemos através da alma.
Só a alma
conhece o destino de tudo, passo a passo. (Rumi).
Eu nem percebi o significado
da vida
Na dor, afastei-me de tudo,
nada fiz!
Olhava atônita e eu não
existia...
Assim, os amores e sabores
desapareciam
Busquei-me e não me vi, nem me
ouvi
Não seria esse vazio, a vida?
Neguei
Então, vi meu Eu flutuante
Senti leve temor! Por que não
renascer?
Se existo senão, buscando o
sentido divino do Ser?
Acolho a ideia, e me apego à
vida
Sem esbanjar vontade e sem
fadiga
Procurei meu ser no Uno, esse
é o caminho
Abri minha mente, veio a
Sabedoria
No poema, a bela sinfonia
No espírito, a eternidade sem
medidas
Quem sou eu
- REGINA EM VERSO E PROSA
- Fortaleza, Ce, Brazil
- Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.