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domingo, 3 de novembro de 2019


REFLEXÕES
 REGINA BARROS LEAL


Eu vivo o presente! Regado de experiências do passado e banhado de esperança no futuro! Regina Barros leal
O passado é fato que se foi, o presente é fato que se vive, o futuro ainda não é! E aí o que temos? Regina Barros leal
Penso na vida como um viajante, atravessando fronteiras mil na plenitude do tempo!Regina Barros leal
Hoje sorri ao regar as plantas! Sorvi o perfume do jasmim e brindei a vida por viver esse instante! Regina Barros leal
Um amigo me deu a mão e o abracei com a vida! Regina Barros leal
Meus amigos me acham engraçada! E não é que sou mesma! Minha alma ainda permanece rindo! Regina Barros leal
Vivi um momento intrigante! O que descobri? Foi saber que não sou a mesma! Cingi o tempo que me deu a chance de renovação! Regina Barros leal

Olhei para Rosalinda e vi a garota dos mistérios! Tentei alcançá-la, mas ainda não tinha as asas da “pura” sabedoria! Regina Barros leal

Falei com os anjos e me disseram: veja o brilho das estrelas e imagine-se uma delas! Assim alcançará teus sonhos! Regina Barros leal

O conhecimento do Homem passa pelo entendimento de si mesmo. Está tudo em você! Regina Barros leal

Quem dera voar tal qual a borboleta que pousa em meu jardim! Fosse assim, voejaria e pousaria na sacada florida dos meus sonhos! Regina Barros leal

Aquele que alcançou a consciência de si, compraz-se no tesouro da descoberta plena! Regina Barros leal
O homem consciente busca a sabedoria, o ignorante nem sabe onde anda e o teimoso intolerante, escorrega na estupidez! Regina Barros leal

A vida é intrigante! Quem imaginaria que um dia os sonhos mudassem! Regina Barros leal










Sussuros


Sussurros
                                  Regina barros Leal
                                                                                                       16/11/2018
Parei e sussurrei em minha mente curiosa
Onde andam os amigos? Àqueles que nos dão amor
Parei e sussurrei em minha mente otimista
Certamente, eu sei! Estão orando com fervor

Fiquei atenta a mim, ao tempo e ao vento
Senti um frescor calmante, na minha cabeça raspada
Ouvi uma melodia distante, notei minha alma contente
As ausências não perturbaram o circunstante momento

Observei no breve instante, o real significado da amizade distante
Apeguei-me as pessoas, aos momentos, sem dores nem saudosismos
Acreditei num tempo cantante o “ abra alas, que eu quero passar” sem sofismo
Dancei em sonhos coloridos e saltitei nas nuvens de prata ofuscante

Sussurrei canções de ninar de uma mãe carinhosa de forte coração
Toquei nas rosas brancas, flutuando no rio de aguas claras e belas
E recomecei! Corajosa no tempo de esperança, da fé da convicção
Chorei de alegria por acreditar na cura, na vida que alcança estrelas
Renasci vigorosa! Religada ao eterno espaço universal do amor


segunda-feira, 19 de agosto de 2019


Meu sonho

Regina Barros leal
                                                          
                                                                                                                   

Meu sonho está na grandeza, de possibilidades mil
Percorrer um tempo de paz, neste caminho sutil
Chuva na terra fértil, abastecendo arvores de amor.
Velhos com olhos desembaçados, sorriem sem dissabor

Adultos e jovens e crianças bem nutridas
Vivendo um mundo melhor, nas vindas e idas
Espiritualidade e ética, como metas de vida
Não sei se é devaneio ou pura fantasia!

Sem certezas, nem fanatismos, sem guerras em vão
Ler jornais narrando estórias, enlevando o coração
Reafirmo a fé no hoje, no amanhã de justa paz
Notícias sem medos, do preconceito contumaz

Eu sonho por um mundo, de bonança e júbilo
Repleno de benevolência, e amor tranquilo
Vivendo a magnitude, do mítico e do perfeito
Habitando um planeta, sem ódio e preconceito


Liberdade!
                                                             Regina Barros leal

Dias outrora, me senti livre e ativa
Hoje percebo, a efêmera ilusão
Liberdade é conquista, ação combativa
Alçar grandes voos, sem escravidão

Firmei vontade, ancorei a verdade
Ouvi o meu som, sem nenhum temor
Percebi-o alheio e sem maldade
Sem alvedrio, sem cor, sem sabor

Um dia então, ouvi um som distante
Era o meu Eu, em expansão, viajante
Contemplei o livre-arbítrio, vibrante e solar

Tal qual borboleta, voejando a saudar
Admirei o fio dourado e senti  a pulsação
Ah! Liberdade, hoje canto a eterna gratidão




                           Regina Barros Leal (oficina de poesia)
                                                                          08/ 2018


A magia do Outono


   
                                          Regina Barros Leal

No florescer da alma em plenitude! Os abraços fraternos
Firma-se uma convicção. A consciência da eternidade
No corpo a envelhecência! Nalma  a colheita de frutos eternos
Estação revelada na fé, na prudência e na humildade

As folhas secas dos belos galhos, surgem das árvores em mudança,!
O espelho reflete a magia do entardecer ,que nos acolhe e acalma
No rio da esperança,  a leveza e a  sinfonia cantante do vento  
Entoa melodias de amor , na colheita inefável da alma

Transcende a paz, transbordando de amor à humanidade
E o riso  espontaneo abre-se como pétalas de rosa
Refletindo a consciencia  e a convição da eternidade 
Enfim, o outono é motivo de poesia e ezotérica  prosa





Olhando o tempo


Regina Barros Leal

Ela estava sentada olhando o tempo. Viu sua amargura enfrentar a noite e com ela o rasgado da dor lancinante que oprimia seu peito. Mais uma vez a perda. Dos sonhos? Do dia ensolarado naquelas manhãs sonhadas há tanto tempo? Seu olhar perdido misturava-se a noite na sua negritude. Tudo era diferente diante da noticia. Não. Uma palavra que proferida em momento inoportuno, incomoda, machuca, fere. Não precisava ser tão enfático, mas dissera e ela, quieta diminuíra-se diante da negação. Ainda sentia o batimento do coração perturbado. O corpo doía e sua cabeça ardia. Naquele dia conhecera o sentido da negação, do ressequido olhar impresumível, pois não esperava a palavra dita.
Levantou-se e saiu andando pelo corredor da casa grande e olhando o estreito caminho identificou-se com o percurso daquele momento. Estreito e sem portas e nem atalhos possíveis. Um Não.... Bem-dito sem tempo para refutação. Continuou sua andança sem intento. Atravessou a porta que dava para a varanda maior do casarão e lá ficou a espreitar o tempo da noite silenciosa na tentativa de encontrar alento. Serenou seu corpo e sua alma aflita!


 Regozijo
                                       Regina Barros Leal

Ah! Meu coração deflagra alegria
Suspiro forte, abafando um ar que não vejo
Sinto minhas emoções, espargindo euforia
E o corpo avigorado, se expande benfazejo

As lágrimas de alegria são abundantes
Enquanto eu, vivo momentos intrigantes
A esplêndida natureza, permanece em regozijo        
Pasma, vi o legítimo e o inexorável infinito

Nesse instante, da mais pura transcendência
No encontro de mim mesma, busco o silencio
O Divino me alcança, em sua benevolência

O júbilo me invade e não vejo fronteiras
Aquieto meu corpo, com boas maneiras
Serenidade descubro, no olhar sem viseiras



REGINA BARROS LEAL Oficina de poesia)
2018





O BEIJA- FLOR


Contemplo os pássaros, espargindo luz e alegria
Encontro o belo, em perfeita harmonia
São os beija-flores! Que no canto, nos encantam!
Com suas penas em cores, nos alcançam e fascinam

As rosas exalam, o aroma quase perfeito                                              
O pássaro expande luz, no esplêndido e pleno feito
Sorvem o néctar da rosa, com real sutileza                                                  
A natureza revela vida, na fascinante beleza
                                                                                                                               
Diante desse espetáculo, face ao pleno esplendor
Lágrimas surgem brilhantes, neste oceano de amor
Contemplo em êxtase as cores, escuto o som do zunido
                                                                                     
Assim, enlevada escrevo, sonetos e lindas canções
Vivendo o agora ouço, as asas do beija-flor 
Canto a vida, o cosmo, exalto  seu esplendor
                                                                                     

                                   REGINA BARROS LEAL (OFICINA DE POESIA)
                                              





Fugi da chuva na calçada

                               Regina Barros Leal

          Um dia em que escrevi sem olhar para trás. Escrevi sobre o hoje, o efêmero dos segundos que passam. Minha vida sobre ela mesma. O tempo sobre ele mesmo. Pensativa no hoje, sinto o tempo enfadonho, lento, arrastado. A chuva cai forte e o vento bate sobre as cortinas levantando-as. Os pingos de chuva alcançam as janelas por mais fechadas que estejam. Olho pelas frestas e vejo o céu carregado de densas nuvens cinzentas.  Sei que há pessoas nas camas, nos quartos, nas salas, ao telefone, sob conforto. Sei dos que estão molhados, aflitos, enxugando os quartos, juntando os móveis, subindo nas nos telhados, desabrigados. E eu não estou na calçada!  Parece que vejo minha irmã sentada no sofá, assistindo televisão ou lendo.
A chuva engrossa e volto à janela do meu quarto e vejo a vida, o tempo que se esvai. Hoje estou triste e meio cansada, depois, quem sabe, volto a escrever.
 Fugi da chuva, mas molhei meu rosto de lágrimas,


Nova identidade

                                   Regina Barros Leal

Resolvi, fui e ouvi
História comparada
Em forma e essência
Vi entusiasmada
Não era só ciência!

No diálogo incessante
Da história dos mitos
Encontrei paz e alegria
No estudo fundante da Filosofia


No universo da ciência
Conheci o método e a técnica
O rigor e a objetividade
Compreendi a moral e a ética

Na reflexão Filosófica
Além da poesia e hino
Apreendi do canto à melodia,
Descobri o SER UNO,
Outras vidas e o DIVINO


Nos debates, nas falas,
Nos cantos e recantos,
Na “ voz do silêncio”
O sentido da vida
Em Krishna e Arjuna
O significado da luta devida


Assim, encontrei
Sêneca e os Estoicos
Outros filósofos
Eu sei e entendi

No estudo da Arte
E da Poesia
Outros sabores
Paz e harmonia
Reflexão reacendida


Regina Barros Leal (oficina de poesia Nova Acrópole)



Ventos de verão

                              Regina Barros Leal
Márcia pensava sobre as ondas fugazes do tempo que passam e nem conseguimos alcança-las. São movimentos velozes que nos deixam perplexos! 50, 60 anos chegam tão rápidos!
Ouvia o vento uivando na janela semiaberta do quarto! Percebia as folhagens irrequietas, enroscando-se nos jarros da varanda bem cuidada.  Sentada e olhando a singular circunstância, ela presenciava o momento fascinante.
Os ventos de verão, na irreverência da natureza, balançavam a estante de madeira, os jarros de flores, os enfeites da mesinha de vidro, como se todos reverenciassem sua admirável e fascinante presença. Legítima beleza! Os objetos moviam-se com as rajadas de seus suspiros. Era madrugada e a janela da sala estava aberta, deixando que invadissem o recanto com seu perfume natural e a selvagem forma de adentrar o ambiente.
Solitária, com os braços enroscados em si mesma, sentia o corpo estremecer de frio. Não se agasalhara naquela noite. Desatenta ao tempo, pousara aventureira na sala, como as borboletas que em voos errantes, ferindo suas belas asas, as quais machucadas, esmaecem o brilho colorido em sua forma original. Pobres seres distraídos!
Lia avidamente o romance intrigante e, de repente, ouviu o som ruidoso vindo de seu quarto. Aflita levanta-se e, mais do que rapidamente, subiu os degraus de madeira, adentrando impulsivamente, no quarto azul de cortinas coloridas, leves e esvoaçantes!
Susto! Notou o belo afresco de Siqueira, que tanto gostava, esparramado no chão, juntamente com o vazo de cristal e as belas orquídeas recebidas de presente. O vento os derrubara violentamente, sem mesuras ou qualquer outro cuidado. A brisa que tanto amava!
Sentada no chão chorou, não pelos artefatos caídos e espedaçados, mas por seus sentidos afetivos. Como a tempestade veem sem aviso, suas lagrimas banharam seu rosto aflito. Meu Deus! O quadro que concebia a essência do pintor, do amigo que já se fora. O jarro de cristal, lembrança da meiga mãe que partira sem dizer adeus. Convulsivamente, deixara-se tomar pelo pranto e soluçava. Nem sabia se era pela intensa emoção da saudade, do significante da circunstância ou porque naquele dia não se percebia plena.
Marcia, perplexa alcançou uma lembrança.  Seu avô contava sobre uma experiência, quando ao mergulhar no açude perto de sua casa situada numa pequena cidade do interior, viu-se envolvido em galhos verdes, vegetação traiçoeira no cenário do medo. Em pânico e sufocando não conseguia subir à margem. Seu irmão o salvara do afogamento iminente.
Recordando do fato, embrenhou-se no silencio. Ah! Aquele silencio do finito, do não descrito, da perda, do inevitável. Durou segundos! Levantou-se e olhando-se no espelho percebeu sua agonia e refez-se.
E ai? Foi um estranha emoção.




Letícia
                                        Regina Barros Leal

                  Madrugada!  Leticia impulsionada pelo desejo de escrever deixa as mãos digitarem com frenesi. Sua cabeça fervilha de ideias e se apodera do tempo, rememorando fatos e situações. Surgem recordações imprudentes e impudentes que dão a narrativa o tom do pecado, do proibido, da cobiça camuflada, como se fossem esconderijos das estreitas ruas de cidades exóticas, de labirintos intermináveis. Lembra Hades, o Deus grego, em seus intermináveis subterrâneos. Nesse itinerário do não explícito, do invisível, do anônimo, do bizarro, expressa, à sua maneira, anseios, segredos, subjetividade, subjetivação e singularidades. Percorre o imaginário encontrando o passado vivido. Materializa-o, toma forma, ora provisória, lacunar, fragmentada e imprevisível, ora totalizante, holística e plena.
                 Deste modo, sua escrita trilha o caminho da inspiração, da fantasia, do imponderável, das descobertas, escapando dos desvios que surgem inesperados e das ruelas traiçoeiras da vulgaridade. Rememorar a vida a encanta e assim ela o faz sem resvalar para um saudosismo obsessivo. Escrever torna-se um desejo constante, uma atração arrebatadora, uma curiosidade queimante. Através da narrativa, abre fendas no tempo e caminha pelos labirintos sedutores da memória, sem aflição. Persiste em sua aventura, impulsionada pelo desejo de reviver estórias exultantes, fatos simples, pessoas marcantes, os ternos amores e as paixões proibidas. Ah! As paixões que estonteiam, marcam a existência e arrebatam sentimentos incógnitos, abismais. São como brumas densas, penachos de fumaça, bosques virgens, caminhos desconhecidos, soando, às vezes, como borrascas e ou terremotos súbitos e devastadores.
                 Leticia alça voos e, brincando de fada transforma sapos em príncipes, burros em cavalos alazões, casebres em castelos encantados. Narra estórias sobre o cotidiano, chora partidas, relata episódios e espreita o passado, através do olhar observante do seu presente.  Às vezes, seu coração se avermelha, sangra com a dor do amigo e se regozija pelo sucesso de pessoas que alcançaram seus sonhos e cantam a vida.
                                        
.







No repleno do encontro
                                               Regina Barros Leal

Ah! Momentos de indecisão! Absorvo meu olhar!
O tempo passou e gracejei, sem sequer gargalhar
Perplexa, duvido de mim! Tal um duende enfermo
Pasma, com o infortúnio circunstante, sem termo

Ah! A dúvida assolando, o espírito fecundo
Buscando a verdade asilada, em sulco profundo
Movo-me na areia movediça, da efêmera ilusão   
Sentir por segundos, a atmosfera da aflição
                                                                                                       
Ah! No embate interior, sou venturosa ao nascer
O silêncio me acalma, encantando o alvorecer
Terna e fluida minha alma, sussurra melodias

Transcendo na ventania, dos sonhos de alegrias
Rejuvenesço, nutrindo de amor meu coração
Desnudo meus erros, com serena convicção





Mistério insondável
                                                 Regina Barros Leal
Fui me alcançando, no trajeto interior
Percorri, o caminho com justo vigor
Compreendi, no longo instante,
A beleza da prudência
Vi o raso e o profundo
A clarividência

Tudo e nada, antes e depois, possibilidades mil
Com sólida confiança,
A espiritualidade surgiu
Na batalha, interior, persisti sem hesitar
Pois, na luta incluí
A certeza de me encontrar

No caminho arriscado, busquei a benevolência
Dominei meus pensares
Com toda consciência
Ouvi o som falante, no silencio do instante
Transcendi a fria forma  
No espaço cantante  
                                                                                           

Descobri algumas sombras!
Efeitos fascinantes
Conheci o fluxo etéreo, e seus meios fundantes
Reneguei assim o acaso
O que não via antes

Perseverei na coragem, no ato consequente
Abafei o pranto, no sutil anseio ardente
Não sei quando será!
Não sei quanto, mas certa sou
Do inconcluso permanente
Simbólico e paradoxal,
Um mistério fulgente.

                        
           
                                                



LEMBRANÇAS

Regina Barros Leal

Márcia procurava a caixa onde sua amiga, com muito zelo, mantinha as antigas cartas e suas pequenas lembranças. Remexia as gavetas da pesada cômoda que estava na família há anos. Encontrara papéis amarelecidos e algumas peças de roupa íntima já gastas pelo tempo. Fatigada, quedou-se por um instante! Placidamente divagou o olhar pelo quarto. Deu-se conta do nostálgico local.  Era um ambiente incomum. As paredes eram revestidas de papel parede listrado e entremeado de pequenas rosas. O colorido já não tinha a mesma tonalidade, todavia expressava uma singular aparência. Os lustres, pintados à mão, desciam majestosos pendurados em correntes douradas. Os móveis, em estilo colonial, de cor escura, davam um toque de austeridade ao lugar. Era o antigo quarto da bisavó, que teria sido ocupado pela avó e atualmente, o recanto de sua amiga, com seus 72 anos de idade, acometida por uma doença terminal. O ambiente revelava as marcas do tempo traspassado de subjetividade feminina.

Envolvida por esse ambiente que abrigava diversas histórias familiares, sentou-se à penteadeira e viu uma escova oval, banhada de prata. Relembrou sua adolescência quando se esmerava no trato de seus cabelos longos. Sentia prazer em penteá-los, especialmente, para ir às tertúlias. Que nostalgia! As tertúlias, o som do pistom e a pista de dança! As luzes no salão de festa! Lembrava-se do rito da espera da festa, os preparativos, dos vestidos de tafetá, dos cochichos, dos jogos de sedução da época.  Tudo era tão fascinante!

Entretanto, rompendo a cortina do tempo, voltou a rebuscar os armários. Finalmente! Eis a caixa que ela pedira. Tamanho médio, vermelha, com rosas amarelas e enfeitada com um laço de fita de cor branca.  Dentro, cartas, cartões, fotografias, bilhetes, miúdos adereços. Sentiu uma inefável sensação. Pudera! Mergulhando no tempo de outrem.... Quem sabe? Estórias intercaladas de risos e lágrimas. Não sabia bem por que, mas teve a sensação de estranhamento. Pareceu-lhe usurpar um templo, um espaço privado, intocável, misterioso e repleto de segredos. Sentiu-se invasora. Retrocedeu. Imaginou a bisavó da amiga, seus amores, seus medos, sua polidez. Lembrou-se de sua avó, uma velha senhora, de olhos azuis, pequenina, cabelos grisalhos, de feições severas e gestos vagarosos. Pensou em sua mãe, curiosa, criativa, miúda, romântica. Recolhia-se, às tardes, em seu refúgio particular e lá permanecia horas a fio. Não atendia a ninguém. Mergulhava em seus segredos e ali ficava horas a fio. Quantas lembranças aquele quarto a conduzia ao passado longínquo.

Olhou para a caixa já guardada há bastante tempo, e segurou-a temerosa. Teria que ser rápida. Sua amiga pedira-lhe que levasse seu bauzinho, assim apelidara a caixa, abarrotada de seus mistérios de mulher.
Sentir a nostalgia que o ambiente transmitia, depois de tanto tempo, fê-la tentar compreender as razões pelas quais sua amiga prezava aquele recanto.... Quem sabe, nem que fosse por um tempo efêmero, nele sentia-se mais próxima de sua perdida juventude.

Ao chegar, olhou e viu a mulher. Enterneceu-se por sua incansável serenidade e fundiu-se num olhar complacente. Sucumbida pela imensa ternura, num gesto de intimidade afagou- lhe a cabeça e beijou sua testa. Entregou a caixa e foi saindo do quarto sem despedidas, deixando-a com suas recordações. Era o momento dela, somente dela. Pensara com compreensão.
 Quando de súbito a amiga a chama. Volta-se surpreendida pelo tom enfático de sua voz. Neste instante ao vê-la, percebeu que algo estava para acontecer. Espera. Ansiedade. Surpresa. Sua amiga retira da caixa uma carta e a entrega. Recebe em silêncio. Com um gesto de ternura ela segura suas mãos e com um ar de cumplicidade ela volta a deitar-se em abandono.
Naquele espaço impregnado de história, de intimidade abriu a carta. Perplexa leu uma confissão. A narrativa de uma mulher que ao longo dos anos sentira o medo. Vivera com o terror, o pânico, amedrontada por um homem que a estuprara e que a ameaçara sua família, caso ela contasse.
Foram dias de sofrimento e dor. Omitira o caso. 40 anos de silêncio e vergonha. Nunca, ninguém soubera. Só hoje resolveu mostrar o conteúdo da carta. Não queria ir embora sem contar o que acontecera, nem que fosse para continuar guardando o terrível segredo, mas dividiria com alguém e aliviaria o seu fardo de anos e poderia ir em paz. Este homem era o melhor amigo do pai de sua amiga. Ao terminar de ter a carta ela suplica a Márcia que ela mantivesse o segredo. Lamentou ter dividido, mas precisava desabafar com alguém a dor que a sufocara por tanto tempo. Sentiu-se aliviada, muito embora o silencio constrangedor a consumira lentamente.
Ela partira 5 meses depois!
          Márcia chorou copiosamente. Manteve o sigilo.
          Que desperdício! Não se fizera justiça. A impunidade reinava nas lembranças de sua amiga.


Devaneio
                                       Regina Barros Leal

Fiquei a pensar sobre a vida e a correria de sempre ir adiante
Tentei freá-la várias vezes, mas não consegui, nem por um instante
Escorregava no assoalho de meus sonhos
Resvalei no caminho e nas pedras brancas da muralha de  ilusões
Persisti, insisti, corri...
Dançando com as estrelas e sorrindo com os girassóis
Continuei de ombros erguidos!
Olhos no tempo, desejando segurá-lo com a força de meus ideais
Resisti aos momentos de perdas 
Sorri, diante da esperança



Dor                            
                                   Regina Barros Leal

Esta dor que não se aparta! É a amarga solidão
Chega sempre ao anoitecer, repleta de emoção
Soluços na cama vazia, de sua plena brandura
Ausência do peito amante, carência de ternura

Mergulhada no mar de saudades e grande aflição
Procuro ouvir seu riso, nos ventos fortes de verão
Banho-me na cachoeira, das lágrimas já nascidas
Na esperança de gravar, as lembranças surgidas

Busco na nostálgica saudade, os abraços cativantes
Sussurrando, teço palavras, com fios brilhantes
Sinto no corpo um vácuo de afeição e amor
Nem sei mais escrever poemas, na profusa dor.






Incógnita
                                                                                                       Regina Barros Leal
E então se perguntou. Quem era ela? Essa mulher pequena, risonha e colérica que amansou seu coração? Quem realmente viveu nessa matéria bem cuidada, correu loucamente desvairada sob os pisos das calçadas de cimento, malcuidados, ou terra batida no quintal da casa? Quem percorreu nas galerias dos sonhos, brincando de menina valente, sob os céus de mil estrelas, algumas cadentes? Nascida sem espera, chorou a vida e brincou nas águas das chuvas que alagavam o jardim, sentindo seus pés enterrados nas folhas secas molhadas? Nesse giro da vida que virou redemoinho, o tempo derramava-se pelos córregos dos rios passantes e os olhos lacrimavam de medo! Seria o homem do saco ou a bruxa malvada?  Essa menina cresceu pouco, mas imaginou muito, voejando como as fadas que cruzam os devaneios de criança. Fez-se mulher pequena, crescente nas ideias, emudecida na dor e barulhenta no riso solto. Essa parece a que conheço, mas nem sabe quem ela é!  Mas onde está a mulher silenciosa das noites mal dormidas, nos cansados dias de tormento, de pensamentos ensandecidos? Quem é essa mulher apaixonada, amante calorosa, enlaçando o parceiro nas brumas da noite, colhendo amores e calores nos momentos encantados? Esta também nem sabe quem é. Os cabelos brancos surgem na dor e adornam o rosto da mulher, como chamas ardentes. Quem realmente ela é?


Turbilhão

Eu me procurava e não encontrava a mulher aparente. Onde estarei se não vejo os rastros de minhas pegadas? Mergulhada em águas embaçadas elevo meus braços em busca de salvação! E quem eu sou? Não encontro nomes e nem codinomes para mil facetas que vivi. E hoje, só ficaram as questões sem respostas, vestígios de passagens disformes, densas e perturbadoras.  Um movimento interior me leva a pensamentos que parecem fios enroscados numa miragem louca! Não me conheço e paradoxalmente me conheço em tantas respostas e nas mais devastadoras perguntas. De repente tenho a sensação de penetrar um mundo de claridades e fumaças que embaçam minha mente. Onde estou e para onde vou? E os outros me alcançarão?  Alço voos pela dimensão do desconhecido e tenho medo de esbarrar nas minhas temerosas memórias, são mais das vezes, ignotas, e nem sei se são criadas, se reais ou ilusões passageiras. Nesse torvelinho de ideias, enlaçada por braços quentes que me acaloram o corpo, acordo sobressaltada.
Ah! Sabe desistir de vasculhar minhas memórias


Superação
                              Regina Barros Leal

Estávamos juntas a conversar feito sussurros, e alcançávamos as ondas do mar através da música relaxante. As cachoeiras, o pasto verde e os lagos de águas cristalinas, paisagens que nos traziam paz, bênçãos divinas e acolhimento. Nesse momento não nos distinguíamos: duas pessoas ampliando as mentes no passeio divino da imaginação. Acalmadas sorriamos, as gargalhadas eram como sons insonoros, paradoxal instante!
Paramos para nos olhar e encontramos o passado e o presente enlaçados na nossa grande e sincera amizade. Foram anos e são dias em que nós dividimos e alçamos voos rasantes, como pássaros na água pegando peixe. Muita risada, e ali, naquela ocasião brindávamos à vida
Muita gratidão pelos momentos no agora, orávamos e agradecíamos a segunda chance que a vida nos deu.
Enfrentamos a dor e encontramos a harmonia, tal qual a esperança que ilumina os dias.
Durante horas sentimos o tempo na contraordem do dia. Passaram rápidos os segundos, os minutos e as horas, como se o tempo não tivesse tempo de passar. Arrastadas pelas lembranças, olhávamos álbuns, batíamos palmas e celebrávamos os sonhos e as fantasias
Na ruelas e veredas da conversa transcendente, nossas asas batiam forte e o passeio alongado nos levavam a lugares distantes, infindos, éramos como pássaros, voejando no cenário encantado!  Momentos atemporais! Superamos as dificuldades, cicatrizamos feridas, renascemos na esperança!
Quando nos demos conta já se fazia noite. O sol, já se escondera em sua nova travessia.  O céu nublado apontava chuva, o choro divino! Então nos despedimos com lágrimas de alegria, agradecendo a |Deus a partilha e o encontro fraterno.
Esse realmente, foi um dia de afetos! Meu coração abriu-se em oração.


Quem sou eu

Minha foto
Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.