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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

INDECIFRÁVEL AGONIA DE UMA ALMA AFLITA

 

INDECIFRÁVEL AGONIA DE UMA ALMA AFLITA

                                                                          Regina Barros Leal

Eis que estou a pensar nele

Saudades... Infindas saudades

Seu olhar perdido numa estranheza impenetrável

Suas mãos quentes presas ao peito doído

A dor estava presente na agudez do sofrimento

Tenta-se combatê-la. Mas permanece escondida nos recantos do ser

De novo a ruga na testa e o rosto encrespado denunciando desconforto

Assistir a esses momentos paralisou meu olhar e congelaram meu ser!

 Perdida nos recantos da perda iminente, refugiava-me na fé que acalenta

Ah! São tantos os sentimentos que afloram na circunstância adversa

A alma sangrava e pedia perdão pela incapacidade de evitar a perda

Quantas horas perdidas! Diálogos truncados, palavras não ditas

Sufocada pela impotência mergulhava na escuridão da dor da ineficácia

A substancia que anestesia a dor, penso que anestesiou a consciência

Breves sussurros... Rápidos olhares e o arfar do peito cada vez mais lento

Não esqueço os momentos tristes, as horas, os minutos e segundos da lenta partida

Choro e as lágrimas encharcam minhas vestes cinzas de tristeza, nesse momento amargo

Não sossego meu coração no pensamento racional, na razoabilidade da frase “o tempo cura”

Somente Deus pode me dar paz e acalmar meu coração

Saudades do meu amor eternizado no coração e na memória afetiva!

NO ÂMAGO DA LUZ

 

No âmago da luz

 

Regina Barros Leal

 

Eu aprendi a viver com o sol iluminando meus amanheceres e no trajeto ímpar, busco a sabedoria. Árduo caminho!

 

O sol me inspirou e me envolveu. Penetrei no âmago dessa luz, para encontrá-la em mim mesma.

 

A alegria então toma conta da minha alma adolescente! Que iluminada, rodopia nos amanheceres cantantes.

 

E assim vou vivendo, aprendendo, aquecida pelos raios do sol fulgente e acendida pela luz crescente!

 

 

E quem me inspirou?

Os meus amanheceres?

Nem sei..., mas estou a me perguntar:

 

Onde aprendi a viver tal luminosidade?

 

 Para hoje ser quem sou?    

 

O CAMINHO

 


O caminho
                       

O que te inquieta?
O sonho desfeito?
Os passos não dados
As lágrimas perdidas
O amor  em retalhos
O que te perturba?
As lembranças  amargas
Os tropeços na estrada
Pois te digo!
Todos estão a andar!
O caminho nem sempre  vão encontrar
Segura o bastão com confiança
Ele te sustentará
Firma-te nas raízes supremas
Então tu chegarás e será para ti o bálsamo do frescor eterno
E sairás  caminhando
Resoluto, na direção do centro
Dissolverás as dúvidas
Enxugarás as lágrimas
Segurarás o cajado
Caminharás sem medo , seguindo o coração
Percorrerás  veredas e vielas que te levarão à luz, rompendo assim a  escuridão
Então acharás
O caminho da verdade.


                                            
                                                         Regina Barros Leal 

sábado, 25 de janeiro de 2020


Superação
                              Regina Barros Leal ( para minha amiga Dayse)

Estávamos juntas a conversar feito sussurros, e alcançávamos as ondas do mar através da música relaxante. As cachoeiras, o pasto verde e os lagos de águas cristalinas, paisagens que nos traziam paz, bênçãos divinas e acolhimento. Nesse momento não nos distinguíamos: duas pessoas ampliando as mentes no passeio divino da imaginação. Acalmadas sorriamos, as gargalhadas eram como sons insonoros, paradoxal instante!
Paramos para nos olhar e encontramos o passado e o presente enlaçados na nossa grande e sincera amizade. Foram anos e são dias em que nós dividimos e alçamos voos rasantes, como pássaros na água pegando peixe. Muita risada, e ali, naquela ocasião brindávamos à vida
Muita gratidão pelos momentos no agora, orávamos e agradecíamos a segunda chance que a vida nos deu.
Enfrentamos a dor e encontramos a harmonia, tal qual a esperança que ilumina os dias.
Durante horas sentimos o tempo na contraordem do dia. Passaram rápidos os segundos, os minutos e as horas, como se o tempo não tivesse tempo de passar. Arrastadas pelas lembranças, olhávamos álbuns, batíamos palmas e celebrávamos os sonhos e as fantasias
Na ruelas e veredas da conversa transcendente, nossas asas batiam forte e o passeio alongado nos levavam a lugares distantes, infindos, éramos como pássaros, voejando no cenário encantado!  Momentos atemporais! Superamos as dificuldades, cicatrizamos feridas, renascemos na esperança!
Quando nos demos conta já se fazia noite. O sol, já se escondera em sua nova travessia.  O céu nublado apontava chuva, o choro divino! Então nos despedimos com lágrimas de alegria, agradecendo a |Deus a partilha e o encontro fraterno.
Esse realmente, foi um dia de afetos! Meu coração abriu-se em oração.




O que é?                           
Regina Barros Leal

Um calor me invade e penso vazio
Tal qual faísca, transitória e efêmera
Ele se vai e o perco de vista
Sumindo na vastidão do vácuo
Nem sei o que é! E quem sabe?


Lamentos
                                   Regina Barros Leal

Ah! O refúgio no choro, rendida em confissões
O ônibus lotado de sons, gritos e discussões
Nem sei quem é? Mas acolho a velha senhora
Lamentos e lagrimas, presentes no agora

Durante o trajeto, a senhorinha reclama
No asfalto, o trânsito ensandecido clama
Resmunga, suas mãos sacodem aflição
Tristeza e agonia, ruídos e vozeirão

Paradas frequentes, e trajeto enroscado
Solavancos, sustos, coração apertado
Idosos se acotovelam, naquele ar abafado

O ônibus lotado, pessoas lamentando de agonia
E a velha senhora ainda, segurava as minhas mãos
Não soube o que dizer, mas olhou com gratidão!






INUSITADO
                                                                                                       REGINA BARROS LEAL

ESTUDO COMPARADO, METODOLOGIA E REFLEXÃO
FORMA E ESSÊNCIA! MITO E CONTEXTUALIZAÇÃO
SABERES DIFERENTES! NÃO ERA SÓ CIÊNCIA!
DÚVIDA, CONHECIMENTO, FÉ E PRUDÊNCIA

APRENDI DA CIÊNCIA, O MÉTODO E A TÉCNICA
O RIGOR E OBJETIVIDADE, A MORAL E A ÉTICA
NA REFLEXÃO FILOSÓFICA, A CONVICÇÃO DO SER UNO
O JUSTO, O BOM E O BELO, NO TEMPO OPORTUNO

A REDE, O GLOBO, A VAGA DE VIDA NAS IDAS E VINDAS
O DIVINO EM ESSÊNCIA, NAS EXPERIÊNCIAS INFINDAS
NOS DEBATES, NAS FALAS, NA CAVERNA DE PLATÃO
EM SÊNECA, EPÍTETO, NOS ESTOICOS, A RETA AÇÃO
EM KRISHNA E ARJUNA, A BATALHA DEVIDA
NA “ VOZ DO SILÊNCIO” O MISTÉRIO   DA VIDA

NO ESTUDO DO CLÁSSICO, DA ARTE E DA POESIA
MUDANÇAS FLUÍRAM, SEM SEQUER ANESTESIA
INTUIÇÕES, EXPECTATIVAS, QUESTÕES ACENDIDAS
MÁXIMAS INTENSAS, SÃO ENTÃO COMPREENDIDAS
PSIQUE, CICLOS, AFETOS, INTELIGÊNCIA, IMAGINAÇÃO
APRENDI NO ESTUDO FUNDANTE, DA FILOSOFIA EM AÇÃO







Chegança
                                                                                      Regina Barros Leal

 Imaginei e fiz um passeio em pomares florescidos
Na cena deslumbrante, os matizes e os tons coloridos
Renascimento avigorado! Sorri no garboso tempo
Primavera afinada, qual dardo certeiro, atirado ao vento.

Na sutileza da chegada, a beleza se expande em cores
No firmamento, na terra, o seuss admiráveis alvores
Vi o trajeto de luzes e, pus a fé no coração
A natureza cintila, germinando compaixão

No acalento do vento, brotam plantas sem temores
No silencio da chegada, o natural pleno de ardores
A primavera nasce sem alarde, quase em surdina
Na esperança do mundo repleno de energia divina

Assumindo o folego, mergulho nas águas puras
O sol fulgente, causa impressões duradouras
As lindas borboletas voejam no meu jardim
Imersa na intuição, sinto cheiro de jasmim

A água nos córregos, preenchem os sulcos fecundos 
Os cheiros, as orquídeas e a diversidade dos mundos

Eis aí a primavera ao som de Vivaldi!




 



Regina Barros Leal


MEMORIAL EM DINÂMICA DE GRUPO saber fazer o diferente no cotidiano de sala de aula
























AGRADECIMENTO ESPECIAL



A meu irmão e amigo César que, com zelo e ternura, procedeu à revisão desse livro




















                                                          AGRADECIMENTO
                       
                                         
A todos os alunos que contribuíram na feitura do memorial, cujos primeiros escritos foram digitados por meu filho Giordano


















DEDICATÓRIA

Ao arley, meu marido e companheiro de todas as horas.

A meus filhos Geovana e Giordano – presenças amorosas no cotidiano de minha vida.

A meus netinhos Arley, Victor, Adriano e Gustavo, que me brindam com suas existências.


PREFÁCIO

Apresentar o livro de Regina é relevante para mim, pois me faz evocar os primeiros passos como educador.
            Foi através de encontros ministrados pela autora, em Dinâmica de Grupo, que meu perfil profissional mudou radicalmente, Regina com sua alma e sangue de educadora, apaixonada por seu fazer pedagógico, reafirma a “importância de o professor exercer o papel de facilitador de grupo, exercitando ao longo de sua experiência, habilidades técnicas, a criatividade, o gosto pelo saber e saber fazer”. A partir dos ensinamentos dela, quando ainda era seu aluno, fui tocado pela primeira vez pelo valor do ensino. Desde então procuro ministrar minhas aulas tendo como paradigma suas lições. Isso faz com que meu percurso de educador se torne mais tranquilo, recheado de conteúdos e dinâmicas. Portanto, o livro que ora apresento e torna imprescindível para qualquer educador, seja ele veterano ou aprendiz da arte de ensinar.
            A autora inicia seu livro nos conduzindo a uma séria reflexão do que é o ato de educar, tocando em questões do cotidiano com as quais, nós, educadores, estamos constantemente deparando. Com isso leva a que todos nós reiniciemos a reflexão, já embevecidos na alma e no sangue como educadores, possibilitando empreender nossa travessia que reflete e cria tranquila e dinamicamente, a arte de ensinar.
            No segundo capítulo, apresenta os registros de memória, apresenta os registros de memórias de alunos que participaram de suas aulas, o que vem a ser uma mobilização para futuros estudos para grupos.
            Pelo fato de sermos todos sujeitos históricos e subjetivos, a autora, no terceiro capítulo narra suas memorias. Ao nos deliciar nesta suave leitura, podemos perceber que educar não é instruir. É, antes de tudo, lidar com emoções das mais variadas possíveis. Pois é o que Regina nos aponta em seu memorial. Para tanto, faz-se necessário um olhar atento de educador.
            Para finalizar a autora lança um olhar que somente o educador pode ter, e conscientemente, descortinando o horizonte da nossa criatividade em sala de aula. A forma apresentada é a dinâmica grupal. Regina não nos mostra forma, tão comuns nesse tipo de livro, pois ela transcende e é na perspectiva da transcendência que apresenta o tema: Saber fazer o diferente no cotidiano da sala de aula: as dinâmicas grupais, instigando-nos a ousar no espaço da sala de aula.




                        Fortaleza, agosto de 2001
                        João Jorge Raupp Gurgel


Sumario

INTRODUÇÃO.........................................................................................12


  1. TEXTOS REFLEXIVOS............................................................................17


  1. MEMÓRIAS: SIGNIFICADOS DE EXPERIÊNCIAS.................................46


  1. RECORRENDO AO OLHAR ATENTO DE EDUCADOR.........................80


  1. O SABER FAZER DIFERENTE NO COTIDIANO DA SALA DE AULA: AS DINÂMICAS..............................................................................................91


  1. BIBLIOGRÁFIA.......................................................................................123






























INTRODUÇÃO





Há razões que transcendem a razão.
 Às vezes somente a empatia, a intuição.
 E o coração pode alcançá-las.

Leonardo Boff


Resolvemos escrever esse livro com a intenção de contribuir com aqueles que desenvolvem atividade docente, especialmente nas áreas de Didática e Dinâmica de Grupo nessa área.  E um tempo significativo de nossa história, marcado pelo entusiasmo sempre presente. Durante esses anos fomos acumulando memórias de alunos, não só na universidade de Fortaleza - Unifor como também em situações pedagógicas acontecidas em empresas privadas, cursos livres, instituições públicas.
A produção desse material se deu pelo interesse acadêmico de partilhar um saber que guarda especificidades subjetivas, como também revelar o testemunho de alunos e participantes envolvidos no contexto didático-pedagógico mediatizado por dinâmicas grupais, aqui definidas, do ponto de vista instrumental, como meios eficazes para intervenção do professor no trabalho com grupos em sala de aula.
Valemo-nos de RIBEIRO (1994) quando assinala ser o grupo um permanente processo de comunicação, compreendendo aqui como todas as coisas que nele acontecem: o corpo, palavra, posturas, um perfume, a roupa. Todas as coisas são canais visíveis de invisíveis relações do indivíduo com a realidade que o cerca (RIBEIRO – pag.36)
Ao pretender socializar as experiências dos participantes, tivemos que fazer uma opção acadêmica: resgatar os registros dos alunos, na intenção de contribuir com a construção de uma cultura de preservação da memória do fazer pedagógico, possibilitando o entendimento de que a postura investigativa e ao mesmo tempo afetiva faz parte desse universo. Tal atitude representa a valorização de experiências vivenciadas no processo de ensino- aprendizagem, na medida em que destacamos a relevância do registro dos fazeres e dizeres dos alunos.
Por certo, escolhemos um percurso que nos pareceu, no momento, o mais interessante, mesmo reconhecendo ser imprescindível o aprofundamento teórico, principalmente num enfoque interdisciplinar, conjugando as diferentes abordagens do processo grupal.

A alternativa foi uma produção predominantemente testemunhal, visto que foi resultado de uma coleta de anos de trabalho centrando sua beleza e praticidade no “mise-en-scène” e conteúdo do processo de Dinâmica de Grupo, registrados indelevelmente no testemunho de seus atores. Recuperamos mais uma vez mais uma vez RIBEIRO (1994) ao destacar que o processo grupal, suas possibilidades e riqueza não terminam nunca, porque em permanente mudança. É sempre novo, porque é uma coisa viva, transformadora, contida e incontida, mensurável e imensurável, real e simbólica, cheia de evidências e mistérios (RIBEIRO, 1994, p. 33)

A este propósito, destacamos ser essencial àqueles professores que, na sua formação não tiveram oportunidade de conhecer as diferentes teorias basilares do trabalho com grupos, que estudem as contribuições de Jacob L. Moreno, Pichon Riviére, Carl Rogers, Shutz William, Kurt Lewin, FrederiK Perls, entre outros. Tal recomendação se baseia na constatação do emprego repetido de práticas tecnicistas e/ou mecanicistas, assim como, no manejo aleatório e funcionalista de métodos e técnicas grupais, sem a devida fundamentação teórico-epistemológica. É imprescindível que o professor tenha um embasamento científico que necessariamente preceda à atividade empírica, em qualquer seara do conhecimento.

Na realidade, o professor intervém num meio ecológico complexo, num cenário psicossocial vivo e mutável, definido pela interação simultânea de múltiplos fatores e condições. Nesse ecossistema o professor enfrenta problemas de natureza prioritariamente prática, que, quer se refiram a situações individuais de aprendizagem ou a forma de comportamento de grupos requer um tratamento singular, na medida em que se encontram fortemente determinados pelas características situacionais do contexto e pela própria história da turma enquanto grupo social. (Gomez, 1971, p.102)


Nosso intento foi o de perpetuar algo que expressasse a riqueza subjetiva das experiências em sala de aula, contribuindo, didaticamente, para que, professores e alunos envolvidos com, ajam com perseverança, dedicando especial atenção às sutilezas da comunicação humana, a complexidade do fazer educativo, a multiplicidade e diversidade de relacionamentos que acontecem entre os alunos, às ações solidárias que se multiplicam quando gestadas pelo compromisso com o outro. Enfim foi nosso propósito salientar que, em sala de aula, neste universo vasto de significados, o professor pode tirar lições valiosas para o exercício da ação docente.  
Reafirmamos a importância de o professor atuar como facilitador de grupo, exercitando competências e habilidades técnicas, a par de criatividade e gosto pelo saber e saber fazer, desenvolvendo um olhar atento de pesquisador de sua própria prática pedagógica, no sentido de transformá-la, retomá-la, com vistas à produção de novos saberes.
Com efeito, um professor sendo um facilitador de grupo deve proporcionar a seus alunos situações educativas que incitem a motivação para aprender, a vontade de compartilhar sem perder de vista suas possibilidades, ajudando-os a se reconhecerem capazes de construir conhecimento, de reelaborar o saber, promovendo vivências diferenciadas em razão do perfil de cada grupo e, sobretudo, potencializando sua autonomia. A dimensão afetiva está presente na atividade humana, no terreno das relações interpessoais. Desta forma, é tarefa do professor intervir nesse campo subjetivo.

Assinale-se que o livro contém capítulos que indicam o nosso percurso, e a utilização do memorial como fonte de conhecimento e reflexão.
 O primeiro configura nosso contributo com textos que podem sugerir reflexões acerca de processos educativos, bem como do cotidiano acadêmico e sua singularidade.
O segundo é fruto da pesquisa realizada pela autora, e apresenta os registros de memórias dos participantes agrupados em categoria de análise, para compreensão dos significados similares diante das experiências vividas: suas percepções, aprendizagens, e sentimentos que ocorrem durante as dinâmicas grupais.
 O terceiro aborda nossas memórias, como professora e facilitadora, sedimentadas em uma prática de longos anos no campo da Educação.
Concluímos discorrendo sobre o saber fazer “o diferente em sala de aula, indicando algumas dinâmicas grupais com suas características especificas, selecionadas a partir de experiências no trabalho coletivo em diversos contextos educativos.

 




















1
TEXTOS REFLEXIVO







Todas as vicissitudes humanas perpassam
De ponta a ponta esse espaço ou tempo,
Vicissitudes que podem ser traduzidas em
 Conflitos e alegrias, recalques, exibicionismos,
 Esperanças, avanços e retrocessos.
Enfim, tudo que é humano.

      Novaski


Iniciamos este livro percorrendo o caminho da narrativa. Sabemos que essa investida poderá causar desassossego a alguns leitores. Resolvemos, porém, correr o risco, mesmo porque esta é uma das formas preferidas que encontramos para pensar a cotidianeidade e dela extrair lições que nos reserve. Assim moveu-nos a intenção de propriciar a leitura de textos que revelem nosso olhar sobre situações relacionadas com educação: o saber fazer didático; a atitude de educadores diante dos desafios; os preconceitos Presentes na universidade; as inesperadas ocorrências em sala de aula; as investidas inusitadas dos alunos; os pactos escondidos nos formalismos da relação professor-aluno; a alegria de professores frente a seu objeto de trabalho; o caminho coletivo da produção do conhecimento e a dimensão do afeto, entre outras singulares circunstâncias educativas.

1. Projeto pedagógico: Trilhas de aprendizagem

Durante a elaboração dos projetos pedagógicos do Centro de Ciências Humanas – CCH, da Universidade de Fortaleza – Unifor, desempenhando o papel de assessora pedagógica, tive a oportunidade de assistir a cenas intrigantes, das quais me lembro com atenção. Vi e ouvi colegas debatendo sobre propostas pedagógicas e as novas diretrizes curriculares, fazendo uma travessia discursiva acerca dos elementos fundamentais dos cursos de graduação. Alguns envolvidos, bastante motivados, outros alheios ao processo, não deixando, por conseguinte, marcas de sua presença nas discussões. Os que participavam faziam vez em suas falas à importância daquele momento na universidade. Reviam conceitos, os objetivos do curso, as diretrizes norteadoras, demonstrando reconhecer a necessidade de mudanças estruturais no processo de transmissão e construção do conhecimento. Discutiam por igual às exigências atuais no mundo do trabalho e as normas impostas pela racionalidade técnico-científica.
O debatem, com freqüência, se ateve à ruptura com um saber fragmentado, com a formação do aluno crítico e consciente, enfatizando a relevância da interdisciplinariedade.
Traçamos perfis profissionais, na expectativa de formas indivíduos competentes, cidadãos que pudessem olhar o mundo a partir de uma visão de totalidade, analisando a realidade do ponto de vista de sua complexidade. Formulamos os princípios norteadores: a relação teoria-prática, a visão de totalidade, a formação do aluno capaz de sentir o sujeito de sua história, a participação colegiada nas decisões e formas de investimento na formação do docente.
Alguns projetos apresentaram novos modelos curriculares, na busca da atualização e adequação ao momento histórico. Foram aplicados questionários e promovidos debates e seminários, com a presença de profissionais de outros Estrados, nos quais enfatizou a necessidade de abrirmos caminho para uma prática docente fundamentada na pesquisa. Discutimos sobre a função social da Academia, a qualificação dos professores, o conhecimento de novas tecnologias, aflorando indagações como: De que modo podemos tornar nossas proposições viáveis? O que fazer nas salas de aula quando nossos alunos quando discutimos o saber? Como se deve encarar a cultura constitucional e organizar as práticas de resistência! De que forma se viabilizaria o projeto pedagógico no contexto da universidade? Como produzir ciência?
Recorro a Edgar Morin, para quem a ciência é, e continua a ser, uma aventura. A verdade da ciência não esta unicamente na capitalização das verdades adquiridas, nas verificações das teorias conhecidas. Está no caráter aberto da aventura que permite, melhor dizendo, que hoje existe a constatação das suas próprias estruturas de pensamento. Bronovski Dizia que o conceito da ciência não é nem absoluto nem eterno. Talvez estejamos num momento crítico em que o próprio conceito de ciência está a modificar-se. (citado por Isabel Petraglia em Edgar Morin – A Educação e a Complexidade do Ser e do Saber. 1999 p.42).
Lembro-me de alunos reclamando da postura fechada de um professor que não concordava com as investidas críticas acerca de suas posições teóricas. Diziam, na ocasião, que se sentiam frustados porque percebiam o enclausuramento de alguns mestres em suas ideologias. Eram, de fato, alunos inteligentes e curiosos.
Insisto com Morin: distinguir e associar e não disjuntar e reduzir. Os inimigos da complexidade geralmente têm medo da confusão do todo que há em tudo e vice versa! Mas absolutamente não se trata de misturar coisas, trata-se de distingui-las e associá-las. Há um pricípio de complexidade que, na minha opinião, é igualmente um princípio primário. (idem, p. 84).

Questionamos ainda: como sustentar uma prática universitária ancorada numa visão de totalidade? Como compreender a dialeticidade entre a parte e o todo? Como estabelecer parcerias de Professores para que assegurem a relação e a articulação interdisciplinar e/ou trans-disciplinar? Como prover um debate, por áreas do conhecimento, na tentativa de evitar r4epetições de conteúdos, e as tão famosas “igrejinhas ideológicas”? Como ajudar o professor a encontrar-se prazerosamente com o aluno na mediação com o conhecimento? Lembro-me da mensagem         de Einstein em Como vejo o mundo:... É a tarefa essencial do professor despertar a alegria de trabalhar e conhecer... O programa intelectual propõe um trabalho, um método e regras de vida (Einstein, 1981, p. 65) E, Mais, quando, ao escrever pra Sigmud Freud, afirmou: Sempre admirei sua paixão para descobrir a verdade. Ela o arrebata acima de tudo (Idem, p. 65). O arrebatamento pelo saber que Einstein reconhece em Freud – e quem diz é o próprio gênio Einstein - vem a ser, o nosso juízo, condição básica do trabalho da academia.
Ensinar, afinal, é uma ação complexa, que transcende o “aulismo”, as pesquisas isoladas e as frágeis atitudes acadêmicas. Ensinar nos exige conhecimento, flexibilidade e a revisão contínua do fazer didático-padagógico e de nosso papel na universidade.

2. Singular momento

O carro deslizava sem quase fazer barulho...
Aquela madrugada ela se sentia diferente!
Márcia voltava da festa de encerramento do curso. Tudo tinha sido esperado. Pensava como fora especial o instante em que, ao descerrar-se a placa, percebeu seu nome gravado. Um susto! Márcia exultava. Os alunos ansiosos para tirar fotos, de duplas, com a turma, ou individualmente.
Ficou a pensar. Como conseguira chegar a tantas pessoas? Enquanto refletia, acolhia os que a abraçavam e sussurravam expressões de carinho.
De madrugada abria-se dadivosa. Evocou, então, o primeiro dia de aula. A sala em silêncio e a expectativa estampada nos olhares dos alunos, estudantes do curso de pós-graduação na área do Direito. Relembrou a cartografia relacional do grupo: alunos formalmente sentados em suas carteiras, um ou dois conversando, outros rindo quando algum deles se manifestava. Por vezes, alguém surpreendia a turma com um disparate. Outras vezes, falas timidamente eram proferidas na sala.
Márcia descansava seus apontamentos na mesa reservada ao professor. Pausa... Silêncio. Olhando, então, para o grupo, disse: - Boa Noite! A primeira saudação! A primeira tentativa de estabelecer contato com o grupo. Ah! Que sensação! De uma maneira geral, este momento sempre lhe era atraente, talvez por tentar desfazer os primeiros temores. Para Márcia, importava criar uma atmosfera grupal facilitadora da aprendizagem. Percebeu-se chegando e construindo, com o grupo, um espaço de diálogo. As imagens grupais, as rodas de conversa e o “nó” para ser desfeito. Expressões de espanto... Cena rara para os alunos da área jurídica!
Os demais Fluíram.
Durante o curso, a diversidade metodológica inaugurava um cenário pedagógico peculiar: as aulas expositivas, as dinâmicas grupais, os trabalhos independentes, apresentações dos alunos, ricas pela originalidade grupal e tecidas com esforço criativo. Cooperação e responsabilidade. Apresentações com vídeos, entrevista, dramatizações, aulas refertas de recursos e conteúdos. As dúvidas, as questões pedagógicas, as análises sobre o cotidiano universitário, os debates sobre avaliação, aprendizagem, métodos e técnicas do ensino jurídico, particularidades na área do direito, perguntas curiosas acerca da prática universitária, o papel da academia, enfim material de aprendizagem de vários saberes e fazeres didático-pedagógicos. Márcia se lembrou, então dos encontros casuais, das conversas quando a acompanhavam até o carro, de alunos que, gentis e sedentos da atenção do professor (parte do processo), ajudavam-na com a abordagem didática. Reviveu os “papos” pessoais, as dúvidas acadêmicas, as imprevisíveis manifestações de simpatia expressas em diversas linguagens, as orientações individuais e, sobretudo, a certeza de que os vínculos se fortaleciam. Foram muitas horas de convivência. A turma fez diferença!
Enquanto revivia todas as emoções, Márcia avigorava a percepção de que a sala de aula é um precioso espaço de infindáveis aprendizagens e, sem dúvida, um local privilegiado da inventividade e da ousadia. Contatava, ainda, que uma das competências do educador é, na mediação do conhecimento, possibilitar a humanização do processo de aprendizagem. Reconhecia o significado das solitárias e fecundas horas de estudo, dos debates constantes dos grupos de pesquisa e se dava conta da natureza temporal da atividade de formação humana.
A sala de aula fascinava seu espírito por ser um espaço flexível a diversas experiências, possibilitando rever sua prática de educadora. Nada mais confortante!
Lembrava-se, em pouco entediada, das conversas de professores insatisfeitos com a profissão. Pobres trabalhadores do ensino! Que desperdício!
Enquanto a porta do seu apartamento, segurando uma rosa vermelha, grata lembrança dos alunos, respirou lentamente, saboreando a doce emoção. Serenidade de uma alma em regozijo.

3. AVALIAÇÃO: o desafio cotidiano


Éramos um grupo de colegas universitários, debatendo sobre avaliação. Naquela ocasião, reconhecíamos a nossa trajetória equivocada de avaliar nossos alunos. Comentávamos sobre, como somos influenciados por nossas experiências anteriores, e por nossos esquemas mentais. Constatávamos a velha e odiosa prática desenvolvida por nós, professores, herdeiros de atitudes autoritárias e seletivas, expressas em nossa forma de olhar os alunos, ante seus rendimentos escolares.
Exatamente nesse momento, recordei que, algum tempo atrás, uma colega de profissão comentou, aos risos que costumava ao corrigir as provas, seperá-las conforme classificação atribuída em exames anteriores. Tal classificação congelava os alunos em notas, penso eu. Dizia ela que arrumava as provas em montinhos: a dos alunos excelentes, as quais corrigia em primeiro lugar, porque causava grande satisfação, a dos maus alunos (denotação dada por ela), pois eram trabalhosos, aqueles que não tinham jeito. E, finalmente, os regulares, a grande massa que lhe era indiferente, porque se constituía de alunos que não se definiam, estavam sempre no mais ou menos. Assim separava os montinhos de testes.
Segundo ela, começava pelos excelentes, deliciava-se com seus resultados, que alimentava seu ego e massageava sua auto estima. Tinha mais. Se por acaso alguns deles não se saíssem bem, ela deixava por menos, porque certamente algo acontecera que influenciara seu desempenho na prova, mas, como sempre fora excelente aluno, isso era perfeitamente compreensível e tolerado. Dessa forma, então, a nota seria boa, considerando as possíveis interferências. Eles não eram culpados!
Logo depois, corrigia as provas dos alunos de baixo rendimento, algumas das quais, por seu nível, provocavam uma indagação: Como conseguiram pescar? Certamente colaram de outros colegas, já que eles próprios não apresentavam condições próprias de responder a tais questões. Desconfiava sempre desses alunos ardilosos e sagazes. A colega referia-se a eles com risco de escárnio.
Finalmente, os regulares. Ah! A grande massa sem indentidade própria e que não fazia a menor diferença. Esse grupo não constituía foco de sua atenção, os alunos eram praticamente ignorados. Sua expressão, ao referir aos regulares, me pareceu de pouco caso, desnudando, lastimava desprezo.
Enfim, para encerrar a conversa, com certo tom lamurioso, afirmou que detestava corrigir provas, testes e ou similares, pois indicava apenas a constatação do que já sabia. Conhecia a turma.
Que tristeza! 
Como educadora minha colega perpetuava a seletividade danosa. O que não seria daqueles alunos, já marcados, estigmatizados, escondidos numa postura autoritária e desconfiada?  Perguntava-me: O que fazer? Como trabalharmos, nós educadores, para não olharmos nossos alunos como inimigos? Aí lembrei-me de Luckesi, em sua sabia simplicidade, numa palestra conferida na universidade de Fortaleza, sobre  o ensino: Os dois armados, como se tivessem em campos de batalha. Um com sua espada e o outro com seu canivete, não é?
O que fazer para que professores entendam a avaliação, não como uma finalidade, mas sim como uma relação de ajuda, um meio, como um momento de aprendizagem. Como desenvolver um fazer acadêmico que privilegie um ensino baseado na crença e numa dimensão que permita reconhecer os alunos como sujeitos aprendentes, Em que o erro faça parte do processo, desde que entendido como capaz de ser retificado pelo sujeito da aprendizagem?
Iniciei a partir daí, uma reflexão sobre as práticas pedagógicas realizadas, no âmbito da avaliação, desenvolvidas na academia. Espiei, espreitei. Vi, e não me deleitei com o que vi. Constatei e não gostei do que reconheci. Certifiquei-me de que continuamos realizando provas e testes, salvo raras exceções, para averiguar e mensurar resultados, reafirmando nossas atitudes classificatórias.  Não consegui visualizar mudanças significativas. Seria um equívoco? Um julgamento precipitado? Usamos as escalas de avaliação como refúgio de nossa incapacidade de bem avaliar?  Aí reside uma dúvida que pode gerar numa reflexão. Como avaliar 50 alunos, 60, senão utilizando provas? Como avaliá-los se não os conhecemos? Aí também me pergunto: quais as alternativas para ajudar o aluno a superar suas dificuldades nesse cenário? Qual a nossa postura diante do fracasso dos alunos? Quais as nossas concepções acerca do aluno e da universidade? Quais as nossas convicções pedagógicas, filosóficas? Que tipo de homem queremos formar, se quase sempre não consigo chegar até ele?
Muitas são as questões. Mas, com certeza, a dúvida cria zonas de desconforto. Nessa medida, quando colocamos a dúvida, e saímos da confortável certeza de que basta fazer dessa forma porque é mais seguro, possivelmente estaremos descontruindo paradigmas, rompendo com uma prática avassaladora da exclusão dentro da universidade.  O que mais me surpreende é que discutimos sobre exclusão, mas não desenvolvemos a prática da inclusão. Não incluímos. Discutimos senso crítico, mas não o fazemos com nossos modelos pedagógicos, epistemológicos e curriculares. Debatemos sobre coletividade e desenvolvemos, na maioria das vezes práticas individualizadas. Debatemos sobre participação e cidadania e pouco fortalecemos as representações estudantis.
Por não avaliarmos, então, a nossa linguagem cotidiana, as nossas posturas, as nossas formas de avaliar, as nossas resistências ao sistema de avaliação? Por que não apresentamos propostas inovadoras, contribuindo, assim, para a mudança do processo? Creio ser este o momento de transgredir, mas aquela transgressão de nossas regras internas, intelectualizadas e intelectualistas que não têm contribuído para transformar esta realidade. Tudo isso exige esforço do coletivo e uma trajetória do indivíduo. Quem sabe, a elaboração do Projeto Pedagógico pode incluir propostas ousadas, diferentes, inéditas?  Cabe-nos fazer uma nova história.
Mudar a prática de avaliação implica rever a postura do professor e do aluno, alterar a metodologia, introduzir novos recursos, propiciar a dimensão interativa na sala de aula, e entendendo-a como um espaço de competência técnica, política e de crescimento humano, inesgotável nas suas possibilidades. Um terreno fecundo para produção de relações éticas e solidarias, um cenário que pode ter boniteza, como afirma Paulo Freire e, amorosamente, criar uma relação de qualidade entre professor e aluno dentro e fora da sala de aula.
Assim, absorta em meu pensamento, não percebi que o tempo passara. Dei-me conta quando os colegas me disseram que estavam indo para sala de aula.
O intervalo terminara.

4. E A NOTA PROFESSOR?

              Estava sentada dando conta os resultados das primeiras verificações: um teste subjetivo e um relatório de visita a uma escola Entregava individualmente e conversava com cada aluno sobre suas dificuldades e progressos. Algumas conseguiram apropriar-se do conhecimento e elaborar um relatório bem estruturado, inclusive apontando sugestões para a próxima atividade. Na oportunidade, fui entregando as notas pelos trabalhos. Foi aí que alguns alunos se manifestaram:
-Professora, eu tirei uma nota cinco (5). Não é possível. Eu estudei muito e não consegui tirar um 8. Poderia fazer um trabalho valendo três pontos? Se eu fizer, fico na média.
Outro aluno falou;
-É isso aí, eu não quero ir para a prova final. Dá um jeito professora! “Quebre o galho” e passe um trabalho para melhorar a nota...
Continuando, outra aluna falou num tom manhoso:
O professor X passou um trabalho para a gente alcançar a média. Por que a senhora não faz como ele? Tem algum problema?
Engoli seco. Essas propostas ainda me incomodam profundamente.
Respondi tranquilamente, muito embora ainda lamentando o equívoco.
-Bem, penso que há um engano aqui. Em primeiro lugar, defendo a ideia de que, quando se atribui uma nota, se está qualificando um resultado. Portanto, no meu entendimento de avaliação não se recupera nota dando pontos. Mas sim, ensejando novas condições de aprendizagem. A avaliação é diagnostica na medida em que possibilita ao aluno dar-se conta de que precisa estudar para superar suas dificuldades. Enquanto isso, o professor deve sinalizar que a turma tem dificuldade e avaliar também o seu desempenho. Portanto, se desejem superar suas dificuldades, feremos outro teste dos mesmos conteúdos, novas visitas e outros relatórios. Caso eu não tenha sido clara, expressem suas questões porque estou querendo elucidar as dúvidas. Quem deseja melhorar seu desempenho terá que percorrer o mesmo trajeto, mesmo que utilize outros instrumentos se os que indiquei não foram adequados às suas peculiaridades. Concordam? E isso eu mencionei porque o tempo de entregar os resultados ainda não se esgotara.
Alguns alunos que se sentiram prejudicados refutaram:
            -De jeito nenhum. A nossa proposta é fazer um trabalho de qualquer tema para melhorar a nota. Mantendo a calma porque já sabia que não era de bom tom negligenciar minha emoção, mesmo porque esse é sem dúvida um fato mais do que comum. Então, falei:
-Muito bem. Aqueles alunos que não estão na mesma situação podem sair que eu preciso resolver esse problema. Falei, dirigindo-me a turma.
Silencio total. Os alunos foram saindo rapidamente. Ficaram na sala uns dez alunos, com notas que variavam de 4 a 6.
-Sinto muito pelo constrangimento, mas quero que entendam o seguinte. Vocês estão aqui para aprender. Meu papel é facilitar a aprendizagem do aluno que é intransferível. Costumo dizer para meus alunos que não negocio conhecimento. Percebem o que quero dizer? Não faço trocas, não comercializo notas. Mas estou aqui para ajuda- lós no que for preciso. Esclareço as dúvidas, indico a bibliografia necessária, oriento individualmente.
Isso é conversa fiada. Por que a senhora quer ser diferente?
-Fazer a diferença é uma ousadia.  Mas na verdade não estou sendo incomum. Estou procurando ser coerente. Comece logo hoje a pensar que há outras maneiras de aprender. Podemos conversar.
-Bem professora, com a senhora não adianta mesmo. Dizendo isso, saiu empertigado e resmungando sua decepção. Os outros alunos o acompanharam certamente insatisfeitos.
Deixei a sala pensativa. Perguntava-me sobre o que na verdade importava para os alunos?  Aprender? Ter um diploma? Qual seria a nossa contribuição? Como desenvolver uma ação pedagógica comprometida com a aprendizagem do aluno? O que fazer com essa rotina acadêmica de passar trabalhos para melhorar notas? Como essa prática pode contribuir para formar alunos críticos e criativos? Cidadãos? Profissionais competentes? Detentores do conhecimento?  Veio-me a mente Rubens Alves, ao referir-se sobre a formação do educador daquilo que poderíamos ser se não tivéssemos sido domesticados em Conversas com quem gosta de ensinar.[1]
Ao chegar à sala dos professores, tomando um cafezinho, silenciosamente pensei.  Quem sabe, a minha postura poderia servir de reflexão para meus alunos?  Era uma incógnita. Mas eu tinha uma certeza, como educadora, de que não desistiria de minhas convicções.

5. VALEU A PENA.

Era dia de prova. Muitas das alunas pareciam tensas, algumas roíam as unhas, outras balançavam negativamente a caleça como se estivessem confusas. Outras mexiam nas anotações, espalhando papel derrubando canetas. O frenesi se espalhara, as cadeiras se juntavam estrategicamente. O cenário me parecera familiar. Sentia porem, aquela sensação estranha e desconfortante. Perguntava-me a razão de tudo aquilo, exacerbado naquele quadro atabalhoado.
            Olhei atenta para sala e pasma perguntara:
            -Gente, o que é isso? Porque tamanha confusão?
            De pronto, uma aluna replicou, como que traduzindo o sentimento da turma...
            -Professora será que poderíamos fazer a prova noutro dia? Não deu tempo para estudar. No outro horário vamos fazer outra avaliação. Está todo mundo tenso.
            Parei. De súbito olhei para a turma. O que vi não me deixou sossegada; muito pelo contrário, parecia que aqueles olhos atentos me perscrutavam, conseguiam me ver por dentro. Certamente que essa sensação não foi agradável. Pensara naquela ocasião o que eu deveria fazer? Ceder? Radicalizar? Fazer valer meu calendário. Outros pensamentos afloram rapidamente. Será que não estão dando a devida importância as minhas aulas? Não estão me chantageando? Não estaria eu fazendo um pacto com eles?
            Respirei profundamente, tentando encontrar uma resposta, fitei a turma. E, como um flash, percebi: Meu Deus! Que grande equívoco estou cometendo, não são meus inimigos e nem estou num campo de batalha por uma causa vã.  Esse sentimento tomou conta de mim e senti o prazer por ter compreendido que aquele era um desses raros instantes, imprevisível, mas cheio de possibilidades. O que, minutos atrás, me parecera conflituoso, agora tinha um significado diferente.  
Foi quando falei. Mas já com convicção do que faria naquela circunstância, que minutos atrás, me fora conflituosa e agora tinha um significado diferente.
            -Tudo bem, creio que não é necessário tanto sofrimento. Porque não aproveitarmos então? Que tal realizarmos alguma vivência que lhes possibilite relaxar?  A avaliação fica para segunda feira. Essa proposta, que eu já sabia, irrefutável. Causou espanto, e alguém falou;
-Professora, não é que a senhora, entendeu. Puxa vida!
            Daí então, pela experiência que tinha em dinâmica de grupo realizei alguns jogos lúdicos. Os alunos participaram laboriosamente. Vivificaram os exercícios como que saboreassem algo delicioso.
            Assim naquela noite, sai com a sensação de que tinha valido a pena mudar o rumo das coisas.
            Na aula seguinte, o dia da prova. Eis a minha surpresa. Os alunos se mostravam tranquilas, como que esperando serenamente o ritual conhecido. Perguntei como se sentiam e responderam, em coro, que estavam bem.
            A avaliação aconteceu sem supressas, aos poucos, foram entregando as provas, de quando em vez, alguém olhava para sua prova, com aquele ar de tarefa cumprida. Silenciosamente a classe foi ficando vazia. Uma aluna demorara mais que as outras. Eram 20.30 pm.
            Sai da sala, com as mãos ocupadas com o material dos alunos.  Enquanto descia a rampa, fui pensando na minha trajetória de muitos anos de professora, revi fatos similares, situações prazerosas, momentos inesperados e conclui que ainda vale a pena.

6. FATOS DO COTIDIANO


Eram 19.30 min. O calor estava infernal naquele mês de outubro. Os alunos se amontoavam debaixo dos ventiladores na sala de aula. Andando de um lado para o outro esforçava-me para que concentrassem sua atenção na apresentação: Avaliação da Aprendizagem. Preparava-os para assistirem a uma fita de vídeo de uma conferência de Luckesi sobre o assunto. Incitava-os a debater numa insistente e vã conversação didática.
 Que fiasco!
 Os alunos remexiam nas cadeiras e reclamavam do calor e das irritantes muriçocas. Enquanto o suor descia teimosamente, não conseguia disfarçar meu descontentamento. Com certeza não eram dos meus melhores dias. O tempo preguiçosamente arrastava-se e eu aflita olhava o relógio desejando que fosse tão veloz quanto os pássaros em revoada. Que nada! Implacavelmente ele seguia seu curso normal.
Rompendo com as regras, uma aluna levantou-se desajeitadamente e disse, num tom de indignação misturada à irritação:
            -Professora, isso é um absurdo. Estamos sufocando e a senhora fica aí sem dar à mínima. Vou sair não aguento mais.
Dizendo isso apanhou sua bolsa e o material de estudo retirando-se precipitadamente da sala. Ela estava sentada nas ultimas fileiras de carteiras longe dos ventiladores, que se moviam em rodopios lentos.
A sala silenciou e todos fixaram o olhar na professora que por acaso era eu, observando minha reação. A essa altura, alguns já cochichavam e olhavam de soslaio, desconfiados, ansiosos. O que a professora responderia? Constatei que essa era a questão emergente e respirei profundamente. Já não me causavam espanto reações dessa natureza, mesmo porque tinham razão. O calor estava insuportável. Entretanto a aula ainda não terminara e mandava o bom senso, bem como o compromisso profissional, que eu concluísse meu trabalho. Mas o que fazer? Insistir na permanência ou haveria alternativa, cogitava.
            Parei. Já molhada de suor, coberta de giz, rouca porque precisava falar bem alto para a turma escutar uma vez que a sala era comprida e era uma turma de 54 alunos. Já imaginaram? 54 alunos, predominantemente jovens. Quanta energia acumulada!  Num relance, fiz a escolha que me pareceu adequada à situação:
            -Bem eu tenho uma ideia! Já que estudávamos Luckesi e discutíamos sobre avaliação vou pedir que cada um discorra sobre o seguinte tema;

Como eu me senti hoje na sala de aula.  Quais os fatores que interferiram no desempenho dos alunos e do professor?  Quais as sugestões para o enfrentamento dessas questões?

-Como o calor está muito forte, vocês podem sair e escolher um lugar para escrever, na biblioteca, por exemplo.  O trabalho é individual. Quando terminarem, me entreguem. Estarei aguardando na sala dos professores. Amanhã trabalharemos com este material, estabelecendo uma relação com o tema em pauta.
Jesus! Os alunos concordaram de imediato, pareciam aliviados. Os corpos jovens transpiravam e eles, ansiosos, saíram apressadamente.
Fui para a sala de professores. Ar condicionado. Que beleza! O ar fresco naquela ocasião parecia uma dádiva dos céus. Aproveitei a ocasião para reler o material e fazer anotações.
             Às 20.30 min, a secretária do curso me avisou que alguns alunos queriam falar comigo. Para minha surpresa eles me traziam um picolé de tangerina. Agradeci a gentileza.
            Nessa ocasião alguém falou em nome da turma.
-É a seguinte professora. Resolvemos abrir o jogo. Tentamos fazer o trabalho, mas não conseguimos. Estávamos dispersos. A senhora entende? Perguntara um dos alunos com um jeito matreiro.
Lembrei-me do tempo de colégio quando as freiras nos repreendiam e nós fazíamos de conta que não entendíamos.
Foi nessa ocasião que uma aluna, meio assustada, replicou:
-Nós fizemos, estão aqui.  E expressando um certo ar de sobressalto entregou o material.  As alunas saíram apressadas e pareciam constrangidas por terem cumprido a tarefa. Percebi o que era compreensível naquele contexto, como o grupo exerce uma pressão, mesmo que sutil.
            Sem demora respondi prontamente:
            -Tudo bem! Acontece que na próxima aula iremos debater o tema. Foi uma proposta aceita por todos.  Caso não tenham finalizado o trabalho na universidade, escreva em qualquer hora e em qualquer lugar. Isso agora não importa. O fundamental é que reflitam sobre essa questão, e aproveitem fazer uma avaliação sobre suas atitudes enquanto alunos e sobre minha postura enquanto professora nesta situação inusitada.  Não esperem punição para os que ainda não escreveram nem tampouco premiação para os que já entregaram o trabalho. Está certo?  Receberei na quarta-feira. Tchau!
Dizendo isso, saí de mansinho, sem alarde, sem rancores, mesmo porque também fui protagonista dessa história na medida em que apresentei uma sugestão praticamente irrefutável.  Na verdade, não fiquei surpresa com o fato. Já presenciei outros semelhantes!  Retirei-me pensativa.
Os alunos dispersaram, nenhuma pergunta. Pareceram satisfeitos com a proposta. Nada de tumulto ou coisa parecida.
Voltei à sala dos professores. Sentada, organizei minhas anotações, textos e outros materiais. Teria muito o que discutir na próxima aula, inclusive minhas reflexões sobre o acontecido.
Eram 21:00 horas. Iria começar outra aula. Horário CD.  E o clima permanecia quente e abafado.
E agora professora?

7. PLANEJAMENTO ESCOLAR: UM TRAJETO PARTICIPATIVO

Um alvoroço. Todos falavam ao mesmo tempo.  O tema era por demais interessante: o planejamento escolar.
Perguntava-lhes: - Por que planejar?
Pausa... Um silêncio incômodo. Cabeças baixas, resmungos e comentários paralelos aliados às expressões de desagrado. Retomamos com a questão que levara às mais diferentes reações: Planejamento escolar. Nesse trajeto discursivo ouvi interessantes indagações e extremadas posições:

-Nós só vamos para as chamadas reuniões de planejamento porque é o jeito.  Não seria necessário o dia todo para copiar o plano, pois já tenho muito tempo de trabalho como professora... Menina, às vezes eu telefono e eu tomo conhecimento da reunião... É sempre é a mesma coisa… A coordenadora pedagógica não diz nada, só reclama! Às vezes, traz tudo pronto para executarmos...
- Interessante, em minha escola nós discutimos em conjunto e elaborarmos nossas atividades. Com a elaboração do projeto pedagógico a gente aprendeu a trabalhar em parceria...
- O diretor fez um convênio com uma consultoria de São Paulo, mas, só executamos o planejamento e deixam claro nosso papel: Tem ser como eles disseram...  Há! Eu desaprendi, é tanta novidade mal contada que eu não sei por onde começar. Puxa vida, um processo que eu só executo. Tudo isso só para no arranjar mais trabalho.
- Os treinamentos são rápidos e nós temos que nos virar. Não sei como vou trabalhar em ciclos se não sei nem o que realmente significa. Como vou planejar o que eu não sei fazer? Eles são ótimos para cobrar, mas péssimos para orientar.
           
As falas dos alunos me instigaram. Resolvi então, investigar as representações sociais que os alunos tinham sobre o processo de planejamento. E comecei a minha aventura pedagógica .

            1. Etapa:
            Solicitei que mostrassem, através do desenho, o que sentiam sobre o planejamento escolar. Assim o fizeram.
2. Etapa:
 Orientei que cada uma escrevesse sobre as dúvidas, as expectativas, as experiências que tinham com o planejamento escolar recomendando que não se preocupassem com a forma, mas sim com as ideias e o fizessem sem censuras. Era uma espécie de tempestade mental escrita e individual.
            3. Etapa:
Terminada a tarefa, mais uma vez fiz uma solicitação, só que desta feita, pedi que cada um tentasse reorganizar o texto. Alguns sussurros em sala, algumas manifestações de cansaço, outras de resistência alegando dificuldades em escrever. Insisti. Concluíram a tarefa em sala. Levei a produção dos alunos para casa comprometendo-me a discutir no próximo encontro.

Os desenhos continham:

Estrada, cadeira quebrada, relógio, esboço de uma fábrica, um dedo apontado para uma figura humana de joelho, espirais, túnel ao final, portas abertas, grupos de pessoas em círculo com presença de alguém coordenando, grupo de professores no mesmo plano, árvores, pontos de interrogação, pontos de exclamação, plantas de casa e muitas outras...

Processando a análise dos desenhos encontrei, sob minha ótica, diferentes sentimentos:

Medo, abertura, resistência, rotina, desesperança, descrédito, submissão, dúvida, crença, entusiasmo, desencanto, alegria, amargura, revolta.

Nessa leitura analítica constatei 70% dos desenhos refletiam sentimentos negativos e somente 30% expressavam forte dose de otimismo.
Com relação aos textos, o material traduzia uma significativa relação com os desenhos. 90% das produções refletiam um mal-estar visível, principalmente, ao destacar as enfadonhas reuniões de planejamento. Expressão recorrente nos trabalhos escritos.
 No encontro seguinte discutimos sobre o conteúdo do trabalho (desenhos e textos). Foi um sucesso! Na verdade, o debate possibilitou a revisão sobre os conceitos apreendidos ao longo da prática pedagógica massacrada por modelos tradicionais e tecnicistas, onde o professor teria que ser um profissional de conteúdos e ou um técnico, longe de ser um educador com as competências necessárias ao desenvolvimento de seu trabalho pedagógico.
Debatemos sobre política educacional, a LDB, os PCNS, as Diretrizes Curriculares, os encontros nacionais, o provão das universidades, o ENEN, os Institutos Superiores de Educação, a reforma do curso de Pedagogia, as novas competências profissionais na área de educação, as novas exigências com relação ao professor, a corrida desenfreada de professores para universidade, pressionados pela exigência legal. E o que esse contexto atual tem gerado?  Conflitos? Má qualidade na formação de professores?
Assim fomos percorrendo um trajeto discursivo estimulados a aprofundar estudos em torno desta temática.
Questionava com eles:
Por quê? Perguntava: - Como traduzir no cotidiano da sala de aula, numa realidade micro, a presença destas amplas questões? Como entender que tais reflexões fazem parte de um grande jogo de interesse ideológicos, políticos, sociais e que não são apenas de âmbito nacional, regional, estadual e ou municipal, mas reflete um mundo globalizado que determina os rumos da educação, especialmente nos países em desenvolvimento? Em que as regras da mundialização da economia, do avanço do neto - liberalismo tem contribuído para a mudança de paradigmas? Qual a relação do tema com essas questões amplas? Qual o seu tamanho?
 Nesse cenário de debates, inseri elementos conceituais sobre planejamento, seus pressupostos teóricos, metodológicos, políticos, econômicos e históricos e as novas exigências educacionais.
Ratifiquei que planejar não significa tão somente antever uma ação, sistematizar tarefas, organizar atividades do tempo, definir conteúdos e selecionar objetivos numa linguagem predominantemente instrumental, acrítica, retratando um fazer estático, burocrático e alienado desvinculado de uma visão mais ampla do processo educativo.
Ah! Tem mais!  Decidimos aprofundar o tema, ler os autores que discutem essa questão e, sobretudo relacionar com outros saberes numa tentativa de reconhecer a interdisciplinaridade do conhecimento.
Concluímos evidenciando a importância e a necessidade de ressignificar a prática de planejamento nas escolas reconhecendo que é essencial a construção de novos saberes e de novas práticas pedagógicas.

8. As murmurações


Estávamos todas nos despedindo de mais uma jornada de trabalho. Parei e iniciei uma reflexão a partir de um depoimento de uma aluna sobre sua experiência com crianças autistas. Foi um momento emocionante. Dizia a aluna que as crianças lhes tinham ensinado a amar a diferença sem fazer a diferença. Raro momento de constatação da beleza do que significa amar. Assim foi ela solta, livre, discorrendo sobre os abraços, sobre as mais diversas formas de expressão de amor: dos pais, dos professores, psicólogos, enfim daqueles que fizeram uma opção profissional e porque não dizer uma opção de vida, ao lidar com crianças em condições especiais.
A partir daí iniciamos uma reflexão sobre o cotidiano das salas de aulas... e vimos crianças desprotegidas, inquietas e manifestando pedidos diferentes de ajuda. Observamos quanto cansaço descrito pelas professoras que resmungando repetem frases ”Eu não aguento esses meninos... sãos os endiabrados’ vimos réguas batendo nas cadeiras, mãos frenéticas pedindo silencio, vozes sumidas de desencanto... era um cenário triste e descolorido. Ouvimos vindo de não muito longe, professores reclamando do salário, das horas nãos dormidos, dos cadernos para corrigir, das desalinhadas letras dos alunos e dos que não aprendem... e tantas e tantas reclamações que nos encheram a vista de tristeza. Um silêncio na sala!
Então falamos sobre a importância de termos atitudes amorosas, acolhedoras e, foi a partir desse instante que também vimos crianças entregando bilhetes afetivos para as estagiárias, abraços calorosos de saudade. Sem dúvida que visualizamos crianças que encontraram nas professoras, suas companheiras e ouvintes atentas aos seus reclamos infantis. Mãos que afagam gestos que acolhem posturas abertas e atenciosas.
              Pensando nesse cenário reconhecemos a complexidade do processo educativo, muitas vezes marcados por desencontros, pela rede intricada de relações humanas, das formas confusas de transmitir saberes, muitas das vezes, obsoletos na essência e modernos na aparência. Percebemos quantas horas desperdiçadas com uma infância e uma juventude que precisa da atenção dos professores, dos governantes e dos seus pais inseridos no modelo de exclusão social.  Constamos, com firmeza, que educar vai mais adiante do que informar.
Por outro lado, falamos da greve dos professores, daqueles que tentam se organizar e dos que se alimentam   de nossa fragilidade política, do sadismo dos têm o poder e dos que aprenderam a se servir dele.
Tantos fatos, cenas, circunstancias mil nos revelando um quadro difícil de se enfrentar, mas impossível de se negar.
Contamos nossas histórias individuais, de investidas fracassadas, aventuras pedagógicas deslumbrantes e assim, sem fazer alarde, resgatamos os sonhos perdidos e reafirmamos nossa crença na educação. Não, é claro, numa perspectiva ingênua, mas na consciência da importância de fortalecer as organizações de classe, de sermos guerreiros corajosos e não heróis anônimos. Reafirmamos a significativa importância de revestirmos nossas ações com os pensamentos de filósofos, de sociólogos, pedagogos, daqueles que estudam, pensam sobre a realidade e que mediam saberes necessários à compreensão do mundo.
Falamos sobre currículo, interdisciplinaridade e transdisciplinar idade. Busquei Edgar Morri com o conceito de complexidade. Recomendamos a leitura de Isabel Cristina Petra lia – Edgar Morri a Educação e a Complexidade do Ser e do saber. Trouxemos ainda para nossa sala de aula, Paulo Freire, Freud, Gramsci, Piaget, Sócrates, Platão, Fanucou. Hoffman, principalmente o último quando tratamos com os estigmas presentes em nossa prática.
            Discutimos sobre os novos autores nas áreas, sobre as novas competências do professor e nos perguntamos se não estaríamos vivendo um neo-tecnicismo travestido de progressista.  Por outro lado, procuramos nas entrelinhas enxergar os traços do poder, da hegemonia dos que trabalham contra justiça social, contra a inclusão. Calorosamente defendemos os ideais de uma sociedade justa. Lembramos de Irmã Dulce, Maria Teresa de Calcutá, do voo da águia de Leonardo Boff do saber cuidar e de atos generosos. Foram eles os lembrados, dentre de tantos outros que contribuem com a reflexão sobre a sociedade atual, sobre um mundo globalizado, invadido pela droga, pela aids, pela irresponsabilidade social, pela mídia.
Lembramos também dos grupos de autoajuda, das sociedades abertas, dos mutirões solidários daqueles que na madrugada fazem o sopão, dos que dão carinho a tantas pessoas e conseguem entender que viemos ao mundo não só para viver nossa vida pequena, mas, sobretudo para servir aos outros. Essa é uma tarefa humana. Assim, construímos uma teia temática tecida com fios de esperança.
            Enfim isto aconteceu numa sala de aula, com professores do ensino fundamental.
E ainda dizem que dar aula é fácil?

9. Breves comentários

Estivemos discutindo, em uma das reuniões pedagógicas de Unifor, um tema por demais inquietante – Avaliação da Aprendizagem – não só pelo que representa na atividade docente, como, também, pelo que significa para os alunos.
É claro que não chegamos a conclusões, mesmo porque não era o objetivo da reunião. Entretanto, ao introduzirmos as ideias de Luckesi, tivemos oportunidade de refletir sobre nossas experiências em avaliação de aprendizagem, a partir das concepções apresentadas pelo conferencista. 
Vários argumentos foram expostos e posições confrontadas no espaço aberto que o debate propicia essencial para os docentes e gestores da universidade.
Destacamos, em particular, aspectos que nos chamaram a atenção, ao fazermos um recorte analítico no amplo campo temático da avaliação.
Em primeiro lugar, a avaliação continua sendo um dos grandes problemas para nós, professores, que, de uma maneira geral, não estamos preparados pedagogicamente para utilizar procedimentos avaliativos e elaborar instrumentos de mensuração, estabelecendo, inclusive, suas diferenças. Em segundo lugar, por termos internalizado conceitos e concepções de educação, expressamos atitudes conversadoras e/ou predominantemente técnicas.
O tema, evidentemente, é complexo. O foco de nossa atenção deve ser o aluno, sua formação e seu aperfeiçoamento. Dito isto, alertamos para a relação entre Educação e Conhecimento. Educação, que comporta a formação de valores, atitudes, convicções, hábitos e habilidades. Conhecimento, que compreende o saber acumulado historicamente, a pesquisa, a ciência.
Como estabelecer esta relação e o que isto tem a ver com a avaliação? Defendemos que a Universidade deve, ao mesmo tempo em que produzir conhecimentos, formar cidadãos críticos, criativos éticos, flexíveis e participativos, o que é mais importante do que averiguar, classificar, selecionar e categorizar – aspectos concernentes à avaliação exclusivamente classificatória. Seu papel é criar condições para que se torne possível o aluno reconhecer suas dificuldades na perspectiva de sua superação e da compreensão de suas possibilidades de aprender a elaborar conhecimentos. Circunscritos nessa situação, professor e aluno podem estabelecer uma relação de dialogo e interação, na busca de alternativas para o alcance de resultados de qualidades, como bem diz Luckesi.
Esta concepção diagnóstica e processual de avaliação pode parecer ingênua, piegas e inadequada para nossas realidades acadêmica, onde prevalece à descrença que tem dificultado relações de proximidade entre aluno e professor. Muito embora as condições sejam em partes adversas, discordamos quando se desqualifica o diálogo e a atitude aberta à diferença, afirmando ser este um recurso ingênuo, não científico. Isto, sim, nos parece ser um foco de resistência.
Pasmem, mas nós, professores, ainda não nos demos conta, de que os jovens que ingressam na Universidade, em sua grande maioria, são adolescentes, “sujeitos em condição peculiar de desenvolvimento”, de acordo com a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e que exercemos forte influência em sua formação. Esta constatação deveria levar-nos a questionar nossos paradigmas de educação e de avaliação de aprendizagem.
E qual tem sido nosso papel? Reproduzir a classificação, a descriminação, a seletividade desigual, a passividade ou a docilidade? Estamos preparando os jovens para serem sujeitos ativos na sociedade, tendo consciência de suas potencialidades para inserir-se no mundo do trabalho, com domínio técnico, como cidadãos éticos e críticos, capazes de construir uma sociedade mais solidária e de exercerem sua cidadania?
Estamos preparando os jovens para enfrentar as dificuldades e as incertezas da vida? Compreender a unidade complexa da natureza humana? Perceber a necessidade de aprender a ler o implícito? Ter consciência do finito?
Necessariamente, cabem outras reflexões. Qual o modelo de avaliação da academia? Quais os pressupostos fundantes da concepção de avaliação instituída? Pensamos ser o momento do debate aberto, alargando nossa visão para alcançarmos outras referências que, em seu sentido maior, possam nos ajudar a pensar sobre a atividade docente na Universidade.
Tais indagações nos convocam a aprofundar a análise do cotidiano pedagógico, da gestão universitária, de nossos rituais acadêmicos, das formas de avaliação usualmente utilizadas e da postura assumida com nossos alunos no processo de ensino-aprendizagem.

10. Estudar. Para que?

Era um dia como qualquer outro. Isabel estudava no seu quarto. Os livros espalhados em sua cama mostravam suas investidas Era um frenesi acadêmico. Uma espécie de gula. Lia um livro, procurava os dicionários de filosofia, sociologia, economia para poder entender o autor. Tudo se tornava enfadonho e cansativo. Ela se pergunta: para que tudo aquilo? O professor exigia muita leitura, cobrava nas provas e daí? Em que esse tipo de conhecimento contribuiria para melhorar sua vida? Em que estes conteúdos estavam interferindo no seu olhar sobre o mundo? Não sabia ainda responder.
Resolveu ouvir música clássica, poderia aliviar a tensão. Vivaldi... Gostava muito de ouvi-lo. Debruçou-se novamente sobre os livros. Folheou os textos, fez anotações, releu algumas das passagens sobre Vygotsky, Piaget e, assim foi indo. Que vida! Estudar sem ter a experiência, fica um tanto quanto difícil. Bom para as alunas que já trabalham nas escolas. Estas poderiam olhar para dentro, para o interior das instituições e analisar suas práticas. Mas, ela, pobre estudante!  Não sabia o que era a escola, a não ser como aluna. Ah! Bons tempos o de aluna. A professora magrinha, D. Gorete, sempre de voz mansa a pedir silêncio e a turma fingindo que não ouvia. Livros espalhados nas carteiras. Tudo era motivo de júbilo. Mas D. Margarida, terna presença, Não deixava passar nada, pedia silêncio batendo com a régua na mesa. Regozijo na hora do recreio. Como nos divertíamos... Comer pipoca, jogar queimado, carimbo, pular de corda e paquerar com os meninos. Venturoso tempo!
            Insight!  Valéria deu- se conta que poderia, à distância, ter um olhar diferente, de estranhamento e percebeu que sua escola tinha normas, horários, regras, metodologia, reuniões de pais, castigos e premiações. Observou que aprendera português através de leituras repetidas, de uma enxurrada de cópias e ditados. Notou que a Geografia e a História eram matérias tidas como decorativas e a Matemática significava um verdadeiro massacre.
Viu o currículo oculto expresso nas atitudes padronizadas dos professores e alunos, os pactos escondidos, as falas autoritárias, continuando sua travessia, viram também suas manhãs de estudo em equipe e das aulas monótonas do rígido e mirrado professor de história. Os enfadonhos questionários!  Não aprendera muita coisa dessa disciplina.  E as lições de casa do professor de Inglês na 6o série? Esse foi um tempo difícil. Era um senhor de barba e bigode. Estranho relacionamento. Ninguém o conhecia mais de perto. O engomado mestre, hirto, fazia questão de se manter distante. Poxa! Era totalmente diferente da professora Joana, que ensinava Educação Artística. Aquela era uma mulher e tanto! Além de fazer uma bela confusão estética com a música e a pintura, tinha um espirito jovial, um jeito matreiro e um bom relacionamento.  E o Diretor, quase sempre sisudo quando via a expansiva alegria, confundida com indisciplina. O bedel, quase sempre atento, denunciava cheio de poder, as transgressões juvenis. Que desperdício!
Perplexa, espiou, na sua caminhada histórica, o colégio de 2o grau!  Principalmente nas 2o e 3o séries.  Deus meu! Era um festival de “medalhões” metidos a engraçados, contando as repisadas piadas e perpetuando as mesmas brincadeiras extravagantes.  Era um maneirismo só.  Salvo raras exceções, os professores não faziam a diferença. Que mesmice! Revelada no formato “engessado” do ensino de caráter propedêutico. Apostilhas, corujões, bizus.  Um martírio imposto pelos recrutadores do vestibular. Era a sina dos jovens em que os pais depositaram seus sonhos juvenis. O que fazer?
Márcia esgotada do percurso intrigante voltou a pensar no trabalho que tinha de entregar. O professor exigira, afirmando que era para a nota. Curiosamente, ele não se referia a aprender.  Só repetia, incessantemente, que o trabalho valia dois pontos.

11. IDAS E VINDAS


Eram 10 horas da manhã.
Estávamos discutindo sobre questões relacionadas à educação. Falávamos na ocasião sobre o fazer didático, a prática do professor como facilitador da aprendizagem, a formação do educador, o papel do professor como investigador e a construção do conhecimento. 
A turma era constituída de alunos do curso de Pedagogia. Eram todas mulheres, professoras com experiência em educação infantil, entusiasmadas com sua prática com crianças. Naquela ocasião, algumas expressaram seus receios e suas dúvidas, as queixas familiares, as exigências dos gestores escolares, os salários defasados e as expectativas da classe.
Entretanto, algo me chamou atenção: A alegria que contagiava quando descreviam suas experiências. O brilho nos olhos denunciava a paixão incontida pelo que faziam. Claro, que nem todas expressavam tal olhar iluminado. Contudo, num processo de ida e vinda, traziam para o presente, na sala de aula, suas descobertas como professoras. Riam, gesticulavam, dançavam, teatralizavam, jogavam com as palavras e o corpo, suas experiências.  Esse cenário me fez resgatar meu tempo no antigo primário, onde cantando e dançando aprendi com as meninas do grupo escolar o que significava ser professora. Nessa ocasião, trouxe à tona, emoções quase esquecidas e compartilhei então os mesmos risos incontidos, as canções infantis o sentimento de regozijo. Foi um estardalhaço. As lembranças saltitavam e espalhavam-se na sala. Não há como descrever a sutileza do momento, pois transcende a narrativa, porque ainda que tente expressar com entusiasmo o momento, tenho certeza que as palavras não são suficientemente cheias daquelas emoções singulares, do instante primoroso.
            Vejam só! Íamos e voltávamos no tempo e nessas idas e vindas recordávamos fatos cotidianos e repuxávamos lembranças de cenas sutis, ingênuas.  Sentíamos a presença de crianças puxando as saias, querendo sentar ao lado da tia, pedindo atenção, abraçando e entregando bilhetinhos cheios de amor. Lembrávamos de mãos pequeninas nos segurando os braços e reclamando por atenção, revíamos as festas juninas, os folguedos, as canções infantis, as brincadeiras de roda, as datas festivas, enfim recordações, ora de fatos recentes, ora longínquos.  Foi magistral.
Sem nos questionarmos, nos sentíamos invadidas pela paixão de ensinar, confirmando e declarando, em nossas revelações fagueiras, que educar é um ato de amor.

















2
 MEMÓRIAS:
 SIGNIFICADOS DE EXPERIÊNCIAS







Nos bancos da escola me ensinaram
Muitas coisas.
Mas não me disseram coisas essenciais à
Minha condição humana.
O HOMEN NÃO FAZIA PARTE DO PROGRAMA.

Paulo Mendes Campo


Em alguns dos cursos de Dinâmica de Grupo e outros equivalentes, solicitava aos meus alunos que fizessem um memorial da disciplina registrando suas experiências[2]. Destacava que ao elaborar o registro memorial[3] recorressem aos sentimentos, emoções, situações de aprendizagem, e às descobertas acontecidas no processo, enfim, aos aspectos que considerassem importante registrar. Insistia em afirmar que não significaria escrever um relatório acadêmico e formal das atividades do curso.  Explicava que gostaria de conhecer como cada um[4] tinha vivenciado as experiências em sala de aula, ora compartilhado, ora processando suas emoções, suas dúvidas, suas revelações e aprendizagem. Durante esse tempo fui mobilizada pela natureza e a singularidade de cada trabalho e de cada experiência descrita por eles.
 Desenvolvi uma curiosidade na minha prática em Dinâmica de Grupo, na certeza de que poderia aprender com e a partir da experiência dos alunos. Assim, no intuito de fazer um percurso individual fui desenvolvendo um olhar atento para o educando como sujeito inserido numa realidade grupal, sujeito de relações.
Sustentada por esta crença individual, durante estes anos, como professora da disciplina em Dinâmica de Grupo na Universidade de Fortaleza e em outras experiências similares, buscamos avidamente aperfeiçoar a nossa ação educativa, tendo como referencial a produção dos alunos[5].
Os escritos punham em evidência: depoimentos não revelados em sala de aula, atitudes de descobertas, frustrações e medos relacionados com as dinâmicas grupais, sentimentos de alegria diante de insights, da produção textual, percepções de si e do grupo, dificuldades e resistências ao novo e ao diferente, compreensão da importância do trabalho em grupo, fortalecimento de vínculos afetivos, solidariedade, solidão, timidez, da satisfação em estar com os colegas, compreensão do que significam as relações humanas e muitos outros sentimentos e emoções, além da aprendizagem do processo grupal.
Aventurando-nos na investigação, na análise e no processamento de informações, guardamos durante anos o memorial dos cursos, legado histórico daqueles que compartilharam conosco dessa jornada acadêmica. A análise do vasto material coletado foi acontecendo durante o processo e ao final os dados foram agrupados em categorias, com finalidades de mostrar os diferentes momentos de aprendizagem que ocorrem em sala de aula, na esfera da ação docente quando se intermédia a técnica com a dimensão humana; o racional com o afeto. O saber com o saber-fazer, proporcionando a compreensão da diversidade e das possibilidades que o trabalho em grupo nos permite.
Eis, para apreciação dos leitores, os:


RECORTES DE MEMÓRIAS DOS ALUNOS E PARTICIPANTES[6]


a. Registros que expressam a percepção de si e do outro

Aprendemos muito com Dinâmica de Grupo. Principalmente a falar com mais desenvoltura. Isto foi surpreendente. (Ana, Unifor/1994).
Senti no início da aula um pouco de receio ao realizar uma dinâmica de integração.com o grupo. Fizemos uma roda e de mãos dadas cada pessoa iria para o centro dizer o seu nome várias vezes. Entrei em pânico, só pelo que eu teria que fazer. Chegou a minha vez, mas a professora foi para perto de mim e consegui falar o meu nome. No decorrer da aula consegui relaxar mais e senti depois uma sensação agradável ao conhecer o restante da turma onde tive oportunidade de fazer novas amizades. (Leda, Unifor/94).

Foi bem melhor meu comportamento em relação ao dia anterior, me senti mais à vontade, não temia ser preciso falar, ao contrário, quando a professora solicitava voluntários eu de imediato me apresentava, não tinha mais receio de expor meu ponto de vista, importante ou sem importância, o que eu dizia para mim era válido, foi mais legal (Leticia-  CENEC/1995).

A dinâmica da “Troca de um segredo” foi interessante. Tive a oportunidade de colocar dificuldades eu tenho diante de um grupo e escutar de meus colegas, opiniões, conselhos, e soluções para tais problemas. Tive oportunidade também de entrar nas dificuldades dos outros e tentar entender a todos. Foi bom saber que não sou só eu que tem dificuldades diante de um grupo. Não hesitei em dar conselhos e soluções e levar o problema como uma coisa natural entre os seres humanos (Lora Unifor/1996).

Enquanto andávamos pela sala dizíamos, cada um por vez, em voz alta, os sentimentos relacionados aquele momento do grupo (solilóquio- técnica psicodramática)[7].  Todos escutavam silenciosamente. Foi interessante expressar meus sentimentos e ouvir o dos outros. (Serena, Unifor/1996).

O incrível de tudo é que a professora nos faz pensar sobre coisas jamais imaginadas por nós. Imagina só, pensar sobre o que nosso nome significa. Foi interessante. Dei-me conta de minha identidade. Gostei dos comentários.              (Margarida – Unifor/1997).

No sociodrama[8], enquanto não fazia o papel de coordenadora, senti-me ótima. Na inverção dos papeis[9], senti uma aflição imensa por não ter somínio sobre o grupo. Mesmo fazendo ameaças ou gritando, é estressante, Mas é uma experiência riquíssima. Analisamos o processo. Foi legal. (Celma – Unifor/1995).

Fiz o papel de quem concordava com tudo e não Me senti bem. Não é uma posição confortável, pois a minha vontade era de tentar resolver alguma coisa e simplesmente não podia fazer. Refleti sobre o meu papel no grupo e como proceder, tratar e atuar em situações onde um grupo tem que decidir alguma coisa. (Dani – Unifor/1996).

A discussão sobre os papeis que assumimos na família, no trabalho, no lazer, na igreja, etc. tem sido uma riqueza ímpar, muito interessante do ponto de vista da reflexão sobre nós mesmos. Alguns se surpreendem com os papeis que assumem as dificuldades em experiêcialos.

Dramatização[10] sobre um ambiente bem real em nossas vidas, a ditadura. O interessante para mim nestas aulas esta sendo o confronto com uma realidade, vez que nós não conseguimos parar para pensar no nosso dia a dia é muito bom para refletir. (Márcia Barros-1997/Unifor).

Hoje tive uma experiência fantástica; tive a oportunidade de ser a facilitadora do grupo junto com duas amigas. Realizamos a vivência do “espelho, espelho meu”, onde tinha como objetivo reativar a autoestima de cada um e como perecebemos nosso corpo. (Lara-1997/Unifor).

A aula de hoje nos fez refletir sobre nossa imagem, como nos vemos nossas concepções de beleza. (Maria – Unifor/1997).

Não gostei do que vi! Resolvi me produzir. Coloquei brincos, saia colorida e uma pintura legal. Aí sim me senti bonita. (Lena – Unifor/1997).

O debate acerca do corpo humano como expessões de vida, de emoções, de preconceitos e tensões, revela o interesse dos alunos por essa temática.
Temos observado que trabalhar com o corpo é significativo para os jovens, principalmente porque vivem numa sociedade que “deifica” um tipo de beleza. Nessas ocasiões aproveito para discutir aos valores e os modelos de beleza, impostos pela mídia, na tentativa de desvelar os sentidos atribuídos ao corpo e suas consequências na sociedade geral.

Hoje a professora entregou uma folha de papel com vários tipos de adjetivos diferentes, e pediu que marcássemos com quais deles nos identificávamos.  Eu escolhi alguns e ela foi separando o grupo por escolhas. Só que o mais interessante foi que no decorrer da aula, descobri de que uma forma ou de outra em certos momentos eu possuo qualidades diferentes, dependendo da circunstancia e do momento. (Vânia – Unifor/1997).

Fiquei contente por ter escolhido esta cadeira e espero que a cada dia que passe eu aprenda coisas novas, que possam me ajudar como pessoa e como integrante de um grupo. Desde então tenho avaliado minhas atitudes (Vilma – Unifor/1998).

Desenhar o que mais o identifica como pessoa. Retrato da sua personalidade. Achei a aula muito legal, pois pude conhecer um pouco mais de mim e de cada um de nos. (Levi-1995/Unifor).

Uma das dinâmicas realizadas tocou-me de uma forma especial. Nesta dinâmica, percebi como dedico pouco tempo para observar pessoas. Não só olhar pra elas de relance, mas realmente procurar observá-las: olhar seus rostos, seus corpos, seus olhos que refletem de uma forma tão clara os sentimentos. Agora eu penso: Puxa! O quanto eu aprendi! Quanto eu perdi! Quantas pessoas passaram pela minha vida sem que eu tenha procurado conhecê-las de uma forma mais profunda! Quantas pessoas passaram por mim sem que eu nunca as tenha visto! (Estela – Unifor/1996).

Percebi que não tenho reservado tempo para minha família. Quase não consigo encontrá-los. Estou sempre apressada. (Val – Unifor/1996).

Tem sido construtivo analisar como os alunos a questão do tempo e a natureza da temporalidade social, cultural, humana. Observamos que os jovens estão, cada vez mais, consumidos por um tempo marcado pelo modelo capitalista, consumista. A noção de correr com o tempo, de aligeiramento das relações, está muito presente entre eles.

São relatos de pessoas que exprimem à solidão de suas vidas e peendemente a necessidade de conviver e dividir sentimentos. Do ponto de vista educacional, é inquietante verificar tais dificuldades, já que vivemos numa sociedade que privilegia a eficiência e exarceba o individualismo e a competição.

No inicio da dinâmica me senti um pouco acuada, ficava dizendo para mim mesma: “Se alguém me pega fazendo essas coisas”, mas depois, pela motivação do grupo me permiti este momento tão alegre e descontraído que possibilita conhecer o outro ser mais livre... Sorrir! Dando um sobressalto em tudo o que nos aprisiona para sermos nós mesmos. Está aí minha reflexão levada para casa. Preciso ser livre! (Cherri – Unifor/1997).

Pude relembrar momentos importantes que marcaram minha infância: os brinquedos, as cantigas de rodas, as brincadeiras, o meu animal de estimação, enfim voltei a ser criança novamente. Foi muito divertido, e não parava de pensar no bolo e refrigerante; identificando com essa criança que existe dentro de mim. (Mana – Unifor/1997).

Uma das análises mais frequentes nas aulas de Dinâmica de Grupo é quando os alunos estão participando de jogos lúdicos eles estão sempre se justificando. Entendo que dizem: brincar é coisa de criança. Atitudes de censura pessoal com relação aos momentos de ludicidade. Tentamos clarificar a imposição de modelos sociais, da sociedade do consumo, dos aspectos relacionados à alegria comprada pelas drogas, pelos “abadás”, pelas festas fabricadas.  Reflito sobre a importância da espontaneidade, da criticidade, das escolhas realizadas e da necessidade de estarmos atentos à nossa inserção social como sujeitos de classe.
No debate acerca do tema, incluímos estudos sobre jogos cooperativos e procedimentos utilizados em sala de aula que resgatam a alegria e a espontaneidade. É na esfera do cotidiano acadêmico que podemos introduzir o novo, o arrebatador, gestando a sociabilidade, de crítica e criatividade.

Era gostoso olhar para o colega e imaginar o que ele poderia gostar de ganhar, tentando conhece-lo e entende-lo um pouco mais. Gostei de fazer a escultura e presentear o meu colega foi também muito gratificante ver o que o amigo do outro lado tinha escolhido para lhe dar. (Solange – Unifor/1995).

A maioria das aulas são práticas. Além de tornar as aulas muito mais interessantes e dinâmicas, também esta me ajudando muito em relação à minha postura diante de um grupo. Pôr eu ser muito tímida, eu tenho uma dificuldade muito grande em me apresentar diante de um grupo e essas aulas e principalmente a própria professora, tem tido um papel muito importante para que eu perca esse medo diante do grupo. (Laurita – Unifor/1999).

É interessante observar como cada indivíduo reage de uma maneira muito própria a estímulos de integração em grupo. Há aquelas pessoas que são mais extrovertidas e que possuem uma facilidade maior de interagir que outras. Assim, apesar de ter desempenhado um papel bem característico de um observador, acrescentei novos conhecimentos com essa disciplina e acho que tem sido uma experiência muito interessante e de grande valia para todos. (Claudete – Unifor1995).

Essa dinâmica foi legal porque cada pessoa falou de alguma dificuldade, por exemplo: falar em público é minha grande dificuldade. O grupo debateu sobre todas as dificuldades de cada um e eu cheguei a uma conclusão que essa minha dificuldade é comum. Não e só minha. Eu sinto que estou melhorando muito. Já não fico tão vermelhinha em falar em público. (Clarisse-1996/Unifor).

Ao iniciar a dinâmica, eu estava muito nervosa, com muita vergonha de falar com pessoas desconhecidas, quem eu era. Para mim era uma situação nova e a medida que se aproximava da minha vez de falar, mais nervosa eu ficava. Quando chegou minha vez, o meu coração parecia que iria sair pela boca, falei com muita vergonha, eu quase não olhava para ninguém. Mas quando terminou, eu fui muito aplaudida e naquele momento, eu esqueci a vergonha, me dando muita coragem e vontade para fazer as próximas dinâmicas. (Manuela-1997/Unifor).

Para mim, tudo isto tem sido de grande importância, porque sempre tive um certo bloqueio em me comunicar em público (grifo nosso) isso sempre foi um problema para mim. Mas, agora estou sentindo que posso resolver, porque tenho aprendido a me comunicar e expor meus pontos de vista e principalmente falar de mim mesma que sempre foi um tabu para mim. (Fátima –Unifor/1995).

A timidez está quase sempre presente, em todas as turmas. É impressionante como os alunos tem revelado dificuldades em falar em público e em fazer amigos em sala de aula. Eles se queixam bastante da ausência de integração nas turmas, da despreocupação da maioria dos professores quanto a esse aspecto do relacionamento entre os colegas. É recomendável, do ponto de educativo, que se crie um ambiente favorável à participação dos alunos e que o professor faça intervenções no sentido de promover a interação e a integração do grupo.
Na análise dos dados, com relação a essa problemática, constatamos que mais de 80% dos alunos revelara dor e sofrimento dessa ordem.

Como memorial, ele pretende ser registro de momentos vividos, percebidos, sentidos e processados por mim durante todo o processo dos oito encontros. Estou chamando de encontro porque significa estar junto, reunir-se, ver, observar, trocar, sentir, participar, amar, compreender, conhecer através do silêncio, do movimento da palavra ou do gesto. (Vivi- Unifor/1999, pós-graduações).

A Dinâmica das reuniões e de assumir o papel do outro, ser ouvinte, trabalhar o silêncio, mexeu com todos. As reflexões extraídas dessas ações foram construídas, não só baseadas em teorias e também com vivências, práticas, construindo um saber com sabor (Mili – UVA/SENAT, 1999).
Neste dia me senti excluída do grupo, fiquei muito insegura e constrangida por estar representando um personagem que não combina com minha personalidade. Ao mesmo tempo, oi bom ter representado esse papel porque me fez sentir como uma pessoa que age desta maneira é tratada pelo grupo que a cerca. E até o momento desta dinâmica eu não tinha parado um instante para refletir sobre os sentimentos de uma pessoa que age assim. (Vânia – Unifor/1996).
Para mim o dia de hoje foi muito prazeroso, proveitoso e rico de conhecimentos. Senti-me feliz em poder expressar para o grupo um pouco de minha prática, assim como o de ouvir e respeitar minhas colegas, no momento em que colocavam seus depoimentos (Marrie – UVA/SENAT, 1999).

 Constatei, ao longo de minha leitura dos memoriais que há registros que demonstram sentimentos os mais variados e singulares. Expressões de encantos, medos, e, sobretudo, de reconhecimento da importância de estar com o grupo, de se conhecer, de aprofundar sua travessia pessoal em busca de si mesma. Referimo-nos aos especiais momentos em que os alunos me demonstravam o prazer de participar das aulas e de aprender a pensar sobre si mesmo. São relatos impregnados de emoção.
Escrever o memorial, para cada um deles representava um fazer um trabalho acadêmico especial.
A prática de leitura desse mos faz retomar processos e redimensionar dinâmicas realizadas durante os cursos. Foi uma aprendizagem original, considerando as normas, os horários, o tempo e o ambiente acadêmico.



  1. Registros que revelam as descobertas, os insights, a criatividade, sensibilidade, a abertura ao novo.

Gosto de fazer conexões daquilo que estou aprendendo hoje com que aprendi no passado. Essa forma de estabelecer me situa melhor no tempo e no espaço.
À medida que o tempo passa, mais tomo conhecimento de minha estranheza e me sinto entrar em contato com uma realidade de LONGE DESTE LOUCO E INSENTATO MUNDO. (filme da década de 60) (Márcio, UNIFOR, 99).

Redescobrindo numa brincadeira de roda
O olhar do outro irmão que tanto me atrai
A criança, a energia, a pessoa
E se soltar sem medo, sem culpa
Redescobrindo o sentir
O amor
Roda Viva (Márcio, Unifor/1999).

Tem-nos causado muitas surpresas as revelações dos alunos. Mergulhada na poesia contida nos escritos de alguns, me encanto e me esqueço da formalidade acadêmica e assim vou enveredando pelo caminho da descoberta do outro e da beleza da vida, da poesia, da criatividade e da arte. É permanente encontro com a dimensão estética do processo educativo.
Cabe ao professor, nesse contexto, organizar ambientes em que os alunos se percebam sujeitos capazes de criar e recriar, descobrie e reinventar formas de compreensão do mundo. É fundamental para o aluno, por sua vez, entender que a experiência humana não se limita à repetição de fatos e situações vivenciadas.

Cada um deveria escrever uma qualidade que admirávamos ou que desejássemos ter. Depois foram colocados os papeis dentro de uma caixa. Retiramos e fazíamos comentários sobre as mesas. Achei interessante porque nós ficamos nos conhecendo mais e fizemos uma reflexão sobre a vida, às atitudes e concluímos que alguns valores estão sendo esquecidos. (Sarita- Unifor/1997).

Gostei muito de conversar com meu colega de trabalho. Há anos trabalhamos no mesmo setor, e eu não tinha oportunidade de conversar sobre nós mesmo. Foi Legal (Judi - Coelce).

 Alguns participantes expressavam o distanciamento que ocorre no trabalho.  Referem, quase sempre, que as entidades se preocupam com a eficiência, e eficácia do atendimento ao cliente, a qualidade do produto e assim por diante. Enfatizam que as relações entre pessoas e grupos são frágeis, por conta da competitividade, do individualismo, e pelas questões inerentes ao modelo capital-trabalho.
Os debates giram em torno de temas como a distribuição de renda no Brasil, o desemprego e as alternativas de sobrevivência dos trabalhadores.

A aula de hoje foi à aula mais diferente que tive ate hoje. Eu já tinha tido raríssimas experiências parecidas com essa, mas nenhuma foi igual, isso tudo graças a garra da professora, pois caso contrario os alunos não teriam se entrosado daquela forma, se entregariam a timidez. É raro ter a oportunidade de dialogar com o outro. (Vivi-Unifor/1993).

 A Dinâmica de grupo é um recurso na educação, e uma forma de colaborar na construção cultural de um povo, de uma sociedade. Com os jogos[11] aprendemos regras, limites e obtêm-se objetivos claros, de forma consciente, voluntária e prazerosa. (Salina-1999/Unifor).

Fiquei encantada logo nos primeiros dias de aula com os métodos utilizados em sala para que acontecesse a integração do grupo. Aprendi a importância das relações grupais, de modo a enxergar o outro como um ser humano complexo e cheio de características distintas. Aprendi que a essência das relações deve constituir uma integração das diferenças em busca do conhecimento e crescimento individual e grupal. Com a vivência percebi a integração do grupo de forma cada vez mais intensa. Aprendi a relaxar dentro do grupo, conduzir, me deixar levar, agir espontaneamente e refletir sobre tudo isso, levando em conta as sensações que me foram despertadas e que me fez despertar. (Sarita-1999/Unifor).

Hoje a vivência foi surpreendente, pois no primeiro momento onde colocamos nossas características em um papel discutimos em dupla e depois íamos rodando até que todos falassem com todos, me surpreendeu pelo fato de todos não concordarem com as características que nos víamos. A percepção do outro foi diferente. E em relação a turma achei que foi descontraído e geralmente a característica mais comum era a timidez. (Querência-1996/Unifor).

Para mim foi inédito assistir uma dinâmica do tipo sociodrama. Foi oportuno presenciar a reação do ser humano, por trás de uma personagem, ver como a máscara cai, as pessoas se percebem, o seu ela mostra-se real através de uma vivência desta natureza. Gostei da análise do grupo (Canaã-1996/Unifor).

O uso de técnicas psicodramáticas como o sociodrama, o aquecimento, a construção de imagens oferece vantagens e serve a vários objetivos: analisar situações, rever atitudes, quebrar resistências, evidenciar preconceitos etc.

Hoje a dinâmica foi diferente, criativa e original. O cenário estava perfeito e as facilitadoras trabalharam super bem, fazendo o aquecimento correto, assim, dando um clima para a turma participar da dinâmica. Em seguida participamos com entusiasmo. (Marrie1996/Unifor).

Essa dinâmica foi muito mais especial para mim porque foi eu e a Norna- as monitoras dessa dinâmica e logo no começo tudo deu certo. Trabalhar em equipe com a Morna foi maravilhoso, ela é uma pessoa fantástica, meiga e dedicada E senti-me a pessoa mais feliz, mais capacitada modestamente quando vi a sala linda, não imaginei que seríamos capazes de fazer algo tão bonito. (Zazá 1996/Unifor).

Sensibilizamo-nos com as emoções e reações; conscientizamo-nos da necessidade de mudanças, reconhecemos nosso potencial de dificuldades, resgatamos nossa essência e criatividade, tudo para tornamo-nos pessoas melhores, com uso imprescindível da Dinâmica de Grupo. (Gegê- 1999/Unifor).

Resolvemos brincar de cabra cega, foi ótimo, pois voltamos a ser crianças, é superdivertido você brincar dentro de uma sala de aula só com adultos, é uma experiência maravilhosa que nunca nenhum professor havia me proporcionado. (Florista, Unifor/1996).

Os alunos de mãos dadas, olhos fechados. A professora vai falando, orientando para sentirmos as nossas mãos, imaginar uma luz penetrando em nosso corpo. Saí da sala me sentindo outra, depois de uma semana cansativa, estava exausta, o relax me proporcionou um bem-estar incrível, uma vez que aliviou todas as minhas tensões, parecia que eu tinha dormido profundamente e que acabava de acordar. Foi maravilhoso! (Venier - 1996/Unifor)

No segundo dia de dinâmica pensei que iria ter outra vivência animada, mas, quando a professora apagou as luzes, fechou a porta, ligou o som e pediu que todos procurassem relaxar, que ficássemos na posição mais confortável na cadeira, fiquei muito surpresa. Jamais pensei que em alguma disciplina da faculdade pudesse ter relaxamento, pois quase não tenho tempo para fazê-lo e acredito que todos que estavam na sala, também. A música era instrumental, linda! E pude relaxar bastante. (Jessiê-1996/Unifor).


Descobri também que se não tivermos concentração, atenção na conversa de outra pessoa vai ser difícil mantermos um relacionamento (Beni-1995/Unifor).

É interessante, na vida em que levamos participar de uma aula de Dinâmica em que você de repente pode parar relaxar e ficar desenhando as pessoas é muito raro. (Dussiê-1996/Unifor).

Essa dinâmica foi muito interessante, pois trabalhou com nossa criatividade, raciocínio rápido e imediato para solucionar certas casualidades que estamos sujeitos a passar. O grupão dividido em grupos se saiu muito bem solucionando os problemas no qual foi entregue a cada grupo, procurando outras soluções para os outros grupos. (Barman-1996/Unifor).

Foi maravilhoso! Nunca temos muito tempo e as vezes nem coragem o bastante, ou até mesmo humildade em falar para alguém o quanto ela e especial, ou alguma qualidade que é percebida nela. E acho que esta dinâmica nos permitiu isso, unir ainda mais a amizade que brotou em cada um dentro desta sala. Esta foi, em minha opinião, a dinâmica que mais me encantou, eu me emocionei muito, foi algo que marcou demais em mim, algo inexplicável (Lessie-1997/Unifor).

Esta dinâmica me emocionou muito, pois pude ter a certeza de que plantei alguns frutos de amizades e que notei que estavam crescendo realmente o que me deixou muito felizes. Assim como pude também expressar, transmitir coisas boas para as três pessoas que escolhi, apesar de que em nosso dia a dia e tão difícil ter este tipo de relacionamento com alguém, ou seja, expressar verbalmente aquilo que queremos oferecer a esta pessoa. (Lili-1997/Unifor).

A emoção se revela em vivências de sensibilização, criatividade, jogos dramáticos que possibilitem as revelações, as descobertas de si e dos outros. É interessante constatar a importância de trabalhar com jogos que proporcionem a vivência do encontro, da integração grupal. O importante para um profissional de grupo é ter consciência de seus limites profissionais e dos riscos presentes no processo grupal.  Para não desencadear situações que ele não possa administrar com segurança.

No inicio foi muito difícil encarar um grupo tão heterogêneo e realizar as vivências com estas pessoas que eu nunca tinha visto, salvo dois alunos que eu já conhecia. O bloqueio em relação a esta convivência mais próxima com os colegas foi implantado pela própria universidade, que através do seu sistema semestral não permite que haja um vinculo maior entre as pessoas. Você acaba se acomodando com a situação e não percebe que o tempo passa e você não conhece. Às vezes não sabe nem o nome de pessoas que dividiram a mesma sala com você. E eu me dei conta disso agora, no quarto ano do meu curso. Com quantas pessoas eu já estudei e não sei sequer o nome? (Angel 1999/Unifor).

As vivências me possibilitaram criar respostas espontâneas, desinibição, integração, sensibilização e uma reflexão de que realmente somos num grupo. Passei a aceitar melhor e ver de forma mais o meu papel em toda extensão humana. Desarmei-me para ouvir, sentir e enxergar a mim e aos outros. Percebi através dos sentimentos a leveza de ser grupo apesar de existir tanta individualidade. (Reni- 1999/Unifor).

As descobertas e revelações dos alunos foram primorosas para a minha aprendizagem como facilitadora. A cada descoberta e revelação a certeza de que vale a pena. O entusiasmo, a alegria incontida de alguns, os abraços afetuosos, os gestos de ternura e agradecimento quando descobriam os momentos mágicos das revelações de aprendizagem, sempre se constituíram material de avaliação de minha prática. Em alguns momentos, alunos expressavam estar atentos aos meus mais sutis gestos e mostravam que entendiam e aceitavam minhas falhas humanas, dito de outra maneira, compreendiam minha humanidade. Pérolas de encontros!
As narrativas continham o reconhecimento do valor da interação, do sentimento, do sentimento de presença grupal, da riqueza de partilha, expressando as expectativas mútuas entre os sujeitos.
É tarefa do educador, enfim, criar vínculos positivos e fortalecer elos de amizade possibilitando a construção de novas referência e representações no campo do afeto.

Percebemos que a dinâmica de grupo está presente auxiliando as diversas áreas do conhecimento humano, tais como: a sociologia, a psicologia, a pedagogia (tratando dos grupos de aprendizagem), a administração, a economia, etc... (Jacques- 1999/Unifor).

Vejo todas as vivências como sendo imperativas para a caminhada do grupo. Percebo a diminuição das resistências das pessoas no que diz respeito à participação a já há laços significativos de amizade e solidariedade. (Jules-1999/Unifor).

Através da dinâmica o indivíduo pode encontrar contato igualmente, com suas limitações e defeitos, qualidades e virtudes. Ajuda a superar bloqueios barreiras e medos. A dinâmica provoca abertura, sinceridade, confiança, colaboração e compromisso. Leva o grupo a um maior trabalho em equipe, ao crescimento do indivíduo no grupo e a transformação das relações. Com a ajuda da dinâmica da criatividade, o jovem e o grupo são levados a ver a sociedade de uma outra maneira. Busca criar uma sociedade nova, onde as relações são mais justas e fraternas. (Keli- 1995/Unifor).

Hoje a aula foi maravilhosa e me fez recordar dos tempos que eu fazia agenda. Tínhamos que montar uma historia a partir de fotos de uma revista. Saíram historias bastante interessantes, criativas, engraçadas e atuais. Outras já vinham traduzir sentimentos e sonhos como, por exemplo, a minha. (Gigi-1997/Unifor).

A Dinâmica de grupo aplica técnicas que incluem o desempenho de papeis, as discussões em grupo, a observação e o feedback de processos coletivos, é a partir daí que passamos a ter um reconhecimento maior do novo potencial e das nossas dificuldades. Passamos a compreender conceitos antes considerados abstratos, resgatamos o lúdico e também o potencial criativo e a descoberta de possibilidades não consideradas anteriormente. (Lenice-1997/ Unifor).

Começamos o dia com dinâmicas que trata das relações e a importância do relacionamento humano. Depois da dinâmica a professor destacou a importância da formação do educador. Percebi que a sala de aula é um lugar de interação, inclusão e facilitação. (Dezita- UVA/1999).

O professor deve estimular os grupos a estabelecer regras de trabalho... Interagir com o aluno...  E contribuir de forma positiva. (Gibi- UVA/1999).

Temos aproveitado para rever aspectos relativos ao trabalho docente: habilidades e atitudes. Os alunos reconhecem a importância de investir na formação pedagógica do professor. Há queixas quanto à didática do professor, à ausência de normas de trabalho e ao diálogo com os alunos.

 Dessa vez notei que o cenário da sala de aula havia mudado. Não que houvéssemos trocado de lugares, modificado as cadeiras, mas as expressões das pessoas estavam diferentes. (Geni- 1999/UVA).

O processo que a professora usou para trabalharmos o texto depois de feito foi muito forte. Fez todo o grupo se movimentar e trocar de lugar, onde para muitos foi uma proposta desafiadora visto que cada pessoa já tinha estabelecido o seu lugar, sua cadeira e seus colegas. (Ceres- UVA, 99).

No momento em que trocamos de posição e passamos a ser o Grupo de Verbalização, fiquei bastante ansiosa para expor minhas observações, visto que me incomodou perceber o quanto nós, professores, não temos uma boa formação e sempre procuramos justificar nossas falhas, buscando no outro as razões das mesmas... (Lulu – 1999/UVA- SENAT).

Tudo o que foi produzido me trouxe o real sentido da importância da dinâmica e do teatro na escola, e ainda podemos trazer os pais para participarem desse processo através da dramatização com os professores. (Senira- UVA/1999).

Estudar temas com a participação dos alunos, utilizando diversas técnicas e ações grupais, facilita o debate, a crítica, o senso de observações e a responsabilidade para com o grupo. É papel do professor planejar a atividade docente; selecionar conteúdos relevantes e atuais; operar metodologias participativas que priorizem a socialização do conhecimento e utilizar as novas tecnologias, forjando percursos individuais e coletivos.

As apresentações foram belíssimas e criativas, cada uma com sua importância e influência na nossa prática profissional, pois, de acordo com os temas, podemos trabalhar com a criação da reflexão, solidariedade, amizade, paz, amor, união, tudo dentro da fantasia (histórias das princesas. Já com os temas dirigidos como Folclore, Família, podemos refletir assuntos como pobreza, divisão de classes, drogas, riqueza, fraternidade e respeito. (Lulu-UVA/1999).
As equipes que ficaram com o tema dirigido demostraram que a direção é importante, mas a espontaneidade da dramatização deixou aflorar toda criatividade. Achei muito legal a forma como foi passada a situação de uma família desajustada com problemas de alcoolismo, drogas, prostituição, agressividade e desemprego... (Betsy- 1999/UVA).

No encontro seguinte cheguei cedo e encontrei a sala transformada em um cinema. Que delicia de luz apagada, viver esta mágica... A Central do Brasil me traz a simplicidade de um povo, a religiosidade a fé, a crença, o pau de arara, as procissões, os milagres. Viajei para minha terra natal, para minha história de vida e passei a ver um filme que só eu tinha acesso à tela, pois era interior. (Ivo- Unifor/1999).

Criar e recriar, fazer diferente. Inovar, buscar coisas ousadas para um ambiente grupal tende a ser energizado. Apesar de normalmente existir medo e a resistência em relação ao diferente, se estimulada de forma progressiva e adequada à realidade do grupo, a CRIATIVIDADE, se configura como um estimulante poderoso para expressão de potenciais latentes em pessoas e grupos. (Nice- Unifor/1999).

Um dos grandes desafios da sala de aula é possibilitar a criatividade, organizando situações de ensino que permitam ao professor e ao aluno expressar seu potencial criador, bem como instigar a elaboração de projetos acadêmicos e a ruptura de modelos arcaicos que aprisionaram utopias.
A utilização de recursos como vídeo. O cinema, os livros de estória, as obras de arte, o artesanato, enriquece a sobremaneira as quais.

Que ideia genial mergulhar no universo mágico da infância para amolecer couraças enrijecidas pelo contexto social, pela forma de viver, e fortalecidas pelas funções de tantos papéis que assumimos... Viva Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Fernando Pessoa e tantos outros! E viva a possibilidade que nos é dada através da literatura, da redescoberta de emoções, sentimentos e lembranças puras e sinceras, de nos encontrarmos com a nossa própria essência e de avaliarmos, e até mudarmos nossos companheiros. (Nice- Unifor/1999).

Encontrei nesse aprendizado o avanço teórico e vivencial que buscava para atuar como facilitador de grupo em formação. O curso de Dinâmicas Grupais não está sendo apenas uma oportunidade de aperfeiçoamento na área, mas, um marco na minha especialização profissional (Vivi- 1999/Unifor).

Durante as inúmeras experiências compartilhadas ao longo da disciplina Dialética da Comunicação Humana nas Vivências Grupais, muitas lições significativas eclodiram em momentos memoráveis, onde os alunos tornaram-se espectadores e atores de um edificante espetáculo pedagógico, nutrido e permeado por uma imensa troca de experiência. (Dino- Unifor/1999).

Em todos os encontros o respeito foi mútuo e a capacidade de entrega constante. Deparamos sempre com o novo e extravasamos nossos sentimentos, vivenciando com profundidade o que nos foi oferecido. (Maria- Unifor/1999).

Sem dúvidas o que mais marcou nestas vivências, foi a criatividade e o cuidado daqueles que estavam conduzindo as vivências e a abertura da daqueles que estavam sendo conduzidos (Vivi- Unifor/1999).

 

Chegou o último dia. No cronograma, tinha dinâmica grupal-síntese. Atendendo a uma solicitação da professora, o grupo chegou nesse dia carregado de “matulão”; era bolsa, vestido, chapéu, cintos, sapatos, máscaras perucas... E como num passe de mágica viramos Emilia, fadas, Sininho, princesas, Maria Baú, caipira... e vivemos, como diz Flávio Paiva, UMA FÁBULA SEM MORAL, uma (...) soterrai sem “e” sem “h”, mas uma história de gente que faz história interagindo com gente e por isso é uma história sem fim. (Taty- Unifor/1999).

Analisando os apontamentos, demo-nos conta do significado de fazer o diferente em sala de aula. Certificamo-nos de que podemos desenvolver atividades em várias situações didáticas. Oi a partir de então que resolvemos incluir as dinâmicas grupais em outras disciplinas da graduação, da pós-graduação e de recursos especiais. As dinâmicas grupais passaram a fazer parte do nosso universo didático-pedagógico. Optamos por um caminho metodológico que respeita o ritmo e as características do grupo. Aprendemos a fazer a leitura grupal e a reconhecer que os alunos nos ensinam com suas dúvidas, seus comentários, seus dissensos e consensos.

A cada aula, uma avaliação diagnóstica do grupo através da cotidiana pergunta. -Como vocês estão? Esta prática revelava uma preocupação com o clima grupal, suas possibilidades e como fazer a intervenção nessa realidade que inter-relaciona as dimensões objetivas e subjetivas presente no contexto. O memorial passou a seu um instrumento permanente de avaliação da minha prática docente.

  1. Registros reveladores da compreensão do processo grupal

No inicio a timidez foi o caminho natural. Território novo, rostos desconhecidos, expressões indecifráveis, olhares vigiados, mãos atentas, neurônios a “mil”... Como tudo que é desconhecido causa medo, ficamos reticentes em nossas atitudes. Acredito firmemente que nada acontece por acaso, a magia do encontro vai se instaurando celeremente, e sem que nos percebêssemos, a vontade do dia seguinte chegar cada vez mais breve aconteceu. A dinâmica aliou-se a química e cá estamos nós, umbilicados por esta experiência fantástica que é a descoberta do SER HUMANO... Enfim o que mais profundamente me tocou foi a constatação de estarmos todos aqui, movidos por um mesmo ideal: o de verticalmente crescermos (Merry. Prof/Unifor- 1992).

Neste dia foi ótimo! Finalmente, começamos a falar da interação professor e alunos. Então, a professora solicitou que um aluno fosse o professor (simbolicamente) e ficasse na frente e o resto da turma ia até ele (que estava no papel de professor) e demonstrasse fora, predominantemente a relação com os professores. A maioria apresentou distancia. Depois fizemos como gostaríamos que fosse o contato e a maioria demonstrou a união. (Franci- 1996/Unifor).

Segunda semana de aula, a turma começa a crescer. Conhecemos nossos colegas, a interação ocorre mais uma vez e a cada vivência nos soltamos, creio que quando terminar o semestre nossa turma esteja totalmente integrada e socializada entre si.  (Ceci- Unifor/1997).

A dinâmica de hoje fez com que nos percebêssemos que ainda não somos realmente um grupo, temos que criar laços...  Conhecer-nos... (Carla- Unifor/1997).


Os relatos expressam a percepção dos alunos acerca do movimento que ocorre no grupo a partir da suas experiências. À medida que vão exercitando a convivência, a troca e o jogo interativo, vão também elaborando suas interpretações.

No terceiro dia, formamos quatro grupos de cinco alunos e cada grupo recebeu um novelo de lã. Enquanto o grupo jogava o novelo para o colega, fazia uma pergunta e o colega que respondia jogava para o outro do grupo, ate ser feita uma teia no centro das cadeiras. As colegas me perguntavam do que eu gostava o que eu pretendia fazer no futuro e eu respondi a todas. Fiz também algumas perguntas como: para onde elas gostavam de ir ao final de semana e outras. Ao desenrolar a teia, todos cantaram varias musicas, como: ciranda, cirandinha; o cravo e a rosa; o bosque; atirei o pau no gato e outras mais. Quando o primeiro grupo terminou de desenrolar todos batiam palmas, e assim, com todos os outros. Adorei esta vivência do novelo, pois pude conhecer melhor os colegas. (Nina Aragão-1996/Unifor).

No inicio da aula, foi feito um psicodrama, que é uma atividade trabalhada com dramatização. Um grupo de oito pessoas, no centro da sala, fazia a dramatização da organização de uma festa de formatura. A organizadora do evento sentia grande dificuldade para lidar com tantas opiniões diferentes. Na dramatização, pôde-se notar a desconfiança, a falta de amizade e arrogância, existente entre as pessoas quando se trata de dinheiro. (Cidinha – 1997/Unifor).

Foi muito educativo o psicodrama e nos trouxe muito a realidade do nosso dia-a-dia. (Carmela- 1997/Unifor).

Terça-feira. Aprendi um pouco sobre convivência em grupos: a existência de grupos fechados e abertos, os sentimentos de aceitação e rejeição. Até então não tinha observado a convivência dos grupos dos quais fazia parte e comecei a refletir sobre as atitudes tomadas por mim e pelos outros. (Papi- 1995/Unifor).

Acho que a mensagem da aula de hoje mexeu com muita gente. Ela nos fazia refletir a respeito de grupos fechados que são aquelas panelinhas encontradas na família, trabalho e principalmente ambiente escolar. Nos fez analisar o quanto é prejudicial para o nosso enriquecimento pessoal e profissional, pois não se dá oportunidade de novas pessoas se aproximarem e nem sair de grupos fechados, e como todos nos sabemos o quanto é necessário convivermos com outras pessoas para o nosso enriquecimento espiritual, profissional, etc.…, esse tipo de atitude nos prejudica e muito. (Lenita-  1998/Unifor).

Tive a chance em sala de aula de refletir com os alunos a situação dos trabalhos em equipe. Refletia com eles ao cenário acadêmico que descreviam: grupos fechados, equipe dos excelentes, salas de aulas impessoais, distanciamento em classe, fragilidade na relação aluno-aluno, aluno-professor. Resgatava a história dos movimentos estudantis, do tempo em que as universidades fortaleciam vínculos. Contava a minha e estória. Sempre gostei de contar a estória do tempo de universidade. Assim passávamos o tempo refletindo sobre o silêncio geracional após ditadura militar. Tal contexto revelou a necessidade de repensar o modelo acadêmico que naturaliza o distanciamento dos sujeitos no processo educativo.

A dinâmica que mostrou como chegar-se ao grupo, o que fazer para pertencer ao grupo, e como o grupo comporta-se com os novos pretendentes e novos componentes. Esta dinâmica faz-nos refletir sobre nosso comportamento, enquanto grupo, Levando a conscientização, para que sejamos mais receptivos, diante de novos componentes não conhecidos (Minye- 1995/Unifor).

A técnica das cores favoreceu a identificação de cada componente do grupo com a cor de sua preferência que procura trabalhar as diferenças e afinidades de cada um, relatando o porquê da cor escolhida. E realizando uma apresentação através de gestos sobre a cor escolhida, o que proporciona a participação, integração e relacionamento do grupo. (Tenia- 1996/Unifor).

Vejo todas as vivências como sendo imperativas para a caminhada do grupo. Percebo a diminuição das resistências das pessoas no que diz respeito à participação. Já há laços significativos de amizade e solidariedade. (Pepe- 1999/Unifor).

É interessante observar como cada indivíduo reage de uma maneira muito própria a estímulos de integração em grupo. Há aquelas pessoas que são mais extrovertidas e que possuem uma facilidade maior de interagir que outras. Assim, apesar de ter desempenhado um papel bem característico de um observador, acrescentei novos conhecimentos com essa disciplina e acho que tem sido uma experiência muito interessante e de grande valia para todos. (Mani- 1996/ Unifor).

Esta disciplina se baseia nas relações de pessoas do mesmo grupo e de grupos diferentes. Com essa convivência entre grupos diferentes, é possível verificar ate aonde vão os limites de pessoa e os seus próprios limites. Esta disciplina nos ensina a vencer a nossa timidez e os nossos medos.
A disciplina de Dinâmica de Grupo me ensinou e continua ensinando muitos conceitos de como viver em grupo sem invadir o espaço do outro, a vencer a minha timidez e me conhecer cada vez mais e melhor. (Beli- 1997 /Unifor).

Durante todas as atividades propostas em sala de aula, tenho participado e me interessado, pois, por mais que muitas vezes eu fiquei quieta diante o grande grupo, busco prestar atenção no que é discutido, na forma e no que é colocado pelos colegas. Sinto que tenho mais facilidade para dar minha opinião ou exemplificar o que esta sendo trabalhado, quando a turma está dividida em grupos menores. Porém, após cada aula, cada contato com os colegas, cada vivência, vamos nos integrando mais, nos conhecendo mais e tendo liberdade para cada vez mais sermos nos mesmos e nos mostrarmos por inteiro, contando nossas vivências, expondo nossas opiniões e escutando o outro. (Naia- 1997/Unifor).

Quando a turma é numerosa, alunos relatam grandes dificuldades em participarem das atividades que envolve oralidade, especialmente em aulas expositivas, estruturadas no modelo conferência. Do ponto de vista didático, a exarcebação de um método pode causar transtorno. Recomendamos o uso de dinâmicas grupais que oportunizam o debate em pequenos grupos, a troca de experiência entre os alunos, o diálogo e a livre circulação de ideias.

Com isso não estamos afirmando que o melhor caminho para aprendizagem seja por meio de uma metodologia grupal. Mesmo porque conhecemos contribuições de notáveis conferencistas e de excelentes aulas expositivas quando bem planejadas adequadamente organizadas.

Trabalho em grupo não significa rigidez, na verdade tem que existir socialização. A imagem[12] mostrada na sala foi rigidez, o grupo não permitia que ninguém entrasse e saísse, o grupo se fechou para fora e para dentro, o que quer entrar se sente rejeitado, e o que quer sair, sufocado. Essa aula nos fez refletir sobre nos mesmos! (Dárcio- 1997/Unifor).

A dinâmica do nó foi difícil, mas quando os colegas começaram a ajudar descobrimos que alguns problemas podem ser resolvidos com a ajuda dos companheiros. (Pepita- 1999/UVA).

Interessante foi uma simulação proporcionada pela professora... Uma reunião do corpo docente onde se discutia as ausências dos pais nas reuniões, as tarefas de casa, enfim os tópicos trabalhados no cotidiano de nossas reuniões. A professora nos guiava, ora invertendo papeis... Foi válido... Deixou-nos claro as atitudes, posturas, conversações no desenrolar de uma reunião, (Jussiê - UVA /1999).

Através dos processos elaborados pelas dinâmicas grupais, podemos sentir que os conflitos surgem em todos os grupos, sendo por meio do autoritarismo, violência, falta de interesse, etc. A solução dos mesmos está intrínseca ao grupo. Houve muita participação do grupão, promovendo debate e reflexão sobre o tema. (Nina Unifor/1999).

Daí a importância de se a trabalhar com grupos, da dimensão axiológica, pois trabalhar com grupos implica em trabalhar valores, atitudes; o trabalho com grupos é um processo educativo, uma prática social. E são os valores, a nossa visão de homem e de mundo que irão nortear nossa prática (Lícia- 1999/ Pós-graduação).


É muito importante poder se expressar num espaço onde isto é permitido e desejado e o mais importante são perceber o quanto já fizemos amizades, o quanto marcamos as pessoas e o quanto elas nos marcaram. Só com a comunicação pode existir essa troca. (Merci- 1999/Unifor).

Após esse momento de esclarecimento e planejamento construirmos uma grande árvore, a árvore do conhecimento de nós mesmos e partilhando com os outros, formando a copa, tipo “mago, princesa, sereia, pássaros, flores sorrisos”. Liberdade. E imensos castelos de areia. Novamente a roda de solidariedade fez com que cada um se sentisse pertencente ao grupo. (Tati- Unifor/1999).

Desenvolver atividades que proporcionem o conhecimento do outro, e a formação do sentimento de pertença grupal é gratificante. Fortalecer as relações entre os alunos é uma das primeiras tarefas do educador. É equivocado o entendimento de que é perda de tempo integra os alunos. O viés conteudístico tem prevalecido na sala de aula, negando a dimensão social, humana e lúdica.

A dinâmica junto ao livro infantil que nós fizemos foi bastante interessante, apesar de não ter escolhido o livro de história que eu gostaria, mas a apresentação dos grupos na hora do painel me fez entender que podemos juntos, como adultos, trabalhar com o livro infantil e me deu a ideia de trabalhar com os meus alunos universitários. (Síl- Unifor/1999).

 

O momento da grande roda, em que todos estavam de pé com o comprimento sem soltar as mãos me fez lembrar que somos capazes de permanecermos unidos e harmonizados como se fossemos um único bloco. O toque com os pés, com os ombros, com o quadril, com os olhos fez sentir o outro, ver a ansiedade, a vontade de... A vontade de compartilhar o espaço disponível é tão grande que deixamos de pensar em nós por alguns minutos. Nesse momento, o mundo tornou-se melhor. (Guerreiro- 99/Unifor).


Realizamos um exercício de desinibição e criatividade, que em minha opinião integrou ainda mais o grupo e nos proporcionou um momento agradável onde podemos demostrar nossa criatividade e descontração, que são pontos essenciais à durabilidade de um grupo, além de abrir portas a integrantes mais introvertidos e tímidos, de interagirem cada vez mais, tornando-os mais participantes. (Tony- 98/Unifor).

            Ao ler os registros fui acompanhando o processo de leitura do grupo feito por alunos. A constatação do significado no grupo, pelos alunos ia crescendo na medida em que compartilhávamos o processo de ensino-aprendizagem, as atividades criativas e de integração grupal.
            Um dos comentários mais interessantes feito pelos alunos era o de destacar que nessa disciplina tinham oportunidade de desenvolver atividades grupais e formar os vínculos. Trocavam bilhetes, endereços, saíam juntos depois das aulas, comemoravam os términos de cursos com festas memoráveis: nas residências de alunos, em restaurantes, na universidade, enfim, nos mais diversos locais, desde que todos pudessem compartilhar o ritual de despedidas e ofertas.
            O sentimento de construção de pertença grupal ia se revelando através de cartões, dos mais diversos tamanhos e formatos, contendo oferendas amorosas, lembrancinhas, caixinhas de afeto e muitas outras formas de amorosidade relacional.

  1. Registros que revelam expectativas do grupo, interação e comunicação intergrupal

Primeiro dia de aula. Muitas expectativas! Será que a professora é legal? E a turma? Estava me sentindo um peixinho fora d’água, pois não conhecia ninguém. Como não podia deixar de ser, a apresentação, que é importante para a integração do grupo, foi super diferente. (Jéssica- 1996/Unifor).

Sempre eu perguntava para as pessoas o que era a cadeira de Dinâmica de Grupo e elas respondiam que era ótimo, mas, que só fazendo para saber. Neste primeiro dia eu estava muito curiosa para saber do que se tratava. (Cely- 1996/Unifor).

Primeiro dia de aula. Achei estranho quando a professora iniciou a apresentação solicitando que entrevistássemos o colega e o apresentássemos como se fosse ele. Foi uma experiência bem diferente. Tive que ficar atento a que o meu colega dizia, para não fazer confusão. (Melissa- Unifor/1996).

Era o segundo dia de aula e achei tudo muito esquisito, pois só tinha eu e a Zizi da nossa turma. A curiosidade era grande quanto à disciplina. De inicio foi aplicada um coro de vozes, achei genial, da até para ser aplicada com meus alunos. Em seguida procuramos uma pessoa e conversamos com ela, e isso para mim foi importante, pois conheci outras pessoas maravilhosas. (Isis- 1997/Unifor).


Nosso primeiro dia de aula foi superdescontraído, eu me senti muito bem, tranqüila e relaxada. Eu acredito que esta cadeira de Dinâmica vai ser muito importante, não só para minha vida pessoal, como também para minha vida profissional. (Zena - 1996/Unifor).


Apesar da primeira apresentação meu relacionamento com os outros membros do grupo ainda era restrito. Neste exercício, onde formamos duplas de conversação, fiquei pensando no que falar, mas parece que conversar a dois ou ate mesmo a três, ou seja, em um grupo menor, fica mais fácil de ficar à vontade. Por outro lado, com sorte consegui me identificar com minha colega. (Poncio-1999/Unifor).

Na primeira aula dessa disciplina, fizemos uma dinâmica de apresentação da turma, todos se identificando pelo nome, curso e quais os objetivos no decorrer do semestre, quanto à disciplina de dinâmica de grupo.
No inicio, realmente a turma se encontrava constrangida para realizar a atividade, enfim a gente não se conhecia e na faculdade todos estão habituados a entrar na sala, assistir a aula e ir embora; é um tanto diferente estar na sala para conhecer os outros alunos.

É acentuada a necessidade de trabalhar a integração dos alunos no início das aulas. Eles revelam o bloqueio de relacionamento e inquietações. A sala de aula por vezes é confusa, agressiva e fechada. Ao professor cabe propiciar-lhes o conhecimento crítico dessa realidade, para que possam enfrentar suas dificuldades iniciais.

A professora distribuiu fichas com frases. Cada um deveria ler a mensagem e depois transmitir para a turma. A professora solicitava que um colega tentasse interpretar o que o outro falou. Achei muito interessante porque nos levou a descobrir como é difícil a comunicação[13], o entendimento, pois as interpretações eram as mais distorcidas possíveis. Concluímos que é necessário ficarmos atentos ao que o outro fala para que possamos compreender melhor sua fala. (Mimi- 1997/Unifor).

Primeiro, a professora falou da interação professor aluno. Depois pediu que cada grupo construísse uma imagem da sala de aula. Foi incrível como a maioria mostrou distancia com os professores. (Celestre- 1997/Unifor).


A comunicação entre professor e aluno apresentada nas imagens psicodramáticas, predominantemente é de distanciamento.  Os alunos reclamam o autoritarismo, a imponência intelectual, a fragilidade do professor, ao afastamento e a falta de dialogo.
Os memoriais resgatam histórias amargas e traumáticas. São reminiscências de relacionamentos conflituosos e de desencontros.
Analisar o contexto relacional entre professor e aluno orna-se imprescindível para que haja a superação dos medos e das rejeições transferênciais.

Dessa vivência, pude constatar o quanto importante é a comunicação, e como esta pode ser deturpada guando não é feita de maneira simples e clara. Essa vivência fez com que me preocupasse mais em fazer e falar as coisas de maneira mais simples possível. (Marcy -1997/Unifor).

Desenvolvi a reflexão sobre a comunicação humana, consegui filtrar alguns bloqueios referentes à forma como se estabeleceu a comunicação interpessoal (Sula - 1996/Unifor).

Reconheci que o professor deve estimular o grupo a estabelecer regras de trabalho... Interagir com o aluno...  E contribuir de forma positiva. (Perícia. UVA/1999).

Para terminar o dia muito produtivo fizemos uma dinâmica para sentir a sensibilidade de cada uma percebendo a importância de enfrentar o medo e buscar o riso, gostar de si mesmo e dos outros. (Dina- UVA/99).


Senhoras e Senhores

Neste momento

Inicia-se o nosso desfile de sonhos

E fantasias

Que cada um libere dentro de si a sua

Maria Baú

Linda

Divina

Maravilhosa

Plena

De força Fogo

E Luz

Todo tem LUZ. Todos têm esperança de ser seres

Tremendamente humano (Márcio, Unifor/1996).

Mensagem final

Quanta sensibilidade registrada pelos alunos que compartilharam desses momentos. Suas expectativas, a construção de um processo de comunicação dentro do grupo. A poesia e sensibilidade espalhadas nas falas, e, sobretudo nos registros do memorial. Lia e relia suas expectativas as dificuldades na comunicação com os outros, seus bloqueios e, medos e fantasias. Ao ler, estudava e pesquisava a forma de facilitar o processo de superação de pequenos medos grupais. Procurava cria situações lúdicas, interativas, não só através de dinâmicas grupais que possibilitassem a vivência da alegria, da integração, mas, sobretudo, construir imagens psicodramáticas sobre grupos fechados, distanciamento professor, alunos, desempenho de papeis. Foram jogos, exercícios didáticos, vivências de sensibilização, relaxamento, diálogos, estudos de textos interessantes e situações do cotidiano.
Foram longas conversas em sala de aula, diálogos ricos e produtivos sobre a teoria e a prática. O homem e o meio; a parte e o todo; a cultura e a norma; o fazer e o saber; a proximidade e a distância; o sonho e a vida, o medo e a coragem. As contradições foram objetivadas em debates de muita intensidade.
Aprendemos que as expectativas que temos em relação às pessoas e dos grupos são filtradas por nossas experiências. Estudamos estudar os autores que poderiam responder tais questões. Nem todas foram respondidas, mas fiquei com uma certeza acadêmica: as abordagens são diferentes e trazem contribuições extremamente importantes. Do ponto de vista epistemológico. Enfim, cabe ao professor aprender a olhar o grupo de alunos com uma coletividade e, também, sob outro ângulo, o do indivíduo no grupo, com suas idiossincrasias.


















3

 RECORRENDO AO OLHAR

 ATENTO DE EDUCADOR







 


Quem somos nós educadores?
Aqueles que têm fé?
Vestem-se de poetas e artistas cantadores?
Montam cenários ilustrados e coloridos?
Ah! Quem somos nós educadores?
Os andarilhos, os guerreiros, os combatentes?
Quem sabe?

A autora


            Comecei a ensinar aos 15 anos, como professora particular e aos 18 anos como professora substituta no antigo 2o ano primário de um grupo escolar.  Aos 19 anos, já profissionalmente engajada, fui lecionar no Patronato São João do Tatuape, uma escola dirigida pela Congregação das Irmãs de Caridade. Com crianças de classe social desfavorecida, realizei alguns de meus projetos juvenis.
Trabalhei com alegria a musicalidade dentro da sala de aula e, através dos conteúdos escolares, brincávamos e cantávamos, estabelecendo uma relação de confiança com as alunas. Pequenas crianças! Evocamos com emoção daquele período.  Estudamos, pesquisamos, com a determinação de fazer o melhor que podíamos. Eram mágicos momentos! Hoje, percebo o quanto existia, na minha ingênua iniciação, a coragem da ousadia e da irreverência, quando transgredia pedagogicamente, as regras da escola dirigida pelas religiosas. E, como fizemos uma prática desobediente, transgressora, mas fiel às nossas primeiras crenças como educadoras, principalmente a fé no aprendiz.
Concomitante à nossa experiência docente cursamos Pedagogia, na Universidade Federal do Ceará. Como mulher, assimilada ao modelo da época, seguimos um trajeto tipicamente feminino, embora já me identificássemos com as práticas educativas e escolares, particularmente à docência. Gostamos do curso, do cenário acadêmico, e vivemos intensamente o papel de estudante universitária
Naquela época, desfrutamos o privilégio de conhecer uma juventude militante e idealista, colegas estudiosos e instigadores.  Participei do movimento estudantil, das passeatas, dos grupos de estudo, enfim, de um cenário acadêmico fértil de ideias e ideais. Convivemos, também, com outro momento da universidade com advento do AI-5: um cenário acadêmico pejado de medo, desconfiança, monitoramento; um ambiente onde a imposição do silêncio, abafou falas e sussurros de jovens idealistas. Presenciamos a mudança de um espaço aberto ao diálogo e à movimentação crítica dos estudantes, para um contexto autoritário e controlador, repleto de censura e da cruel repressão que ceifou vozes e sonhos nascentes. Enxergamos e compartilhamos as possibilidades da resistência tímida, ouvi as trêmulas vozes que pretendiam rebelar-se contra o ambiente opressor.
Não foi fácil sentir a forçosa ausência de tantos amigos e viver em um silêncio imposto pelo regime autoritário. Dura realidade de tantas perdas e tantos sonhos.
Concluído o curso de Pedagogia aventuramo-nos na experiência da escola particular. Fomos coordenadora pedagógica, supervisora e diretora de ensino privado. Foi uma das mais ricas lições. No Colégio Rui Barbosa, junto com os professores e alunos, promovemos festivais de música popular, teatro, poesia dos alunos (Jovens em Verso e Prosa) e, muitas outras atividades, assaz interessantes.
Durante os 15 anos, no colégio, aprendi com os alunos, pais e com os colegas, a dura jornada da educação, os desafios exigentes, os prazeres alcançáveis. Nesse caminho fomos construindo minha identidade de educadora.
Percorrendo um itinerário pedagógico e simultaneamente sendo selecionada para ser supervisora, descobrimos a escola pública sob outro ângulo. Participamos de reuniões de planejamento, numa visão predominantemente tecnicista. O mito do planejamento espalhava-se nas escolas. A lei 5.692/70 era a novidade! Treinávamos professores para fazer planos tecnicamente corretos. A Secretaria de Educação assumiu o seu papel político na implantação da nova Lei, incorporou o discurso e a prática do tecnicismo educacional, enfatizando a importância do planejamento educacional bem como a utilização dos recursos tecnológicos. Participamos, na equipe de currículo da Secretaria de Educação do Estado do Ceará, da elaboração do instrumental de controle, acompanhamento e avaliação-ACA. A ênfase era centrada na organização, na eficiência, na racionalidade cientifica no conceito de sistema e na abordagem funcionalista.
Nos anos 80, dando continuidade ao nosso percurso, como Técnica em Educação na Fundação do Bem-Estar do Menos do Ceará - FEBEMCE. Reaprendemos o social. Observamos, vivemos uma nova prática educativa, trabalhando com crianças e adolescentes estigmatizados.
Durante cinco anos dirigimos o Centro Educacional Aldacir Barbosa Mota, - unidade que recebia crianças e adolescentes do sexo feminino, que se encontravam nas ruas, em casas de prostituição, que estivessem enquadradas no artigo 2° do antigo Código de Menores[14]. Na verdade, foi uma escola de vida.  Refletimos sobre nossos valores, minha compreensão de sociedade, do mundo e dos pressupostos sustentadores de nossa prática social. A partir de então, durante 17 anos, envolvemo-nos com a questão social: fui membro do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, na ocasião da implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Intrigantes, desafiadora e, em alguns momentos, dolorosa e frustrante experiência de vida. Foi a partir de então, como educadora no CEABM[15], que escrevemos nossa dissertação de mestrado, intitulada O Menor-Mulher – A dupla opressão (UFC – 1987).
Por certo aprendemos a ter uma postura diferente acerca dos acontecimentos em sala de aula. Desenvolvi uma visão mais desvelada do processo grupal e compreendemos a importância de estudá-lo sob vários ângulos.
Compreendi que as pessoas são diferentes, singulares. Dei-me conta dos sujeitos de classes, culturais, históricos e psicológicos e como esses acontecimentos revela a diutunidade de suas vidas. Compreendi, que cada grupo, cada situação, cada experiência grupal, guarda uma rica complexidade humana, cultural e pedagógica. Observamos que na escola, no trabalho, com os amigos, na família, nos encontros informais, nos treinamentos, nas vivências, na academia, e nos mais diversos locais, as pessoas protagonizam diferentes papéis. Criam, recriam, repetem, reproduzem, imitam, resinificam situações, expressam diferentemente suas inquietudes e desafios e convivem com histórias individuais e com as adversas situações sociais.
Essa constatação nos fez estar atenta às relações humanas e para o que as pessoas comunicavam: seus trejeitos individuais, as manifestações afetivas dos alunos, os desencontros e conflitos, reforçadas pelo modo de sociedade competitiva e as resistências às manifestações de altruísmo, necessários à sobrevivência de um grupo.
            Divisamos, então, que cada circunstância em que deparava-mos significava um desafio. Alcançamos, ainda, o entendimento que as pessoas são tímidas, explosivas, temperamentais, contidas, frágeis, amorosas, cooperativas, rebeldes, paradoxais, contraditórias e complexas. Constatamos as diferenças dos sujeitos nos grupos, no exercício de seus papeis, fato que representava um excelente manancial humano a ser trabalhado.

         A pessoa, no campo das relações sociais, está inserida num constante processo de negociação, desenvolvendo trocas simbólicas, em um espaço de intersubjetividade ou, mais precisamente, de interpessoalidade. (Spink, 1999, p. 55)

         Aprendemos com as crianças a espontaneidade presente nas brincadeiras de roda, no jogo do faz de conta; com os adolescentes subssumidos a rebeldia e a coragem da resistência, da transgressão, dos desatinos. Somando à nossa experiência como adultos, assimilamos o que é ser contido e aprisionado nos papeis sociais e nas convenções culturais. Reconhecemos à insensatez, a dissimulação, a serenidade expressa em gestos éticos de solidariedade humana, a esperança em superar os medos, a luta para conservar a identidade e atitudes corajosas de quem não desanima, de quem não desiste.
Observamos que em cada experiência estamos a nos conhecer, a enxergar os nossos medos, a nossa coragem, nossos projetos, as nossas restrições, a reconhecer e recriar valores e conservar outros. Constatamos dificuldades, nossos desajeitados gestos de impaciência e de intolerância, a nossa forma espontânea de acolher, o jeitão alegre de fazer humor e tantas outras coisas...   Não caberia aqui dimensionar o tamanho de nossa aprendizagem humana.
Durante estes anos, exercendo minha prática profissional, atinamos para os preconceitos com relação à Dinâmica de Grupo.  Ouvimos críticas, restrições ao trabalho acadêmico nessa área. Escutamos algumas vezes, pelas colocações de profissionais, donos de um academicismo exacerbado, expressões de ceticismo, de ironia:

 Dinâmica de Grupo é uma brincadeira só! Não acredito em trabalho em grupo... É só enrolação. Dinâmica de grupo é para quem não sabe dar aula...
      
Muito embora, incomodada pelos olhares invertidos e conclusões equivocadas, optamos em consolidar nossas convicções.  Descobrimos, a cada instante, em cada grupo e em cada contexto, que vale a pena. Insistimos, persistimos e fomos atravessando o tempo.
Vivenciamos encontros e desencontros. Como são diferentes! Extraímos lições e reformulamos o conceito de alteridade.
Citamos a contribuição de Weja Costa ao referir que os desencontros pressupõem uma aceitação não consciente dos parceiros, os quais estão em momentos emocionais diferentes, com motivação díspares. O acordo racional é feito, mas a dor e o sofrimento acompanham o processo tendo sempre em vista o encontro que não chega a acontecer... O encontro é pleno em libertação e o desencontro é contorcido pela dor que leva o aprisionamento da espontaneidade (COSTA, 1997)
            Tais questões, presentes em minha prática, moveram-nos a desenvolver estudos sobre os métodos ativos. Nada melhor naquela ocasião que revisitar a proposta da Escola Nova. Esquadrinhamos os livros de autores que apresentavam as vantagens dessa abordagem metodológica: Decroly, Dewey, Kilpatrick, Lourenço Filho. Noutro momento, retomamos a leitura de Paulo Freire, sua opção política, seu método, suas concepções de aprendizagem, de mundo e de sujeito. Relemos “Pedagogia do Oprimido”, “Educação como Prática de Liberdade”, “Conscientização e outros que compõem a grande obra do educador.
            Aprofundamos leituras na especialização em Aprendizagem Humana, onde tivemos a oportunidade de estudar fenomenologia, existencialismo. Conhecemos Buber, Maslow, Rogers, Rollo May, Frederick Perls, Eric Fron, Kierkegaard. Percorremos trajetos literários relendo Sartre, Kafka, Rilke, Carlos Drummond, Graciliano Ramos e alguns outros que me fizeram refletir sobre o significado da existência humana, da dor, da relação com o outro, do mal-estar e do prazer.  .
Cursando o Mestrado, reiniciamos a docência superior, especialmente como professora de Dinâmica de grupo, através de cursos de capacitação na Universidade Federal de Fortaleza.
Entramos em contato com a literatura sobre Psicologia Social e Dinâmica de Grupo, lendo autores como Kurt Lewin, Carl Rogers, e conhecendo as contribuições práticas de Silvino, Celso Antunes, Lauro de Oliveira Lima, Felá Moscovici, Agostinho Minicucci, dentre os profissionais que desenvolvem práticas com grupos.
Nossa caminhada na área da Psicologia Social, especialmente em Dinâmica de Grupo, nos permitiu constatar as diferentes abordagens do processo grupal.
 Do ponto de vista terapêutico, como ilustração, recorremos à ilustração de Ribeiro, expressando a dificuldade de se compreender o processo grupal em  face dos diferentes modelos de escolas que intentam explicar como o grupo se estrutura e se movimenta.
Citamos três escolas a título de exemplo:

1.        Sarson, Wolf, Schwartz concentram a leitura do processo do grupo na relação que se estabelece entre cada membro do grupo e o terapeuta. A leitura enfoca, sobretudo, a dimensão transferencial da relação, a qual pode ocorrer em três níveis ou direções, ao passo que o relacionamento interpessoal e a dinâmica geral são deixados ou vistos como menos importantes.
2.        O segundo enfoque (Bino, Folkes, Whitakar, Pechon - Rivière) aborda o processo grupal vendo o grupo como um todo, como o cliente, embora divirjam em alguns pontos. O comportamento do indivíduo é visto como emergente da situação grupal, a partir de suposições básicas inconscientes (dependência, ataque, fuga, acasalamento), participadas por cada um. São relacionadas às fantasias que brotam das atitudes e comportamentos do terapeuta e membros do grupo.
3.        O terceiro modelo (Moreno, Berne, Rogers) acentua a relação entre os membros do grupo, sendo o terapeuta um deles. Procura-se descobrir a constelação dos laços e vínculos, os papéis, normas, a pressão grupal, ao nível funcional e afetivo. Tudo é visto no aqui e agora, não se dando atenção a possíveis vínculos transferenciais.
 (RIBEIRO, 1994, p. 33)

Do ponto de vista pedagógico, optamos em nossa prática com grupos, pelo terceiro modelo há pouco referido.
 Anos de formação em Psicodrama Aplicado[16], os seminários, os  congressos, os estudos individuais alicerçaram nosso trabalho. As capacitações em organizações e empresas privadas, a assessoria em projetos sociais, a atividade docente em Dinâmica de Grupo; a elaboração do Manual de Apoio Pedagógico ao Projeto Ana Beatriz (1992) do Governo do Estado do Ceará, desenvolvido pelo Conselho Cearense dos Direitos da Mulher, que nos permitiu refletir e evoluir como educadora e profissional na área.

Diga-se, a propósito, que o marco de minha história como facilitadora de grupo foi conhecer Jacob Levi Moreno[17] (1892-1974) através de minha formação em Psicodrama. Incorporamos sua abordagem teórica, as técnicas psicodramáticas, os jogos e a dimensão pedagógica do método, os conceitos de espontaneidade, de criatividade, papel, societária. Foi desde então que reinventamos nosso fazer didático acerca do processo grupal, insuflada pela curiosidade presente no cotidiano pedagógico.
No curso do tempo, percebemos o significado de saber escutar o outro, suas dificuldades. Ora estávamos numa postura analítica, tentando identificar detalhes do processo, os elementos facilitadores, buscando encontrar as diferenças e semelhanças entre pessoas e grupos, seus detalhes no processo grupal, numa incessante curiosidade. Ora estimulávamos o grupo a se perceber-se, promovendo a interação e facilitando a integração, incentivando as falas dos participantes, interpretando os conteúdos não explícitos, na tentativa de entender e fortalecer a dimensão relacional.
Divisamos a Dinâmica de Grupo como uma área de estudo que transcendia a técnica. Movida pela curiosidade, fomos desenvolvendo atividades e registrando observações.  Percorremos como olhar atento de educadora ao trabalhar com as dinâmicas grupais. De certo, cometemos muitos equívocos, mas a cada erro, assumíamos a postura de aprendiz.
            Descobri que as dinâmicas grupais devem ser aplicadas a partir da necessidade do grupo, respondendo às suas demandas. Nesse momento éramos rogeriana, não diretiva, pondo fé no grupo e nas suas possibilidades. Em outros momentos, éramos moreniana ao assumir o papel de diretora de cena desenvolvendo técnicas psicodramáticas: invertendo papeis, utilizando imagens, solilóquios, sociocrata, dentre outros procedimentos técnicos.
Para Moreno, o aglutinante ou o elemento que dá consistência ao grupo, tem suas raízes nos objetivos e normas comuns. Cada grupo social possui como coisa própria, certos valores, certos fins, certos modelos ou certas normas em funções das quais parece constituir-se. (MORENO, 1991, p. 173).
Assimilamos a ideia de ser imprescindível que o facilitador de grupo proceda à leitura do processo grupal, identifique o protagonismo os seus momentos e a sua dinâmica: reconheça os medos, as atitudes de rejeição, os desejos de inclusão e controle. Nossa atitude investigativa nos fez descobrir o significado de não se aplicar a técnica como um fim em si mesma, para não escorregar no mecanicismo, a - teórico, a - crítico e a - histórico.
Nas salas de aula, desenvolvíamos dinâmicas grupais, não só nos cursos específicos de Dinâmica de Grupo, mas em outras experiências docentes: na graduação, na pós-graduação, nos cursos de extensão, nas capacitações e nos treinamentos em organizações púbicas e privadas.
O caminho metodológico escolhido era o do grupo. Recorríamos às dinâmicas grupais por constituírem instrumentos para a discurssão de teorias e elaboração do conhecimento. As dinâmicas grupais nos proporcionaram: produzir o saber, desenvolver atitudes e habilidades, facilitar a integração, desenvolver a interação humana, buscar alternativas para a resolução de problemas, desenvolver a espontaneidade e a criatividade. Por outro lado, tal procedimento metodológico nos permitiu reavaliar nossa prática pedagógica, minha postura de educadora, meu papel de pedagoga, revelando nosso percurso acadêmico, nossas dificuldades, com suas limitações teóricas.
Escrevemos minhas primeiras impressões e as perdemos. Eram 47 páginas escritas e perdidas na memória de um computador que “endoideceu”. Não desanimamos, reiniciamos o processo, vagarosamente, como quem semeia, rega e poda... Reescrevemos a história, embora lamentando a perda de registros de alunos e participantes que, iluminadamente, revelaram os seus encantos de aprendizes. Entretanto, persistimos, pois, tinha uma convicção: não deixaria que o tempo, na sua inexorabilidade, apagasse minhas memórias e a de meus parceiros de jornada. Resolvemos firmemente deixar este legado para aqueles que aventurarem a ler este livro.
Protagonizamos muitas histórias com os grupos com os quais trabalhamos ao vivenciar experiências diversas. Dentre elas, a de elaborar, em 1999, um projeto de um curso de pós-graduação em Dinâmicas Grupais na Empresa e na Escola, com a colaboração de professores da UNIFOR e de profissionais de reconhecido valor social na área.
O Curso de pós-graduação significou uma conquista, pois, um de nossos objetivos foi o de proporcionar aos profissionais da área uma formação que conciliasse a fundamentação teórica com as vivências práticas. Não foi uma investida sem sobressaltos. Pelos depoimentos dos alunos e professores do curso, já visualizamos seus resultados.
Escreveremos em outros momentos, bem o sabemos. Na verdade, considerando o objetivo deste livro, estas reminiscências pedagógicas nos gratificam.  Deleitamo-nos com elas!  Esperança é de que o leitor, nesse encontro, sinta-se instigado. Por mais simples e despretensiosa que seja nossa intenção, traz a marca da sinceridade.




















4
  O SABER FAZER O DIFERENTE NO
COTIDIANO DA SALA DE AULA:
AS DINÂMICAS GRUPAIS.







 

Imaginação.  Fantasia. Descoberta. Sonho
É isso que se aprende em qualquer atividade
Ou experiência humana que não se limita
A reproduzir fatos ou impressões vividas,
Mas que combina produzindo novos
Objetos, novas imagens, novas ações.

KRAMER



Desenvolver uma metodologia dinâmica exige do educador a formação de atitudes de abertura para o novo.  E a compreensão dos acontecimentos vividos e dos seus significados para os alunos.
       Ousar no espaço da sala de aula é experimentá- lá como um cenário propício à descoberta, gestando atitudes de entusiasmo pelo ineditismo de cenas pedagógicas.
Sabemos que em alguns momentos nos sentimos desalentados e conversamos com “nossos botões” e ou com nossas colegas sobre as dificuldades e os desencantos da academia.
       Já ouvimos expressões as mais diferentes possíveis: Hoje gostaria que faltasse energia... Estou um caco! Queria que estivesse terminando o semestre... Não aguento mais corrigir trabalhos... Estou me sentindo um lixo... Será que eles não vão aprender a estruturar seu pensamento? Não querem ler nada... Só falam em notas. Já não sei o que fazer para os alunos lerem os textos em casa. É um desastre. 
       Por outro lado, ainda escutamos aquelas: foi genial! Adorei as apresentações dos alunos, Eles são demais. Vale a pena! Basta instiga-los e eles logo reagem! São criativos ousados!... Foi surpreendente!
           
            Animada por expressões de desejo, de crença e de estímulo, resolvemos escrever sobre o que nos apaixona e sobre o que fazemos em sala de aula, entendendo-a como um desafiador. É neste cenário que eregimos parte de minha história profissional.
Como, então, ousar no espaço da sala de aula?
Como estabelecer a diferença no cotidiano da sala de aula que desmistifique a ciência enquanto dogma e a releve enquanto um saber dinâmico e criativo? Como não perder de vista os rumos da formação do homem numa perspectiva de educação transformadora? Como encontrar atalhos que permitam aos alunos o encontro com o conhecimento, com vistas à reelaboração, e com as pessoas como sujeitos culturais, históricos e singulares? Como superar a rotina didática de dar aulas, dinamizando o processo de ensino e promovendo situações que propiciem o uso adequado de tecnologia e iniciem o aluno na reflexão de valores fundamentais à vida? Quais procedimentos poderiam nos favorecer o diálogo, a aquisição de novos conceitos, a reflexão sobre aspectos teóricos, epistemológicos e históricos do saber, do ato de planejar e da via metodológica, sem cair na repetição enfadonha, no exercício maneiroso das recorrências livrescas e sem escorregar na cobrança inócua de provas e exames?
Mas por que a dinâmica grupal? Qual seu significado? Como estabelecer a ruptura com a resistência ao trabalho com grupos? Explicamos que as dinâmicas são eficazes ferramentas metodológicas, mas o que determina o sucesso de sua utilização e a atitude do professor, sua base teórica, suas crenças e valores, competências e habilidades.
São dinâmicas grupais: jogos, técnicas didáticas, exercícios que dinamizam o grupo para o desenvolvimento de suas potencialidades e o alcance de seus objetivos.
As dinâmicas grupais, quando aplicadas ao ensino, podem dar azo ao exercício contínuo da reflexão crítica do professor e dos alunos sobre o saber. Nesse contexto, o professor é um facilitador de grupo e, sobretudo, um coadjutor da aprendizagem do aluno. É sua tarefa propiciar um ambiente dialógico, ético, onde educador e educando aprendam a comunicar-se, a confrontar o conhecimento, a cooperar, a conviver, a compartilhar, a administrar conflitos e a solucionar os problemas que surgem no convívio humano.
Na atividade didático-pedagógica, o professor atua como agente mediador das relações interpessoais, da elaboração do conhecimento e do aprender individual e grupal, na dinâmica das relações humanas.
Para ser um facilitado de grupo, é importante estar tento ao processo de comunicação e às relações intersubjetivas, pois o grupo é uma instância humana, circunscrita em um momento histórico de sua existência.
Sob esse ângulo e dando-se conta do seu papel, o professor buscará manter um movimento permanente de inserção e distanciamento. No processo de inserção, deve incluir-se côo participante da sala de aula, como membro do grupo para poder sentir com essas experiências e com ele aprender e a reaprender valores, atitudes, conhecimento e os múltiplos significados que foram produzidos na dinâmica histórica singular de cada grupo. No processo de distanciamento, faz-se necessário assumir uma atitude de observador, olhar de fora, sob outro ângulo, para analisar aspectos que passam despercebidos quando se está envolvido na ação grupal.
Para trabalhar o grupo e com o grupo, recorre-se às dinâmicas grupais que constituem procedimentos sistematizados, empregados em situações diversas. É inadequado interpretá-las como “receitas” prontas e acabadas. Entendê-las assim significa negar a complexidade da natureza do trabalho coletivo, sua dinâmica e suas peculiaridades, isto porque cada grupo tem características e ritmos próprios, uma vez que são compostos de indivíduos singulares, concretos e situados historicamente.
O professor deve estar ciente das possibilidades e limitações das diferentes dinâmicas, em função do perfil do grupo e de seus objetivos.
Trabalhar com grupos exige fundamentação teórica que vai além da aplicabilidade que uma dinâmica possibilita. A leitura dos significados e a experimentação se juntam para gerar novos conceitos e ressignificar novos fazeres didáticos. A desinformação e o despreparo poderão acarretar danos na formação do grupo, bem como gerar situações inadequadas de transgreção de regras da convivência humana, causando constrangimentos e, muitas vezes, provocando conflitos e frustrações.
Com efeito, a aplicação da dinâmica impõe a compreensão de fatores presentes no trabalho de grupo, como: os objetivos pretendidos, a maturidade e o tamanho do grupo, o ambiente físico, os recursos disponíveis, sua história, a natureza do trabalho, a metodologia e a abordagem epistemológica.
Na situação do ensino, o professor poderá estabelecer acordos de convivência com seus alunos e juntos discutirem as regras que normalizarão as atitudes individuais e grupais n sentido de criar no decorrer do processo uma cultura peculiar ao grupo.

O professor, entre outras habilidades e atitudes, deve:

  1. Ter clareza de objetivos;
  2. Analisar sua prática cotidianamente, acreditando que o grupo pode ser protagonista do processo de ensino-apendizagem;
  3. Ser sensível, flexível e atento ao espaço vital do grupo;
  4. Possuir habilidade, visão dialética e interdisciplinar no conhecimento e no trato das relações interpessoais;
  5. Ser empático às necessidades do grupo, acreditando em sua capacidade de desempenho e realização;
  6. Saber intervir com objetividade, intuição e cientificidade, de acordo com as situações didático-pedagógicas;
  7. Desenvolver o sentimento de pertença grupal;
  8. Compreender o significado da dimensão de aprendizagem do humano no cenário educativo, estabelecendo um clima aberto ao diálogo;
  9. Acreditar na importância das relações interpessoais na sala de aula;
  10. Ser reflexivo, estabelecendo um diálogo crítico com seus alunos;
  11. Ter um posicionamento flexível diante do inesperado;
  12. Ser ético.


É imprescindível ser claro nos objetivos, mesmo porque, quando se trabalha com grupo, a aplicação da dinâmica não constitui o fim da atividade educativa. A avaliação é continuum diagnóstico com a intenção de aperfeiçoar o processo, buscar resultados mais satisfatórios e indicar as modificações que possam facilitar a aprendizagem dos alunos, como indivíduos e membros de uma coletividade. A avaliação pressupõe um acompanhamento de trabalho, visando a compreender: a dinâmica interna e externa do grupo; as finalidades e objetivos; os recursos técnicos utilizados; os movimentos; os resultados, as dificuldades, entre outros aspectos eleitos pelo professor com os alunos.
Sugerimos que, após a aplicação da dinâmica, o professor e os alunos avaliem o processo e seus resultados.
Recomendamos ao professor que faça uma autoavaliação, analisando seu desempenho, sem perder de vista as contradições presentes na ação educativa, e incentivando o registro de memórias dos alunos.
Como forma de contribuição, selecionamos dinâmicas grupais com as quais trabalhamos. Algumas delas reinventadas e recriadas. Outras de autores já conhecidos como profissionais de notório saber na área.
O professor tem contradições de escolher um caminho metodológico que propicie a participação do grupo, organizando situações de ensino que contribuirão para o desenvolvimento de experiências em criatividade, percepção de si e dos outros, comunicação, interação, integração, administração de conflitos, expressão corporal, ludicidade, espontaneidade, produção de saberes e reelaboração de textos acadêmicos.
Evidenciamos a utilização das expressões de facilitador e professor, quando nos referimos ao desenvolvimento da dinâmica. Assim o fizemos para sinalizar as mais adequadas às situações didático-pedagógicas.
Ficam, então, as sugestões de dinâmicas como um dos caminhos que o professor pode percorrer juntos com seus alunos para que eles se relacionem se descubram como sujeitos ativos e se reconheçam como capazes de descobrir e interagir com o objetivo de conhecimento, objeto esse que pode ser a ciência, a criatividade e a compreensão do que é ser sujeito.




DINÂMICAS GRUPAIS



Desenvolver o lúdico promovendo o encontro com alegria e o
Prazer de ensinar e aprender. Possibilitar o emprego de jogos
Como estratégia pedagógica. A alegria, o humos, o prazer, são
Elementos essenciais à prática docente.

A AUTORA


As dinâmicas podem ser aplicadas com frequencia.  O que determina o sucesso de seu uso é a capacidade do facilitador fazer a leitura grupal e poder usá-las com propriedade e competência. Seus objetivos podem mudar, de acordo com o projeto de trabalho do professor e dos alunos.


1.    DINÂMICAS GRUPAIS – Situação Didática

Dinâmicas que ajudam o professor a desenvolver situações favoráveis à integração grupal. À construção do conhecimento, ao estudo de temas polêmicas ou não, ao exercício da reflexão, entre outras possibilidades.

MINI-CONFERÊNCIA – Informação para grandes grupos

O professor propicia uma exposição oral de um tema, de forma metódica, na qual assume uma atitude nitidamente ativa. Durante a mini-conferência os alunos permanecem como ouvintes.
Concluída a exposição, fomentar o debate, com a escolha de um aluno que assumirá o papel de debatedor.

SEMINÁRIO – Aprofundar um tema e socializá-lo com o grupo

O professor orienta os alunos para que examinem, individual e coletivamente, aspectos de um tema ou uma situação-problema. Cada grupo apresentará os estudos realizados, ressaltando questões, descobertas, curiosidades e aportes epistemológicos. As aulas serão realizadas em sessões planejadas. Os participantes devem recorrer às fontes bibliográficas e outros dados disponíveis para pesquisa.
O professor deverá incentivar estudos e discussões com o máximo de consistência argumentativa.

DRAMATIZAÇÃO ESPONTANEA – Trabalhando a construção coletiva do saber de forma criativa e a espontaneidade

O professor solicita aos alunos que formem subgrupos e dramatizem histórias do cotidiano que estejam relacionadas com o tema em estudo (teorias, fatos históricos e temáticas atuais). O professor orienta para que deixem a espontaneidade fluir no processo.
                         
SIMPÓSIO – Aprofundar estudos temáticos

O professor, com os alunos, sistematiza uma séria de duas ou mais exposições breves sobre um mesmo assunto. Nessa oportunidade, convidam especialistas.
Os técnicos apresentarão aspectos do tema central, mas não realizam debates entre eles, a fim de possibilitar a participação dos alunos. Esta dinâmica geralmente antecede a discussão em grupo, orientada pelo professor.

ENTREVISTA - Desenvolver autonomia dos alunos e aprofundar estudos

O professor orienta a turma para que convide um profissional com experiência na área, para ser entrevistado por um aluno escolhido pelo grupo, sobre um tema prefixado.
Ao final do debate, será realizada a plenária sob a orientação de um coordenador de mesa.

MESA REDONDA – Debater temas

Especialistas são convidados para que sustentem pontos de vista divergentes ou contraditórios sobre um mesmo assunto que exponham diante do grupo. O professor participará como debatedor e um aluno coordenará os trabalhos da mesa.

DEBATE DIRIGIDO – Propiciar debates de temas polêmicos

O professor insere questões a serem discutidas em pequenos grupos. Os alunos realizam intercâmbio de opiniões sobre um tema dado, sob a direção e animação do professor, que deve promover a participação de todos. Este deve fazer com que o grupo chegue a conclusões, por meio de perguntas e/ou exemplos.

ESTUDO DE CASO – Aprofundar estudos

O grupo estuda analítica e exclusivamente uma situação real dada (caso), com todos os detalhes, para extrair conclusões ilustrativas. É interessante que o professor elabore “estudos de caso” problematizadores e instigadores. Cada grupo apresentará suas conclusões na sala de aula, onde o debate ocorrerá sob a coordenação do professor.
Ao final, avaliar o processo.

PAINEL INTEGRADO – Desenvolver a habilidade de escrita e a criatividade
O professor propõe um tema para estudo individual: leituras de textos, livros, artigos, pesquisa bibliográfica. A partir de leituras realizadas, os alunos produzem um texto, que será distribuído aos colegas, seguindo-se-lhe uma exposição oral.

SIMULAÇÕES PEDAGÓGICAS – Aprofundar estudos específicos desenvolvendo a criatividade e a espontaneidade

O professor orienta a escolha de dois autores para serem estudados. Cada grupo desenvolverá uma pesquisa sobre a vida, obras, características, etc. Posteriormente, os dois grupos se encontrem para estabelecer um confronto entre eles (os teóricos) e criar uma dramatização (diálogos, conversas, colóquios, disputas acadêmicas, etc.)
O professor contemplará as questões teóricas e emitirá, também, comentários sobre o desempenho grupal.

DESENVOLVENDO A CRIATIVIDADE – Aprofundar temas instigando a criatividade

Cada grupo fica responsável por um tema. A apresentação poderá ser feita através e jogral, teatro, músicas, histórias, conferências, informes, cartazes, logotipos, etc. É importante que, em anexo, seja entregue a produção do saber elaborado pela equipe em sua forma acadêmica.
Ao final, o professor deverá, com os alunos, refletir sobre o seu processo e resultados.

REGISTRO PEDAGÓGICO – Desenvolver a habilidade de escrever reflexivamente

Encerra uma atividade, o professor pede que os alunos formem duplas ou grupos de até quatros. Em seguida, devem esses elaborar o registro de atividade desenvolvido em sala de aula e fazer comentários sobre a experiência.
Ao final, analisar o processo referente à produção escrita.

UMA VIAGEM TEÓRICA – Ampliar conhecimentos, desenvolvendo a imaginação

Após aulas expositivas, o professor solicita que os alunos façam uma viagem bibliográfica onde possam encontrar um “grande mestre” do tema estudado e estabelecer com ele um diálogo. Podem entregar por escrito, bem como dramatizar o diálogo. É uma atividade que desenvolve a capacidade argumentativa do aluno.
Ao professor, mediante acordo com os alunos, cabe interferir na conversa, esclarecendo, levantando questões, etc.

TRIBUNA LIVRE – Ampliar espaços para exercitar a espontaneidade e a oralidade

Após estudo individual do tema, o professor instiga os alunos para usarem a tribuna livre (espaço da sala de aula) lançando questões, fazendo comentários, depoimentos, complementações, críticas e observações concernentes ao assunto.

RODA VIVA – Desenvolver habilidades diversas: perguntar, questionar, etc.

O grupo se prepara para debater um tema. Para realizar a tarefa, o professor mostra o enfoque que o grupo pode aprofundar e orienta os alunos a vivenciarem os pepeis de entrevistados e entrevistadores. Escolhe-se um aluno para ir o centro da roda viva. Outros poderão assumir o lugar desse aluno para complementar o debate, caso o grupo de “jornalistas” convoque.

PAINEL DE EXPECTATIVAS – Conhecer as expectativas do grupo

O professor entrega aos alunos folhas de cartolina e solicita que cada grupo (formado espontaneamente), desenhe ou escreva suas expectativas ou receios relacionados com o curso. Logo em seguida, entrega nova folha de cartolina para os mesmos grupos e solicita que apresentem sugestões de dinamização do curso e superação das dificuldades indicadas.
O quadro deve ser preenchido com os cartazes dos participantes e o professor deve fazer comentários e propor um acordo de convivência


ENTREVISTA INICIAL - Facilitar o conhecimento entre os elementos de um grupo

O facilitador solicita que os alunos formem subgrupos a dois, preferencialmente com parceiros desconhecidos; durante algum tempo, os subgrupos formados se entrevistam mutuamente. Voltando ao grupo único, cada membro fará a apresentação do colega entrevistado. A seguir, o professor pede que se manifestem sobre a apresentação feita pelo colega e sobre o valor do exercício.

QUEM SOU EU? - Possibilitar o conhecimento dos participantes


Os alunos recebem uma folha de papel durante dez minutos deverão escrever cinco itens em relação a si mesmos. O facilitador pedirá aos participantes que focalizem assuntos que facilitam o conhecimento de si mesmos, e que sejam escritos com letra clara e bem legível. A folha escrita será fixada na lapela dos participantes.
Os membros circulam livremente ao mesmo tempo em que uma suave música seja ouvida. Passando em cada dois minutos de um para outro membro.
Após esta fase não verbal solicita que formem subgrupos e conversem livremente.
Ao final, fazer comentários acerca da experiência.

 

DIÁLOGO INICIAL - facilitar o conhecimento entre os elementos do grupo


 O facilitador solicita aos alunos que formem duplas e conversem sobre suas expectativas e interesses. Ao sinal convencional todas as duplinhas se desfazem, dando lugar a nova dupla. O exercício termina quando todas as duplas conversarem.

MEU JEITO DE SER - oportunizar o autoconhecimento e abertura para o outro


            Cada participante receberá do facilitador uma folha de papel em branco e canetas coloridas e/ou lápis de cores.
            O facilitador solicita que o participante desenhe um símbolo que mostre o seu jeito de ser, que tenha relação com sua pessoa.
            Logo depois solicita que os participantes prendam na lapela ou na gola e que circulem, livremente na sala. Em seguida, formam duplas e conversam livremente sobre o símbolo, tentando o conhecimento interpessoal.
           

APRESENTAÇÃO CRIATIVA (Facilitar o conhecimento do grupo)


            O professor distribui tarjas para que os alunos preencham da seguinte forma:
            Azul            - nome
            Branca       - expectativa do curso
            Amarela     - característica marcante
            Logo depois o facilitador solicita que fixem no quadro (usar a fita gomada) e façam breves comentários na sua apresentação.

CORAL DOS NOMES - Ouvir o nome das pessoas para facilitar o processo de interação dos grupos que se iniciam


            O facilitador solicita que os participantes formem um círculo de mãos dadas (depende do grupo), orientando através da exemplificação que cada um deverá ir para o centro e ou permanecer no lugar repetir várias vezes o seu nome (3 vezes) com entonações diferentes e todos os outros alunos repetirão em coro o nome do colega. Recomenda ainda, que o último nome deve ser o que o aluno mais gosta de ser chamado.


EXPECTATIVAS DO OUTRO - Refletir sobre as expectativas individuais e grupais
           
            O professor solicita que circulem livremente na sala e estruturem grupos da forma que quiserem: grupos de dois, três, quatro. Formados os grupos o facilitador orienta para que conversem sobre suas expectativas com relação ao grupo e ao curso. Após um breve tempo, novos grupos podem ser constituídos dando continuidade à conversa inicial.
Ao final, fazer comentários sobre a experiência.

O FAZER CIRATIVO – Facilitar a comunicação grupal e partilha

Reservam-se alguns minutos da aula ou reunião, para cada um apresentar algo de novo que pensou, fez ou descobriu.
Observação: Cria-se, deste modo, o hábito de fazer diferente, e os alunos aprendem a partilhar.

LEITURA CRIATIVA – Desenvolver estudos ultilizando a linguagem da narrativa

O professor entregará um texto para a leitura individual. Posteriormente, os alunos formam grupos e criam uma história sobre o tema estudado. Cada grupo apresenta sua criação.
Seguem-se os comentários gerais sobre o trabalho.


PAINEL SIMPLES – Aprofundar estudos específicos

Professor e alunos convidam especialistas na área. A mesa deverá ser composta de um coordenador encarregado de dirigir a discussão dos técnicos que apresentarão seus diversos pontos de vistas acerca da temática, com debates entre eles.
Logo após, é aberto o debate.

DIÁLOGO OU DEBATE - Desenvolver habilidade de escuta e senso crítico

Promove-se uma comunicação entre dois alunos, os quais devem discutir sobre o tema em questão, durante um tempo determinado. A turma participará do debate, acrescentando e/ou contrapondo.
Ao final, o professor faz os devidos esclarecimentos.


CONSTRUÇÃO COLETIVA – Problematizar o conhecimento em busca de soluções criativas

Apresenta-se um problema e solicita-se que cada aluno relacione numa folha, durante dois ou três minutos, todas as soluções que lhe ocorreram. Depois, as folhas começam a circular. Cada um lê as soluções de cada folha e acrescentam outras. O professor promoverá uma discussão sobre resultados.
Ao final, poderá construir um painel em sala de aula.

VIAGEM HISTÓRICA – Trabalhando a imaginação na construção do conhecimento

Após estudos dirigidos, o professor orienta para que os grupos apresentem o tema como se estivessem viajando no tempo e resgatando a história. A viagem pode ser realizada das mais diversas maneiras. Os viajantes deverão trazer presentes para os narrativos: textos, descobertas sobre as pesquisas e debates, cartazes; enfim, os materiais que o grupo produziu.
O professor, ao final, deverá refletir sobre o processo de aprendizagem e suas especificidades.

TROCANDO IDEIAS – desenvolver habilidades de questionar, levantar dúvidas e propor soluções

O professor recomenda que os alunos estudem o assunto e elaborem questões diversas e/ou apresentem dúvidas. Formam-se equipes. Cada uma responderá. Depois, os papeis são redistribuídos para outros grupos.
Encerrando, o professor fará as observações complementares necessárias.

PESQUISA PEDAGÓGICA – Desenvolver habilidades diversas

O professor solicita aos alunos que pesquisem o conteúdo nas diversas formas de linguagem: literatura, arte, música popular brasileira, música erudita, entre outras. A culminância poderá ser feita com os grupos exibindo em sala os resultados do estudo.
Cabe ao professor orientar o trabalho de pesquisa e fazer as complementações e reflexões com os alunos, ao final da atividade.

EXPOSIÇÃO DE ARTE - trabalhar a linguagem criativa

O professor promove experiências como colagem, desenho, montagens, trabalhos variados. Depois, solicita aos alunos para escolher um título e justificar a escolha. Em seguida, fazer um painel expondo os trabalhos dos participantes. Todos devem olhar e comentar sobre a experiência.

DRAMATIZAÇÃO - Refletir através do drama, aspectos do cotidiano

Cada grupo dramatiza cenas que expressem conflitos, acordos, parcerias, intrigas, etc. O professor pode, inclusive, dar sugestões de cenas, tais como:

Professor versus aluno.
Fumantes e não fumantes.
Motoristas versus pedestres irritados.
Chefe versus subordinados.
Homem versus mulher ciumenta.
Diretor versus subordinado.

PAINEL DE NOTÍCIAS - Socializar informações

O professor distribui uma folha de papel ofício aos alunos e solicita que listem as notícias da semana. Forma subgrupos para partilha das informações e para construção de um painel das notícias mais significativas. Em seguida, apresentar a relação de cada subgrupo.
Ao final, comentários sobre a experiência.


2 DINÂMICAS VARIADAS – Sensibilização, criatividade, interação, integração...

JOGO DO CONTORNO - trabalhar a percepção do outro

O professor entrega uma folha de papel madeira e pede que cada aluno faça o contorno do corpo de um colega. Depois, cada um irá preencher com figuras e objetos que tenham relação com a pessoa e apresentar ao grupão.
Ao final, avaliar a experiência.
 ATEIA GRUPAL – Trabalhar a interação

O facilitador segura o novelo de lã e inicia o exercício jogando-o para um dos participantes. Quem o recebe amarra o fio no dedo indicador a fim de manter a linha esticada. Expressa seu sentimento no momento. Depois, escolhe um colega e, falando alto o nome dele. Joga-lhe o novelo. Segue-se o mesmo procedimento com todos os demais participantes do grupo.
Ao final do exercício observam a teia. O facilitador fala sobre o significado das relações humanas e solicita que desmanchem a teia colocando-a no chão com cuidado e atenção. O facilitador recolhe o novelo.
Ao concluir explorar os sentimentos que a dinâmica proporcionou.

COMUNICAÇÃO ESPONTÂNEA – Explorar a comunicação entre os participantes

O facilitador entrega cada um dos participantes uma folha de papel contendo uma frase incompleta como, por exemplo: o que mais gosto de fazer no grupo é...
Todos deverão completar a frase que receberam.
Ao concluir, solicita que leiam as frases completadas e façam comentários.
O final, o facilitador compartilha com o grupo suas percepções.

JOGO DE CORES - Possibilitar vivenciar afinidades- interação

O facilitador solicita aos participantes que escolham uma cor. Logo em seguida à escolha, orienta para formarem subgrupos das cores escolhidas. Depois os grupos devem escolher uma forma de expressar os sentimentos.

PERSONAGEM - Desenvolver a produção criativa de textos

            O facilitador solicita a formação de grupos em número de quatro. Logo em seguida dá a consigna[18]: cada grupo deverá criar uma breve história apresentando cada elemento do grupo. Esta história deverá se apresentada em cartaz, identificando cada personagem que corresponderá a cada membro do grupo.

JOGO DE ALMOFADAS - Refletir sobre atitudes

O facilitador orienta para que cada um dos participantes segura uma almofada. Em seguida vivenciarem as atitudes: Dar, receber, pedir, rejeitar e tomar.
            Depois do exercício, o facilitador fará com o grupo os comentários.

REGRAS GRUPAIS – Construir coletivamente normas de convivência

O facilitador reflete com o grupo sobre a importância das regras no trabalho coletivo.
Divide a turma em subgrupos para a discussão das normas julgadas necessárias.
O facilitador analisar todas as propostas e formula um documento final referentes às regras grupais.
Após o exercício, fazer comentários.

HUMÔMETRO - Possibilitar a percepção de si e do grupo

            Cada participante deverá desenhar e/ou construir o seu bonequinho para mostrar ao grupo como está o seu humor, antes, durante e depois dos exercícios.
Fazer depois os comentários.

UMA VIAGEM NO ESPAÇO - Vivenciar a fantasia, a criatividade, a descoberta de sentimentos inusitados

            Todos devem se imaginar viajando pelo espaço e sendo um extraterrestre. Fazer exercício de mentalização.
            Logo depois o facilitador deve dizer que cada um procure demonstrar o sentimento de chegada através de expressão corporal.
Fazer os comentários.

JOGO INTERATIVO - Facilitar a interação

            Ao som de música, solicita-se ao grupo que ande livremente na sala procurando olhar uns para os outros. Logo em seguida o facilitador pede para todos encontrarem um lugar onde possam permanecer numa situação confortável. Depois solicitar que relembrem suas brincadeiras de infância. Em seguida orienta que cada um dos participantes escreva numa faixa de papel as brincadeiras de que lembrou, e circule pela sala procurando juntar-se àqueles com as quais se identifique. Formado os subgrupos, é dado um tempo para comentários e escolha de uma brincadeira para ser vivenciada.


PERCEPÇÃO AMBIENTAL - Dar-se conta do ambiente e de suas fronteiras


O facilitador solicita que os participantes circulem livremente na sala explorando o ambiente: espaço, objetos, tamanho, paredes, móveis, procurando situar-se naquele ambiente e no aqui e agora.  Voltam aos seus lugares e tecem comentários sobre a experiência.

CRIAÇÃO DE CENÁRIOS - Desenvolver a criatividade


O facilitador solicita que formem grupos de 5 elementos para desenvolver uma tarefa de colagem imaginando diferentes cenários, projetando-os no ano 2010. Cenários referentes ao ambiente familiar, trabalho, escola e outros.
Durante o processo, o facilitador faz várias mudanças nos grupos e explica que deem continuidade à tarefa da forma como a receberam. Depois de 20 minutos o facilitador orienta que os participantes voltem aos grupos iniciais e deem continuidade a mesma tarefa da forma como receberam.
NOTA: Estas mudanças devem ser feitas em ritmos diferentes. Ou seja, as pessoas vão sendo encaminhadas para grupos diferentes do seu, conforme o olhar atento do facilitador, que dará as consigna a partir da observação.

 

 

3  COMENTÁRIOS DO FACILITADOR


            Comentários sobre a vivência, destacando os sentimentos que afloram no momento: sentidos, atitudes, resistências, com relação a: deixar a tarefa sem concluir, mudar para outro grupo que realizava uma tarefa que não iniciara, voltar ao grupo originário, e outros que se fazem importantes, nesse instante.

VIVÊNCIA DA ESPONTANEIDADE - Desenvolver a espontaneidade

O facilitador solicita que espontaneamente formem grupos de quatro elementos e que cada grupo escolha a melhor forma de estarem juntos naquele momento: brincando de roda, conversando, trocando de lugares, passeando, dançando, etc.
Fazer comentários após a vivência.

JOGO DA AFEIÇÃO - Desenvolver a sensibilidade para o afeto

Escrever mensagens para o grupo e depositar em uma caixa. Logo em seguida serão retirados por dupla e lido para todos. Este é um momento em que o facilitador deverá explorar com o grupo a relação amorosa entre eles e o compromisso com o outro.

 ATITUDES DA VIDA - Incentivar à reflexão

O facilitador solicita que os participantes escrevam numa papeleta as atitudes que consideram mais importantes em sua vida.  Todos circulam na sala, ao som de uma música suave
O facilitador deve falar sobre aspectos fundamentais acerca das relações humanas, dos preconceitos
Fazem comentários sobre o exercício.

FOTOGRAFIA - Reconhecer fatos para reflexão      

            O facilitador deve solicitar aos participantes que imaginem o cenário de trabalho. Depois batam uma foto. Cada participante fará sua fotografia e fixará no painel para comentários com o grupo sobre o processo.

DESCOBERTA DE TALENTOS E POTENCIALIDADES - Possibilitar a descoberta de talentos de forma criativa

            O facilitador orienta para que as pessoas pensem nas potencialidades que cada um possui. Depois solicita que mostrem sua desenvoltura em um cenário por eles próprios montado, e digam se este foi ou não adequado ao momento.
Preparar a “feira de talentos”.

CIRANDAS - Vivenciar a integração através da ludicidade

O facilitador distribui com cada participante do grupo uma papeleta, cada uma escrita o começo de uma canção. Logo em seguida, o animador solicita que todos cantando procurem os seus companheiros que receberam a papeleta com a mesma música.
Após o exercício, analisar a experiência.

TROCA DE AFEIÇÃO - Trabalhar a auto- estima

            O facilitador solicita que os participantes circulem livremente na sala procurem pensar sobre os aspectos positivos da relação humana, procurando descobrir o que agrada nas pessoas, seu jeito de ser, sua forma de falar, a gentileza, dentre outras qualidades.
Em seguida formar duplas espontaneamente e as pessoas devem dizer para as outras o que gostam, o que aprecia nelas.


COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DE SÍMBOLOS - Facilitar o processo do reconhecimento de si

            O facilitador solicita que cada um reflita sobre seu jeito de ser, suas características. Logo em seguida entrega uma folha em branco, com canetas coloridas e/ou lápis de cores e pede para que cada um imagine um símbolo que demonstre sua maneira de ser. Depois cada elemento do grupo deve desenhar o símbolo e colocar no quadro. Seguem-se os comentários sobre as escolhas e a experiência de uma maneira geral.

IDENTIFICAÇÃO POSITIVA - Projetar sentimentos de auto percepção e compartilhamento

O facilitador organiza no centro da sala figuras variadas. Ao som de uma música, os participantes deverão escolher uma que goste e depois, sentados em círculo, manifestaras razões de sua opção.

CÍRCULO - Refletir sobre a inclusão e exclusão, em suas várias facetas: emocional, social, cultural, etc.

O facilitador desenha com um giz três círculos. Cada um de tamanhos diferentes. Solicita que primeiramente os participantes ocupem os três círculos.  Assim a outra consigna é para ocupar dois círculos e finalmente um circulo.
Analisar sobre o processo, relacionando com as situações da vida: mercado de trabalho, sala de aula, família, etc.

EXPECTATIVAS PROFISSIONAIS - Compartilhar projetos, facilitando a integração grupal

O facilitador orienta para que cada participante desenhe e escreva suas expectativas e faça a troca entre os colegas. Ulteriormente, o facilitador proporciona uma discussão sobre as diferentes expectativas e suas especificidades.

FESTA À FANTASIA - Desenvolver a criatividade e espontaneidade, arte e autoestima

            O facilitador coloca à disposição dos participantes: roupas, adereços, papeis coloridos, tintas, pinceis, lantejoulas, etc. Solicita que cada um construa sua fantasia. Logo após, os participantes desfilam ao som da música escolhida por eles.
Ao final, comentários sobre a vivência orientados pelo facilitador

 CAIXIA DE AFETO - Fortalecer a integração  

O facilitador solicita que cada um envie mensagens para todo o grupo, logo depois, coloca os bilhetinhos numa caixa. As participantes tiram aleatoriamente dizem as mensagens. O exercício é feito ao som de música.
Após a leitura, são emitidos comentários.

QUEBRA DE PARADIGMAS - Trabalhar a mudança e resistência cultural e pessoal, etc.

            Cada grupo recebe a tarefa de apresentar uma situação que apresente quebra de paradigma. O facilitador orienta para diversidade de apresentação.
Em seguida, comentários acerca do processo, resistências, dificuldades e facilidades individuais e grupais.

O JOGO DE SINAIS - Desenvolver a atenção, integração e ludicidade

            O facilitador apresenta quatro tonalidades de cores: azul, vermelho, branco, amarelo, explicando o significado de cada uma delas no exercício. Branco significa cumprimentar, vermelho dançar, azul trocar de par e amarelo parar.  Ao som de música de ritmo animado, o grupo livre inicia o jogo alternando a chamada das cores.
Ao final, os comentários sobre a experiência.

CONTAR HISTÓRIA - Desenvolver a criatividade e produção de textos

             O facilitador aquece o grupo com exercícios de imaginação (piso mágico, mudança de ritmo, resgatando fantasias...) e em seguida divide a turma em grupos. Cada grupo tentará criar uma história.
Apresentar o resultado ao grupão e fazer comentários sobre o processo.

JOGO DE DADO - Desenvolver a atenção, a ludicidade e integração grupal

                        O facilitador joga um dado construído em caixa de papelão. Cada numero representa um movimento que o grupo deverá fazer: 1—ficar triste; 2- gargalhar; 3- bater palmas 4- cumprimentar o colega vizinho 5- sapatear e 6- dançar. O facilitador poderá definir com o grupo quais os movimentos correspondentes aos números. O exercício se desenvolve a cada jogada do dado.

BAZAR DE TROCAS - Trabalhar a comunicação

O facilitador solicita que os grupos façam bazar. Todos já devem ter trazidos os mais interessantes e inusitados objetos o para trocar (ficticiamente) com os colegas. Esse processo é animado pelo facilitador, que orienta para que troquem os objetos.
Fazer comentários sobre o exercício enfocando a comunicação: dificuldade, vantagens, etc.

BAZAR DAS MOTIVAÇÕES - Reflexão sobre as motivações no trabalho

O facilitador solicita que os grupos montem um bazar de motivações: prazer, dinheiro, elogios, reconhecimento, companheirismo, solidariedade, etc. Cada grupo terá um tempo para vender suas motivações de trabalho para os colegas. Ao final, analisar o exercício.

O CARACOL HUMANO - Trabalhando ritmo grupal

            O facilitador orienta para que o grupo modele um caracol e procure se movimentar, ao som de vários ritmos musicais em sincronia.
Ao final, fazer comentários de vivência.
           
IMÃ - Refletir sobre relações de poder, atitudes de mando e obediência

Facilitador solicita ao grupo para formarem duplas. Logo em seguida orienta para imaginarem que um dos pares tem um imã na mão e o outro um ferro no centro da testa. Em seguida, explica que o imã comandará os movimentos. Os papéis serão invertidos durante a dinâmica.
            Fazer comentários, ressaltando a questão do poder e refletir sobre dois papeis: dirigir e ser dirigido.
 
DANÇA CRIATIVA - Desenvolver a criatividade e integração grupal

            O facilitador orienta para que o grupo, buscando harmonia, realize uma coreografia coletiva, onde todos dancem e criem movimentos criativos. É um momento em que o grupo tem a oportunidade de experiênciar algo diferente.

JOGO DOS QUADRADOS - Reflexão sobre o processo de inclusão e exclusão sob diferentes ângulos: social, cultural, pessoal

            O facilitador desenha no chão, ou coloca fitas gomadas formando quadrados: O maior, depois um menor e assim por diante. Em seguida, o facilitador explica que ao som do apito devem ocupar o espaço do quadrado.  Repete várias vezes até o grupo ocupar o menor e último quadrado.
Analisar a dinâmica, relacionando-a com a questão da seletividade de mercado, posição na organização, dentre outros aspectos.
TEATRO DO ABSURDO - Desenvolvendo a criatividade, arte e espontaneidade

            O facilitador solicita que os participantes tragam roupas, adereços, os mais variados que puderem. Os participantes organizam este material expondo para que todos possam ver, logo em seguida, ao som de música (escolha do facilitador) dá consignas variadas: olhar para o colega, andar em diferentes ritmos, imaginar um local diferente, pensar na magia de ser criança, etc. Assim, durante esse processo orienta para que uma escolha um personagem que lhe agrade ou se identifique. Suavemente então vai solicitando que cada um revele para o grupo. Logo após esse momento, o facilitador apresenta uma proposta para o grupo. Montar o teatro do absurdo criando uma história, que será dramatizada, com a inclusão de todos os personagens.
Fazer comentários após o exercício.

O CIRCO - Trabalhando criatividade, arte, integração e divisão de tarefas
            O facilitador solicita que o grupo montar um circo, apresentando números diversos: malabarismo, cantadores, mágicos, palhaços, piadistas, dançarinas. A montagem desta dinâmica envolve preparação anterior.
Analisar a experiência.

DANÇANDO COM AS ESTRELAS - Experênciando à fantasia cósmica

            O facilitador ao som de música instrumental instiga aos participantes que façam uma viagem ao espaço e escolham estrelas e imaginem dançando livremente com elas. Nessa ocasião o facilitar explora a fantasia e a criativa de do grupo. Depois comentários sobre tamanho, cor, brilho, jeito de ser das estrelas, sentimentos, outros.

DESENHO E/OU COLAGEM GRUPAL COOPERATIVA - Desenvolver a criatividade e a integração grupal

            O professor solicita que a turma se divida em três grupos e pede para fazerem um desenho e /ou uma colagem criativa com a participação de todos. Sobre o tema estudado.
Ao final, o facilitador promove uma análise da experiência.

SOMBRA - Vivenciar a inversão de papeis

            Os alunos formam duplas, e o facilitador solicita que cada um seja a sombra do outro. Orienta para desenvolverem movimentos alegres e inusitados: Comentários sobre a experiência. Inverte os papeis e são formadas outras duplas, realizando novas inverções de papel.
Fazer comentários sobre a experiência.

MÃOS MÁGICAS – deixar fluir a imaginação criativa

            O facilitador orienta que formem duplas e pede que um se imagine com mãos mágicas: podem explorar o ambiente, construir objetos imaginários, inventar algo para o colega, etc. Dependerá de o facilitador aquecer o grupo para a criatividade que a experiência comporta.   Logo em seguida inverter os papeis e posteriores comentários no grupão.

CORREDOR HUMANO - Compartilhamento da afetividade

O facilitador orienta para formarem um corredor humano. Enfileirados olhando uns para os outros. Os alunos em duplas ou sozinhos passam pelo corredor recebendo por parte dos colegas manifestações de afeto. Ora em silêncio, ora com falas em sussurro. Este processo dependerá da leitura do facilitado durante o processo.

BAÚ DE SURPRESAS - Desenvolvendo o sentimento de troca e compartilha

            O facilitador orienta para que todos coloquem no baú os seus ganhos nas dinâmicas grupais, surpresas e revelações. O baú poderá ser aberto sempre que se fizer necessário.
Ao final do curso, todas as anotações serão lidas e analisadas.

PAINEL COLETIVO - Desenvolvendo a criatividade coletivamente


O facilitador solicita que sejam formadas duplas. Cada grupo deverá criar uma frase para o grupo sobre um tema escolhido: amor, colaboração, mudança etc. Primeira dupla fixará sua frase no painel. Logo em seguida os outros grupos farão o mesmo e vão esteticamente construindo um painel criativo elaborado coletivamente.

COCHICHO AFETIVO - Trabalhando a afetividade, a troca e o compartilhamento

            Ao som de música instrumental, o facilitador orienta para que os participantes andem livremente pela sala olhando uns para os outros. Depois dá a consigna para que digam o que apreciam no colega, em tom de cochicho. O exercício é para proporcionar que os participantes tenham oportunidade de comunicar suas impressões, e sentimentos para com os colegas

 

PISO MÁGICO - Desenvolver a imaginação

O facilitador solicita que os participantes imaginem que o piso muda de acordo com o comando do facilitador: quente, frio, com tachinhas, escorregadio, fofo, etc. Depende da criatividade do facilitador. Esta é uma dinâmica de aquecimento para trabalhar a criatividade.

           
  DANÇA CRIATIVA - Trabalhando a arte e a criatividade, ritmo

Cada participante poderá dançar criativamente explorando o ambiente. Os diferentes sons e ritmos devem possibilitar a expressão corporal. Ótimo exercício de aquecimento “inespecífico”[19] para incentivar o grupo.

ANDANÇAS - Desenvolver o ritmo e integração grupal

O facilitador solicita que os participantes procurem andar de várias maneiras: devagar, mais depressa, lentamente, mais rápido, etc. Depois, em círculo dá a consigna para que andem em duplas, mas cada um no seu ritmo.
Depois analisa o exercício com o grupo.

MOVIMENTOS CRIATIVOS - Desenvolver a criatividade

O facilitador orienta para que os participantes procurem imitar os movimentos das ondas do mar, do trem, da chuva... Continuando o exercício, dá a consigna para que procurem imitar o que desejarem, naquele momento, de forma original.

DUPLA CRIATIVA - Desenvolver arte e criatividade

Dançar em dupla vários ritmos, criando diversas coreografias. Logo em seguida, trocar de pares e continuar o jogo de troca e de danças.

JOGO DA IMAGINAÇÃO - Incentivar a imaginação

Solicitar aos participantes que se imaginem como um pássaro voando, uma borboleta saindo do casulo, pintando o sol, pegando estrelas e guardando em uma caixa, tocando numa banda.
Fazer comentários sobre exercícios.

PESQUISANDO O SEU CORPO - Exercício de auto - conhecimento corporal

Ao som de música instrumental, o facilitador orienta para os participantes   pesquisarem o corpo com as mãos: tocar os braços, a nuca, o pescoço, os ombros, massagear a nuca, dentre outros movimentos. Sobretudo, tentando conhecer seu corpo e suas possibilidades.
Ao final, os comentários, indicando dificuldades, sentimentos, descobertas.

 BRINCADEIRAS DE FANTASIA - Desenvolve a imaginação e criatividade


 Ao som de vários ritmos musicais o facilitador orienta para que os participantes brinquem: com uma bola invisível, uma fada dourada, um duende, com veterana, e finalmente com os personagens que desejarem. Comentar a dinâmica destacando os sentimentos e as impressões relacionadas com a fantasia vivenciada.

DIÁLOGO - Propiciar a integração grupal

O facilitador solicita aos participantes que formem duplas. Orienta para conversarem com as amenidades e trocar experiências. Nesta dinâmica, as duplas podem ser trocadas e/ou permanecer as mesmas. A mudança dependerá do desempenho do grupo.

PORTA RETRATO - Resgatar autoestima, desenvolver integração grupal através da percepção de si e do outro

O facilitador orienta para que cada participante crie a sua porta-retrato. Cada um deverá construir o seu retrato no grupo. Fazer os comentários posteriores. Durante a dinâmica, é importante que o facilitador oriente para que os participantes invistam em fotografia de momentos positivos e agradáveis.
Analisar a experiência com base na percepção dos participantes quanto à inserção grupal.

JOGAR COM O OUTRO – Trabalhar percepção de si e do outro numa situação grupal

Com uma bola pequena (tênis) jogar para o outro dizendo suas qualidades e perguntando QUEM É VOCÊ? Quem recebeu a bola deverá continuar o exercício. Outras situações poder ser criadas pelo facilitador.
Ao final fazer comentários sobre a experiência.

CAMINHAR JUNTOS DE MÃOS DADAS – Desenvolver integração e atitudes de partilha

Os participantes caminham pela sala, em duplas, de mãos dadas. Durante algum tempo da caminhada, promove-se a troca de pares. Difunde-se integração e atitudes afetivas.













5
BIBLIOGRÁFIA







 


VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

           

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DEWEY, Jonh.  Democracia e Educação, São Paulo, Melhoramento, 1959

----------------------Vida e Educação. São Melhoramento, 1959.

MASLOW, Abrahan H. Introdução a Psicologia do Ser. Rio de Janeiro, Tijuca         

          1973
LIMA, Lauro de Oliveira. Mutações em Educação Segundo Mac Luhan. Vozes
       1971






[1]  ALVES, Rubens. Conversas para quem gosta de ensinar / Rubens Alves,
28. Ed. São Paulo: Cortez – 1993.

[2] Este capítulo é resultante da pesquisa, de natureza qualitativa, realizada pela autora no período de 1994 a 1999, na Universidade de Fortaleza e em outros locais em que atuou como autora e facilitadora de grupo.
[3] O instrumento de coleta utilizado foi o “memorial” – registro das experiências intersubjetivas dos alunos e participantes do trabalho em grupo.
[4]A abordagem escolhida foi a de priorizar o indivíduo dentro do grupo para chegar à compreensão do processo grupal.
[5] O estudo procurou, a partir das singularidades inseridas no processo grupal, ressignificar e redimensionar a prática pedagógica desenvolvida pela facilitadora no decorrer das dinâmicas grupais em salas de aulas e em outras cicunstâncias educativas.

[6] Os nomes são fictícios para resguardar os sujeitos em seu anonimato.
[7] Técnica que consiste em falar em voz alta o que se está pensando, ou sentimento naquele momento.
[8] Sociodrama – método psicodrómico, bastante utilizado nas atividades com grupos.
[9] Técnica de inversão de papeis: consiste em trocar o papel do protagonista com o de seu interlocutor ou interlocutores.
[10] Dramatização é o núcleo do psicodrama. Nesse contexto dramático, as situações são analisadas pelo grupo.
[11] Há jogos cooperativos que ensejam a vivência da colaboração, do respeito ao ritmo do outro e da prática solidária.
[12] Processo de construção de imagens no psicodrama. Quando se deseja que o grupo tenha uma visão estrutural dos fatos para facilitar sua compreesão e seu dicernimento, utiliza-se a técnica de imagens.
[13] Compreensão do que é Comunicação analógica como significado comunicacional do contexto. Para melhor entendimento ler A pragmática da Comunicação humana, de Paul Natzlawick e outros (citado na bibliografia).
[14] Substituído depois pelo estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069 de 13.07.90.
[15] Centro Educacional Aldace Barbosa Mota – Unidade de tiragem feminina.
[16] Formação em Psicodrama Aplicado: curso realizado em Fortaleza para profissionais de diferentes formações – promovidos pela Associação Cearense de Psicologia – ACEP.
[17] J.L. Moreno, psiquiatra norte-americano, criador do teatro terapêutico ou psicodrama que ele define como ciência que explora a verdade, através do método dramático.
[18] Consigna significa comando, sinal, direção que o facilitador escolhe para aplicar a dinâmica.
[19] Técnica de aquecimento utilizada no método psicodramático.

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Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.