Incógnita
Regina
Barros Leal
E então se perguntou. Quem era
ela? Essa mulher pequena, risonha e colérica que amansou seu coração? Quem
realmente viveu nessa matéria bem cuidada, correu loucamente desvairada sob os
pisos das calçadas de cimento, malcuidados, ou terra batida no quintal da casa?
Quem percorreu nas galerias dos sonhos, brincando de menina valente, sob os
céus de mil estrelas, algumas cadentes? Nascida sem espera, chorou a vida e
brincou nas águas das chuvas que alagavam o jardim, sentindo seus pés
enterrados nas folhas secas molhadas? Nesse giro da vida que virou redemoinho,
o tempo derramava-se pelos córregos dos rios passantes e os olhos lacrimavam de
medo! Seria o homem do saco ou a bruxa malvada?
Essa menina cresceu pouco, mas imaginou muito, voejando como as fadas
que cruzam os devaneios de criança. Fez-se mulher pequena, crescente nas
ideias, emudecida na dor e barulhenta no riso solto. Essa parece a que conheço,
mas nem sabe quem ela é! Mas onde está a
mulher silenciosa das noites mal dormidas, nos cansados dias de tormento, de
pensamentos ensandecidos? Quem é essa mulher apaixonada, amante calorosa,
enlaçando o parceiro nas brumas da noite, colhendo amores e calores nos
momentos encantados? Esta também nem sabe quem é. Os cabelos brancos surgem na
dor e adornam o rosto da mulher, como chamas ardentes. Quem realmente ela é?
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