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CRÔNICAS DOCENTES

Segunda feira: horário AB

Já em organizando o material, abrindo o netbook, observo que devagarzinho os alunos adentrando a sala, muito embora outros já estão em sala, tranqüilos, sempre os mais pontuais.  Eram 7hs30ms da manhã de uma segunda feira. Primeira aula do dia. Sentados, alguns bocejavam e espreguiçavam na cadeira. Olhares sonolentos. Márcia colocou os livros sobre a mesa. Parou para organizar os textos que iria entregar sobre o novo assunto. O rapaz da secretaria chegou para montar o data show. Assim o fez.
7hs 45ms. A maioria chega reclamando do trânsito. O chafurdo de carros e as novas construções no arredores da universidade, fatos irritantes do trânsito, congestionamentos, estacionamento entre outras lamentações.
 Iniciou a aula com uma exposição sobre o tema. Tentou o debate e conseguiu alguma participação meio que tímida e indolente. Não desanimou. Colocou no quadro uma situação problema. Um enigma. Entregou o texto do referido o autor, sua biografia, suas contribuições sobre o assunto.. Cada um dos alunos recebeu o texto. Um arriscou a pergunta drástica.
 _ É para ler agora professora?
Respondeu
 – Sim. Não deixem de inserir parte de nossos debates em sala. Tentem entender o autor e responder a pergunta. Precisam fazer uma leitura silenciosa, individual, para depois discutir em grupo. È um texto de apenas duas páginas.
Leram silenciosamente. 15 minutos. Márcia solicitou então que formassem pequenos grupos de três alunos. Foi aquele barulho: cadeiras arrastadas, confusão para formar as equipes. Dúvidas como:
 – São quantos na equipe professor? - Pode ser um grupo de cinco?  - Estamos aguardando a nossa amiga que ainda não chegou. – O que é para fazer mesmo? –è para entregar na quarta? Perguntas feitas aos desatentos às orientações.
E assim um carrilhão de perguntas encheu a sala de aula de dúvidas e uma barulheira só. E o tempo passando...
Parou e pediu silêncio. Orientou que levantassem as cadeiras, de forma silenciosa para não causar incômodo. Comentou então sobre as regras grupais. Poderiam pesquisar como quisessem: livros, redes sociais, internet etc.
Os grupos se formaram e iniciaram o trabalho. Silenciosamente percorria cada   grupo. Conversas jogadas fora, alunos atentos à leitura, debates sobre o jogo anterior dos times rivais; namoro, baladas, outros autores conhecidos do tema; argumentos teóricos. Enfim, uma salada de conversa.  Márcia caminhava entre os grupos e opinava, ria, participava do bate-papo e os trazia, de quando em vez, para os objetivos da aula. Sentava com eles, discutia e assim sendo foi adiante.
Terminou e marcou para o outro dia a continuação do debate. Foi quando um aluno, perguntou:
- É pra nota professora?
  Márcia respondeu afirmativamente e fez a chamada.






Surpresa

Estavam sentados em fileiras. 45 alunos. Iniciou a aula. Explicou sobre os teóricos mais importantes, renomados na área, contando inclusive estórias acerca de suas façanhas, usou o data show dos slides que fizera no dia anterior, com bastante interesse. À medida que falava olhava para os alunos esperando, em algum momento, um gesto de confirmação, uma dúvida, uma apreciação sobre o tema, um olhar mais atento. Entristecida percebia uma platéia quase alheia aos acontecimentos pedagógicos. Uns com os celulares, outros desatentos à aula; outros escrevendo no caderno.  Distante alguém olhava para a porta da sala como que esperando algo diferente; O que era mais arrepiante eram alunos esparramados sobre a cadeira, quase dormindo, principalmente, aqueles que se sentavam atrás, nas últimas fileiras, como que se escondendo do professor. Alunos aglomerados, em baixo dos ventiladores.
Desânimo! Ainda não. Buscou tornar a apresentação mais interessante, mostrando os slides, gesticulando,discorrendo sobre as questões presentes no assunto.. Nada. O tédio se espalhava pela sala enchendo o ambiente de alquebramento ou desinteresse. Puxa vida! Tinha preparado no dia anterior os slides com muito entusiasmo e esses alunos?
Lembou-se de Schon...reflexão na ação.
            Deu pausa na apresentação e perguntou se aquele tema teria alguma relação com a prática. Deu exemplos. Reboliço na sala. Vozerio do interesse. Alguém pergunta:
         - Professora então pode aplicar na minha prática? Disse um dos alunos atentos ao processo.
            Salvação!
Que pergunta pertinente ao momento. A partir daí foi deflagrado um desfile de exemplos, dados por eles, bem interessantes, Muitas situações inteligentes, lúdicas. A turma alvoroçada participava das reflexões sobre os problemas cotidianos da aplicabilidade dos conceitos. A sala estava colorida de risos e exemplos interessantes. Os olhos inquietos demonstravam empenho. Foi surpreendente para Márcia assistir o mergulho juvenil em suas reflexões iniciantes.
O tempo passou e, finalmente fez a pergunta chave:
- Como foi à aula hoje?
De forma enfática, um coro de vozes diz:
 - Legal professora.



E a nota professor?
         

                         Regina Barros Leal


 
Estava sentada entregando os resultados das primeiras verificações: um teste subjetivo e um relatório de visita a uma escola Entregava individualmente e conversava com cada aluno sobre suas dificuldades e progressos. Alguns conseguiram apropriar-se do conhecimento e elaborar um relatório bem estruturado, inclusive apontando sugestões para a próxima atividade. Na oportunidade, foi entregando as notas pelos trabalhos. Foi aí que alguns alunos se manifestaram:
-Professora, eu tirei um nota cinco (5). Não é possível. Eu estudei muito e não consegui tirar um oito (8). Poderia fazer um trabalho valendo três pontos? Se eu fizer, fico na média.
Outro aluno falou;
-É isso aí, eu não quero ir para a prova final. Dá um jeito professora! Quebre o galho e passe um trabalho para melhorar a nota...
 Continuando outra aluna falou num tom manhoso:
- O professor X passou um trabalho para a gente alcançar à média. Por que a senhora não faz como ele? Tem algum problema?
Engoli seco. Essas propostas ainda me incomodam profundamente. Respondi tranqüilamente, muito embora ainda lamentando o equívoco.
-Bem, penso que há um engano aqui. Em primeiro lugar, defendo a idéia de que, quando se atribui uma nota, se está qualificando um resultado. Portanto, no meu entendimento de avaliação não se recupera nota dando pontos. Mas sim ensejando novas condições de aprendizagem. A avaliação é diagnostica na medida em que possibilita ao aluno dar-se conta de que precisa estudar para superar suas dificuldades indicadas. Enquanto isso o professor deve sinalizar que a turma tem dificuldade e avaliar também o seu desempenho. Portanto, caso desejem superar suas dificuldades, vamos fazer outro teste dos mesmos conteúdos, novas visitas e outros relatórios. Caso eu não tenha sido clara estou querendo elucidar as dúvidas. Quem deseja melhorar seu desempenho terá que percorrer o mesmo trajeto, mesmo que utilize outros instrumentos se os que indicados não foram adequados às suas peculiaridades. Concordam? E isso eu mencionei porque o tempo de entregar os resultados ainda não se esgotara.
Alguns alunos que se sentiram prejudicados refutaram:
            -De jeito nenhum. A nossa proposta é fazer um trabalho de qualquer tema para melhorar a nota- já expressando aborrecimento pela situação e demonstrando inquietação;
            Mantendo a calma porque já sabia que não era de bom tom negligenciar minha emoção, mesmo porque esse é sem dúvida um fato mais do que comum, falei:
            -Muito bem. Aqueles alunos que não estão na mesma situação podem sair que eu preciso resolver esse problema. Falei, dirigindo-me à turma.
 Silencio total. Os alunos foram saindo rapidamente. Ficaram na sala uns dez alunos, com notas que variavam de 4 a 6.
-Sinto muito pelo constrangimento, mas quero que entendam o seguinte. Vocês estão aqui para aprender. Meu papel é facilitar a aprendizagem do aluno que é intransferível. Costumo dizer para meus alunos que não negocio conhecimento. Percebem o que quero dizer? Não faço trocas, não comercializo notas. Mas estou aqui para ajudá- los no que for preciso. Esclareço as dúvidas, indico a bibliografia necessária, atendo individualmente.

-          Isso é conversa fiada Por que a senhora quer ser diferente?

-           Fazer a diferença é uma ousadia.  Mas na verdade não estou sendo incomum. Estou procurando ser coerente. Comece logo hoje a pensar que há outras maneiras de superar as suas dificuldades. Podemos conversar.

 - Bem professora, com a senhora não adianta mesmo. Dizendo isso, saiu empertigado e resmungando sua decepção. Os outros alunos o acompanharam certamente insatisfeitos.

Deixei a sala pensativa. Perguntava-me sobre o que na verdade importava para os alunos?  Aprender? Ter um diploma? Qual seria a nossa contribuição? Como desenvolver uma ação pedagógica comprometida com a aprendizagem do aluno? O que fazer com essa rotina acadêmica de passar trabalhos para melhorar notas? Como essa prática pode contribuir para formar alunos críticos e criativos? Cidadãos? Profissionais competentes? Detentores do conhecimento?  Lembrei-me de Rubens Alves, ao referir sobre a formação do educador daquilo que poderíamos ser se não tivéssemos sido domesticados em Conversas com quem gosta de Ensinar
Ao chegar à sala dos professores, tomando um cafezinho, silenciosamente pensei.  Quem sabe a minha postura poderia servir de reflexão para meus alunos?  Era uma incógnita. Mas eu tinha uma certeza, como educadora, de que não desistiria de minhas convicções.


Planejamento

                                               Regina Barros Leal

Um alvoroço. Todos falavam ao mesmo tempo.  O tema era por demais interessante:   O planejamento escolar.
           Perguntava-lhes: - Por que planejar?
            Pausa. Um silêncio incômodo. Cabeças baixas, resmungo e comentários paralelos aliados à expressões de desagrado. Retomamos com a questão que levara às mais diferentes reações. Planejamento escolar. Nesse trajeto discursivo ouvi interessantes indagações e extremadas posições:

         -Nós só vamos para as chamadas reuniões de planejamento porque é o jeito.  Não seria necessário o dia todo para copiar o plano, pois já tenho muito tempo de trabalho como professora .
 Menina, as vezes eu telefono e eu tomo conhecimento da reunião...É sempre é  a mesma coisa....A coordenadora pedagógica não diz nada, só reclama! As vezes, traz tudo pronto para executarmos...
 Interessante,  na minha escola nós discutimos em conjunto e elaborarmos nossas atividades. Acredite, com  a elaboração do projeto  pedagógico a gente aprendeu a trabalhar juntos.
O diretor fez uma convênio com uma consultoria de Sáo Paulo,  mas, nós [professores só  executamos o planejamento que eles apresentam e  deixam claro nosso papel : Tem ser como eles disseram....Ah!  Eu desaprendi, é tanta novidade mal contada  que eu não sei por onde começar. Puxa vida, um processo  que eu só executo. Gostaria de criar novas situações de aprendizagem.
Os treinamentos são rápidos e nós temos que nos virar. Não sei como vou trabalhar em ciclos se não sei nem o que realmente significa. Como vou planejar o que eu não sei fazer? Eles são ótimos para cobrar, mas péssimos para orientar.
Tais falas expressavam diferentes sentimentos.
 Refletimos sobre então sobre eles. A reflexão nos levou a discutir sobre   Política Educacional,  a  Lei de Diretrizes e Bases- LDB, os Parâmetros Curriculares- PCNS, as Diretrizes Curriculares,    os encontros nacionais, o provão das universidades,  o ENEN, os Institutos Superiores de Educação,  a reforma do curso de  Pedagogia, as novas competências profissionais na área de educação,  as novas exigências com relação ao professor, a  corrida desenfreada  de professores em busca da  titulação em nível superior pressionados  pela exigência legal  e pela necessidade premente de qualificação profissional

Perguntamos-nos? O que esse contexto atual tem gerado?  Conflitos? Desconfortos? Satisfação?
Assim fomos percorrendo um trajeto discursivo estimulados a aprofundar estudos em torno desta temática.
 Questionava com eles:
 Perguntava:   - Como traduzir no cotidiano da sala de aula a presença destas amplas questões ? Como  entender que tais reflexões  fazem parte, não só  de um grande jogo de interesse ideológicos, políticos, sociais e  que não são apenas de âmbito nacional, regional, estadual e ou municipal, mas  reflete um  mundo globalizado, capitalista,  que  vem determinando  os rumos da educação brasileira? Em que as regras da mundialização da economia, do avanço do neo-- liberalismo tem contribuído  para a mudança de paradigmas econômicos, sociais, culturais e educacionais? Qual a relação do tema com essas questões  amplas? Qual o seu tamanho?
 Nesse cenário de debates, inseri elementos conceituais sobre   planejamento, seus pressupostos teóricos, metodológicos, políticos, econômicos e históricos. Retomamos tais questões resgatando um olhar dialético
Ratifiquei que planejar não significa tão somente antever uma ação, sistematizar tarefas, organizar atividades do tempo, definir conteúdos e  selecionar objetivos numa linguagem  predominantemente instrumental, acritica, retratando um fazer estático, burocrático e alienado  desvinculado de um visão mais ampla do processo educativo
            Mergulhada nessas reflexões, dei-me conta de que poderia  adequar a experiência de Jussara Hoffman sobre avaliação e  resolvi investigar as representações sociais  que os alunos tinham sobre  processo de planejamento. E comecei a investida na esperança que minha aventura pedagógica nos conduzisse a um caminho de  revelações e reflexão.
            1. etapa:
            Solicitei  que  mostrassem, através do desenho, o que sentiam sobre o planejamento escolar. Assim o fizeram.
No segundo momento extrapolei a experiência anterior e arrisquei continuar o processo de reflexão. Criei outra etapa
2. etapa:
 Orientei que cada uma escrevesse as dúvidas, as expectativas, as experiências que tinham com  o planejamento escolar recomendando que não se preocupassem com a forma, mas sim com as idéias, sem censuras. Era uma espécie de tempestade mental escrita e individual.
            3. etapa:
Terminada a tarefa, mais uma vez fiz uma solicitação, só que desta feita, pedi que  cada um tentasse reorganizar o texto de forma estruturada. Alguns sussurros em sala, algumas manifestações de cansaço, outras de resistência alegando dificuldades em escrever.
 Enfim, terminada a tarefa,  recebi o material e disse que no dia seguinte traria para discutir em sala.
Em casa comecei a analisar   o material: desenhos de :

Balança, régua, estrada, cadeira quebrada, relógio, nuvem passageira( diz a professora no desenho) um símbolo do nazismo, desenho de uma fábrica,  um dedo apontando para uma figura humana de joelho, espirais, estrada com sol ao final, túnel com porta aberta ao final, portas abertas de um lado e fechada do outros, grupos de pessoas em círculo com a presença de uma pessoa coordenando, grupo de professores no mesmo plano, arvores, mesa posta, espadas em luta ( escrita- uma batalha cotidiana), pontos de interrogação, Pontos de exclamação, plantas de casa,  e muitas outras...

            Processando a análise dos desenhos encontrei( sob minha ótica é claro) diferentes sentimentos:
            medo, abertura, resistência, rotina, desesperança, descrédito, submissão, dúvida, crença, entusiasmo, desencanto, alegria, amargura, revolta, 
Nessa leitura analítica constatei 70% dos desenhos refletiam sentimentos negativos e somente 30% expressavam forte dose de  otimismo.
            Logo em seguida fui ler os textos produzidos pelos alunos e verifiquei que seus escritos eram coerentes com os sentimentos retratados nos desenhos.. O mais interessante é que ao processar uma análise de conteúdo da produção escrita verifiquei que 90% das produções  refletiam um mal estar visível principalmente destacando, segundo eles, as  enfadonhas reuniões de planejamento. Tal expressão foi uma das mais recorrentes nos trabalhos escritos.
De posse dessa análise, no outro dia,  iniciei com os alunos uma reflexão sobre o material, destacando a análise feita. Foi um sucesso.!  Na verdade, o debate possibilitou a revisão sobre os conceitos apreendidos ao longo da prática pedagógica massacrada por modelos  tradicionais e tecnicistas, onde o professor teria que ser um profissional de conteúdos e ou um  técnico,  longe de ser um  educador com as competências necessárias ao desenvolvimento de seu trabalho pedagógico.
Ah! Tem mais!  Decidimos aprofundar  o tema, ler os autores que discutem essa questão e   sobretudo relacionar  com outros saberes numa tentativa de reconhecer a interdisciplinaridade  do conhecimento.
Concluímos evidenciando  a  importância  e a necessidade de ressignificar a prática de planejamento nas escolas reconhecendo  que é essencial a construção de novos saberes  e de  novas práticas pedagógicas.


Acontecera

Hoje resolvera fazer diferente com os alunos. O tema era Motivação. Chegando a sala, solicitou que organizassem a sala em duas filas, uma de frente para outra. Formaram-se então dois grupos de oposição. Definimos a temática: motivação.

v  Um grupo defenderia a importância de o professor ser um estimulador de aprendizagem
v  Outro grupo defenderia a motivação dos alunos, independente do professor

O assunto tinha sido apresentado em sala sobre os conceitos referentes à motivação, seus fatores, as diferentes abordagens, motivação extrínseca, intrínseca, suas manifestações em sala de aula, a desmotivação dos alunos.
  Iniciou-se a discussão e tudo estava acontecendo na doce calmaria do entendimento e do poder de argumentação. De repente, o inusitado. Um aluno descontrola-se e dirige-se aos outros relatando fatos em que se sentira machucado;
- Isso é só conversa. Motivação só serve de enganação. Não quero estudar e estou aqui desmotivado, queria mesmo era fazer medicina.
Nessa ocasião os alunos surpresos reagiram
- Rapaz, deixa de grosseria, gritava um colega raivoso.
- O que é isso, resolve teu problema em casa com teus pais. A professora não tem culpa disso. Alguém falara.
- Deixa o menino desabafar, retrucava outro.
- Que nada, isso é manha de menino mimando. Riquinho!
- Pura bobagem, o importante é passar e estar com o diploma, o resto a gente ajeita.
- Diploma sem competência de nada adianta. Diz uma garota com ênfase.
- Bobagens! Vamos terminar essa discussão. O tema aqui é motivação e não complicação e deu uma risada.
Alguns alunos aplaudiram o colega que se mostra eufórico com a manifestação dos colegas.
Nesse momento Resolvera intervir.
Pediu silencio e aproveitou a ocasião para aplacar os ânimos, pedindo calma e que fossem para seus lugares, O debate terminara.
A partir de então solicitou ao rapaz que sentasse e iniciou uma reflexão sobre as opções dos jovens, os desatinos, a ausência da escuta sensível, da ética, do respeito à diferença. Sobretudo, discursou sobre profissões, escolha, mercado, opções familiares, orientações da escola.  Foi uma hora de preleção. Depois abriu para o debate.
Pasmem. Nada foi dito, apenas uma aluna expressou:
- Vai fazer a chamada professora. Temos outra aula. Disse a garota meio que aflita olhando o relógio.
Não mostrou sua decepção, apenas fez a chamada e pediu que pensassem no que falara. Afinal era um tema interessante. Também sai silenciosamente
Um pensamento fluiu. Será que me ouviram?



 O inicio

Pós-graduação. Que bom! Márcia gostava de realizar os seminários de integração. Quase sempre é uma experiência diferente e inusitada. Um risco que valia a pena
Chega a sala de aula. Os alunos não a conheciam, gente de idades variadas. Uns calados, meio tímidos, outros conversando entre si, alguns lendo, outros de olhos atentos a professora que adentrara a sala com o coordenador, cadeiras vazias que aos poucos iam sendo ocupadas pelos retardatários.
O coordenador apresenta Márcia. Sempre gentil em sua apresentação o que a deixa feliz e confiante pela segurança depositada. Penso que já era a oitava turma da qual participava como facilitadora de grupo. Logo depois deixa a sala para atender a outros compromissos.
Bem, teria que iniciar o processo de intervenção. Como fazer? Sempre trabalhava através da comunicação grupal. Sentir o grupo, os olhares, o clima, a temperatura emocional. Rapidamente solicitou que trocassem de lugares. Durante uns 3 minutos fez esse pedido.
- Troquem de lugar, olhem os colegas. O que está ao seu lado. Cumprimentem. E assim começa a intervenção grupal, acompanhada da leitura do processo pela facilitadora.
Assim foi acontecendo: mãos que se cumprimentavam, a mudança de lugares acompanhada de risos e palavras de surpresa, desconfiança, ânimo e desânimo:
- Estou cansada. De novo trocar de lugar!
Durante 10 minutos exercitaram a troca e a conversa entre eles
Márcia solicita que voltem aos seus lugares. A partir dai inicia uma reflexão sobre a sociedade contemporânea, o afastamento das pessoas, a ausência de vínculos no trabalho, na universidade e, as vezes,  até familiares; o tédio de alguns, as preocupações, o stress, a velocidade das mudanças, a necessidade de ser competente numa sociedade consumista e midiática.. Foram reflexões várias..
Logo após promoveu a leitura em dupla de um texto sobre relacionamento humano. Um tempo de silencio e depois o debate fluía solto, leve. Os sorrisos apareceram nos rostos juvenis e a temperatura amena invadiu a sala de aula.
Debates sobre as conclusões Em seguida o tempo da conversa solta sobre tantas coisas (recomendação de facilitadora) para que não falassem de coisas sérias, e sim de amenidades. A Roda foi movimentava-se acompanhada do júbilo dos alunos e da surpresa do primeiro dia, ser aquele momento de encontro.
Outras vivências aconteciam trocar de par para conversar, a linha do tempo, o auto-retrato e finamente a apresentação do  aluno entrevistado pelo colega. Belas expressões de surpresa diante do novo.
Valeu a pena
10hs. Todos se olharam surpresas. E comentaram como a aula tinha sido rápida. O tempo passou e nem tinham percebido.
A facilitadora solicitou que viesse de coração aberto a próxima aula, porque tinha outros jogos e exercícios e, quem sabe,  surpresas. O gancho  da motivação.
Despediram-se com cumprimentos, abraços e apertos de mão. Os sorrisos se e espalharam pela sala.
Mais uma vez, deu certo! Márcia respirou tranquila. Sempre há dúvidas sobre os aconteceres em sala de aula.
Saiu feliz.










  


  















Quem sou eu

Minha foto
Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.