Não sei ao certo...
Regina Barros leal
Um grande vazio me acerca e
sinto-me perdida no indecifrável. Solitária escorrego meu olhar pelos cantos da
sala e só vejo objetos, não mais que objetos sem sentido. Parece que nada me
ampara nesse instante adoecido. Pois me vejo tão só carregando o fardo do
mundo. Sim, profundamente solitária. Perdida, tento arrancar o ar que me parece
raro e fugidio. Deito-me sobre mim mesma porque não consigo levantar-me. Não
sei... Apenas não sei ao certo o que é. Essa inquietação muda...Silenciosa...Vai
me consumindo sem pedir sequer licença. Nem bate a porta e sem alarde, me
subtrai a vontade, quase que a vida. Esquivada da alegria, da ambição, do
prazer de existir sinto as forças enfraquecidas. Mas, a dor que hoje me
persegue não me deixa atônita, pois que tem sido ela, minha companheira nesses
últimos tempos. Hoje me vejo qual folha seca ao vento, sem rumo, sem destino,
impotente diante da ventania...Folha fria e anônima. Ressequida, mirrada. E essa sensação do inexistente? É tão desalentador.
Mas, creio que em breve encontrarei
novamente a paz e voarei com meus pensamentos soltos, leves tocando as estrelas
em busca da emoção que brilha e ilumina os caminhos dos que não se deixam
abater. Acredito no riso, no prazer do sorvete de chocolate e no gosto
adocicado da sangria na hora do almoço. Penso na noite de luar, no brilho da
lua refletida na água, Sinto cheiro de mato verde, de coco ralado e, sobretudo
escuto pássaros e um teimoso galo cantando nas manhãs que nascem todos os dias.
Percebo que esses silentes momentos de angustia se esvaem e se diluem- num tempo de alegria. É nessa
esperança que me agarro, qual náufrago perdido em sua solitária resistência.
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