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domingo, 9 de novembro de 2014

Outra vez...

Outra vez...
 
       Regina Barros Leal                              

Lá estava ela a refletir sobre os infindáveis e intricados porquês que lhe roubavam o sono. Sentia uma dor íntima e enroscava-se em  seus pensamentos confusos, num turbilhão de idéias. Pobres idéias efêmeras que não preenchiam o vazio daquele momento. A respiração trancava-se por entre os lábios numa amarga e ressequida dor. Desgrenhados sentimentos de inutilidade se avizinhavam. Sentia uma dor n’ alma que mais se assemelhava à exaustão. Estava triste, uma tristeza vinda de onde ela não sabia... Procurava encontrar a resposta exata ao infindável cansaço que adormecia o corpo. Nada. Só a indignação de quem não aprendera com os erros e os acertos da vida. O que fazer então? Não tinha a resposta e de novo a dor vermelha e penetrante que lhe rasgava o peito. O coração batia em compassos descompassados. O corpo amolecia e entregava-se ao desânimo. O tempo passava... A madrugada, como de quando em vez, vem gorda de agonias. O peso do tempo desatento ao ritmo sufoca os mais leves pensamentos. Debruçada sobre si mesma, pesa-lhe a cabeça, e pasmada olha o chão de pedra envelhecida e gasta, por um olhar já embaçado pelo amargo dissabor. Um gosto sem gosto. Desgosto. O que poderia mudar? Não sabia. Só sentia. Não compreendia, só percebia...E como percorrer este trajeto encorpado de folhas secas com se fossem mil existências perdidas. Quantas trilhas não percorridas. Quanto abandono dos sonhos de uma vida. Não se apaga o indelével. Como destruir o indestrutível?  Tantos desencontros, e quantos fragmentos de falas incompreensíveis. Onde anda a verdade que sossega e o alento que acalma? Como sugar do chão seco a seiva da vida? O que fazer quando se vem perdendo o sentido e o significado do significante? Não sabia, pois ainda navega em mares revoltos. Buscava a paz do infinito numa finita e pesada existência. Quem sabe, rasgue o pesado véu que impede de sentir o prazer da vida e encontrar o verde da relva, o brilho prateado das águas da cachoeira e banhar-se sem medos, desnudada pela alegria e possuída pelo prazer de viver.





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Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.