Outra vez...
Regina Barros Leal
Lá estava ela a refletir
sobre os infindáveis e intricados porquês que lhe roubavam o sono. Sentia uma
dor íntima e enroscava-se em seus
pensamentos confusos, num turbilhão de idéias. Pobres idéias efêmeras que não
preenchiam o vazio daquele momento. A respiração trancava-se por entre os
lábios numa amarga e ressequida dor. Desgrenhados sentimentos de inutilidade se
avizinhavam. Sentia uma dor n’ alma que mais se assemelhava à exaustão. Estava
triste, uma tristeza vinda de onde ela não sabia... Procurava encontrar a
resposta exata ao infindável cansaço que adormecia o corpo. Nada. Só a
indignação de quem não aprendera com os erros e os acertos da vida. O que fazer
então? Não tinha a resposta e de novo a dor vermelha e penetrante que lhe
rasgava o peito. O coração batia em compassos descompassados. O corpo amolecia
e entregava-se ao desânimo. O tempo passava... A madrugada, como de quando em
vez, vem gorda de agonias. O peso do tempo desatento ao ritmo sufoca os mais
leves pensamentos. Debruçada sobre si mesma, pesa-lhe a cabeça, e pasmada olha
o chão de pedra envelhecida e gasta, por um olhar já embaçado pelo amargo
dissabor. Um gosto sem gosto. Desgosto. O que poderia mudar? Não sabia. Só
sentia. Não compreendia, só percebia...E como percorrer este trajeto encorpado
de folhas secas com se fossem mil existências perdidas. Quantas trilhas não
percorridas. Quanto abandono dos sonhos de uma vida. Não se apaga o indelével.
Como destruir o indestrutível? Tantos
desencontros, e quantos fragmentos de falas incompreensíveis. Onde anda a
verdade que sossega e o alento que acalma? Como sugar do chão seco a seiva da
vida? O que fazer quando se vem perdendo o sentido e o significado do
significante? Não sabia, pois ainda navega em mares revoltos. Buscava a paz do
infinito numa finita e pesada existência. Quem sabe, rasgue o pesado véu que
impede de sentir o prazer da vida e encontrar o verde da relva, o brilho
prateado das águas da cachoeira e banhar-se sem medos, desnudada pela alegria e
possuída pelo prazer de viver.
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