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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O inusitado

 INUSITADO
Regina Barros Leal

Era uma daquelas noites de insônia... Estava inquieta, com vontade de descansar, mas o sono, tão avidamente desejado, não chegava. Tentando afastar minha irritação que tendia perigosamente a exacerbar-se, procurei refúgio em minhas recordações. E foi acontecendo... lembranças muitas, da infância, da adolescência, dos meus tempos no colégio. Ah! Que saudade! Presente na doce reminiscência do meu tempo juvenil senti as afáveis memórias de quando era adolescente!
E assim fui-me aventurando nessa caminhada no tempo. Ria pelo inusitado da descoberta de emoções esquecidas, mas não perdidas. Lembrara-se da queda na calçada, com o sorvete respingando na blusa branca de seda, da farda de gala do colégio... Que rubor!

Meu corpo foi relaxando e invadiu-me uma sensação de conforto. Eis que de repente o fato se achega. Aproxima-se, eu o acolho e resgato a emoção da circunstância vivida. Recordava o local, os detalhes, a hora, o constrangimento. Saltei da cama, já em desordem pelos movimentos de desassossego. Olhei para o relógio. Eram 2 horas da manhã de quarta-feira do dia 17 de março de 1998. Guardei o dia, pois se tornaria, dali em diante, um marco em minha vida, embora somente o soubera depois...
Vi o computador. Puxa vida! Lancei um olhar atrevido e gostei de saber que poderia utilizá-lo no tempo certo. Eu tinha a decisão. Comecei, então, a escrever. O mais interessante é que tudo fluía de uma forma tal que, em algumas vezes, me atrapalhava, em face da enxurrada de lembranças.
Entranhada no passado fui, aos poucos, me reconhecendo. Os dedos febris, saltitavam nas teclas numa velocidade até então desconhecida; eu não podia perder segundos dos preciosos registros da memória. Perplexa, fui deixando acontecer e o texto foi se arrumando. Desconcertada pelo que acontecia, parava algumas vezes, mas por frações de segundos, pois logo me via impelida a continuar. E assim aconteceu. Foi pulsante. Ao terminá-lo, tive uma sensação agradável de realização. Descobrira que o prazer tomara conta de mim e que essa situação destacava-se de tantas outras por sua diversidade singular. Eu encontrara, em mim, algo, a satisfação de escrever, não os escritos acadêmicos, técnicos, mas um texto especial; outro modo de me expressar. Gostei do que fiz. E naquela noite produzi minha primeira crônica: “Desencontro”. Voltei para a cama e dormi serenamente.
De lá para cá não consigo parar. Não sei ao certo se é pelo entusiasmo que me envolve, ou, talvez, por encontrar refúgio de tantos sentimentos, mas sinto uma vontade frenética de escrever. O quê? Quem sabe? Mas, sei que vou continuar...
Ah! Disso tenho a mais sincera convicção.

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Quem sou eu

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Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.