Incógnita
Regina Barros Leal
Do alto do vale, sentado na relva, Marcos
olhava o que se apresentava aos seus olhos sedentos de natureza. Extasiado,
sorvia a paisagem embebendo-se da luminosidade da noite. Encantava-se com a
plenitude que aquele momento lhe possibilitava. Ali ficaram horas até perceber
que já era tarde.
Enquanto
descia, mergulhou em seus pensamentos! Quase que ouvindo a si mesmo se escutou,
como que rasgando sua alma aflita. - Tenha
paciência que você alcançará sua serenidade. Seja sábio e aprenderá a
reconhecer seus alcances e limites. Era uma voz que parecia ser sua... mas
tão distante! .... Continuou descendo e, aos montes, as idéias se lhe
achegavam, agora numa velocidade que não lhe permitia discernir.... Sentiu
ansiedade, sua respiração era ofegante, contrastando com o momento anterior.
Percebeu as mãos trêmulas, as pernas cambaleantes e uma opressão forte no
peito. Sentia que seu corpo se entregara ao desfalecimento e foi, lentamente,
encostando-se a terra.... Sentiu-a fria... A areia molhada pelo orvalho da
noite.... Percebeu-se como se estivesse despregando do corpo. Olhava como que
distanciado de si mesmo e se viu. Parecia que sonhava e sentiu-se leve,
flutuando e desfrutando de uma imensa paz interior. Olhou e, viu jatos de luz
que explodiam como que festejando algo! Uma forte luz azul tragando o céu que
se abrindo em fendas amarelas e verdes, coloria o imenso espaço. Flutuava e
percebia que subia, e, cada vez mais se distanciava da imagem de si mesmo. De
repente, sentiu um calor em suas mãos e um ar quente entrando por suas narinas.
Mexeu-se e ouviu uma voz muito distante povoando sua mente.... Ouvia e fez um
esforço para torná-la mais audível. Ouvia alguém que lhe chamava
carinhosamente. Sentiu seu corpo relaxando e a terra se aproximando. O calor de
mãos que afagavam seus cabelos foi uma sensação forte. Invadiu-lhe uma onda de calor. E olhando
firme para o horizonte, viu rompendo a noite outras cores, vibrantes e sons....
Melodias lhe chegavam... Relaxou... Assim, de súbito, abriu os olhos. Ao seu
lado, sua mãe carinhosamente afagava seus cabelos e repetia. –Filho por onde andou?
Desmaiou?... Ainda bem que vim chamá-lo para entrar.
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