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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

 Em desatino

            Regina Barros Leal

Nessa tarde silenciosa e quente, onde o vento petrificou-se, paro na alameda de meus loucos pensamentos 

Busco respostas e não as escuto. Sumiram

Entristeço, pois ninguém me atende. Um silêncio  cinza

Fico sentada no banco de madeira tosca e  como numa  concha, cubro meu desejo

Tardes quentes, plantas desnutridas,  galhos  secos,    olhos embaçados

Refugo pensamentos  desvairados  que estão em carrilhão e não param

O corpo inerte  mantém-se no lugar, fixado no solo de casa

Olho e não vejo o céu! Estou na cozinha

Vejo panelas de água fervendo e o doce no fogão

Mexe ..mexe e o dor e se revela como minha alma fervente

Mexe com a colher, está  pegando fogo como meus desejos

Pasma em aflição eu nem consigo gritar

Estou na cozinha olhando as panelas

O  poema cozinhando no caldeirão

Então, mais tarde, o almoço  sem tempero, sem gosto e sem nozes

Vou sentir fome depois. 


 SÚPLICA

Regina Barros Leal

E o vento passa

 as mudanças chegam

os corações param e reparam o amor

forte se lança no mundo, ora adoecido 

ventos que levam poeira e trazem o pó mágico da doçura

ventos que levam mensagens e trazem notícias! inesperadas

mudanças no ar, ventania forte que traz o medo

o insólito

o inesperado

traz esperança, mudança nos ares

transforma-se em ventania


 ESPERANÇAR

  Regina Barros Leal


Que essa manhã te remeta ao infinito amor de Deus

Que preenchas teu coração de esperança e afeição

Que zele pelos outros como se zelasse por ti mesmo

Que tuas mãos mão acariciem os enfermos desvalidos

Que teus braços amparem os que carecem de afeição

Que tuas pernas te levem a cantos vazios de esperança

Que tua alma enlace almas na alegria do pleno amor

Que tua mente crie memórias perpétuas no coração 

Que teus abraços aqueçam os regelados pelo dissabor

Que existas como possibilidades de transcendentalizar

Que esperançar seja o teu verbo do amor inconteste

                                               


 COTIDIANO


Calcei as sandálias amarelas

Vesti o surrado vestido de linho

Sentei-me na cadeira de couro e bebi vinho

Era noite, e o dia já tinha entrado no passado

Da janela apreciei as rendas adornando os céus 

Tudo era silencio, emudeceu o universo

Eu já tinha feitos versos transgressores da mesmice

Refutava o cotidiano insípido, pois nem sono chegava

Fiz as mesmas perguntas, todas sem respostas

E o mistério contorna minha noite insone

Amanhã, creio num juvenil começo

Trilho firme nos versos do cotidiano

Renovo a esperança e adoto novo ânimo

 Pois, tudo pode mudar



Regina Barros Leal

Fortaleza/2021




 Amor Ágape


                             Regina Barros Leal


É um amor que nada pede

Nada cobra

Não lamenta

Só serve

Só consola

Só acalma

Um amor que se preenche

Perfuma a alma

Só afaga! Um amor cósmico, infinito

Que não se perde.

Não se acaba.

Só entrega

Só acolhe

Um amor que não se aflige

Só consola

Só acalma

Um amor ágape




sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

 

O ENCONTRO D’ALMA

 

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos, pois, a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. (Rumi).

                                                          

          

Eu nem percebi o significado da vida

Na dor, afastei-me de tudo, nada fiz!

Olhava atônita e eu não existia...

Assim, os amores e sabores desapareciam

 

Busquei-me e não me vi, nem me ouvi

Não seria esse vazio, a vida? Neguei

Então, vi meu Eu flutuante

Senti leve temor! Por que não renascer?

 

Se existo senão, buscando o sentido divino do Ser?

Acolho a ideia, e me apego à vida

Sem esbanjar vontade e sem fadiga

Procurei meu ser no Uno, esse é o caminho

 

Abri minha mente, veio a Sabedoria

No poema, a bela sinfonia

No espírito, a eternidade sem medidas

 

Anotações - poema criado na Oficina de Poesia da Nova Acrópole, de forma presencial, nos laboratórios de criação. Naquele momento, eu pensava na espiritualidade e nas questões que a envolviam, na ocasião.

 

 

 

 

 

quarta-feira, 30 de novembro de 2022


 

 

 

Finitude em versos

 

                                              

Fui caminhar com as pernas cansadas

No trajeto, vi a consciência despertar

Resgatei eras, fases belas e plasmadas

Abri gavetas, vivi emoções exumadas

 

Minha alma cantou, e senti o frescor da vida

Os ciclos da existência, a minha doce presença

Concebi o recomeço, o meio, o chegar, o partir

 O infinito, a eternidade, senti cheiro de alecrim

 

Na consciência da impermanência, gemi a dor

Pensei, existem outras vidas? Reminiscências?

Se há outras? Passarão?! ...Orei com confiança

Acalmei assim, minha alma volátil e itinerante

Que teimosa, continua sua jornada consciente

 

 

 

 

 

Talvez você esteja buscando nos galhos o que só encontramos nas raízes. (Rumi)

 

 

 

 

 

 

 

 

O eu lírico

 

 

Mostra o poeta o seu eu, o caminho de si

A porta fechada, a janela aberta, uma trilha

Um desânimo, uma euforia instável, a prova

O fio de prata, o ferro batido, o ouro polido

 

Desponta o término, sem data, incógnita

O início, o portal do infinito, o mistério

O sagrado, o imo de si, o êxtase etéreo

O adeus ao acaso, aos eternos enigmas

 

O poeta verseja fé e segue o seu coração

Acende o fogo divino, pleno de esplendor

Chora partidas nas tristes e belas canções

Resgata a alegria, nos muitos versos de amor

 

 

 

 

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem triste, sou poeta (Cecilia Meireles)

 

 

 

 

 

ANÔNIMO

O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. (Guimarães Rosa)

                                      

Caminhava na multidão e, atônita, me senti um pedaço de qualquer coisa

Não tinha identidade, era mais um rosto anônimo na massa sem forma

O medo a assustava e seu corpo movia-se sem rumo, sem rota, nem direção

Eram bramidos de luta, de indignação, de raiva, faíscas de violência

Horas no perturbado afã, onde suas mãos abanavam o vento, sem zelo

Não sei quanto de loucura transviada

Só sei que me perdi na multidão

Custou uma eternidade para me encontrar

Pois nem olhava para dentro ... estava à margem    

Precisei demolir os muros da euforia insólita

Parei. Entendi...

Encontrei meu Eu em sintonia com as forças divinas

Serenei o coração

Saí da multidão e assim, refutei a solidão.

Mudei meu horizonte

 

 

Anotações - Poema escrito durante o isolamento social por conta da pandemia, numa noite em que o céu não tinha estrelas e, a saudade impregnava o quarto, grudando-se nas paredes.

 

 

 

ANTÍTESE                      

Quem sou eu

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Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.