Em desatino
Regina Barros Leal
Nessa tarde silenciosa e quente, onde o vento petrificou-se, paro na alameda de meus loucos pensamentos
Busco respostas e não as escuto. Sumiram
Entristeço, pois ninguém me atende. Um silêncio cinza
Fico sentada no banco de madeira tosca e como numa concha, cubro meu desejo
Tardes quentes, plantas desnutridas, galhos secos, olhos embaçados
Refugo pensamentos desvairados que estão em carrilhão e não param
O corpo inerte mantém-se no lugar, fixado no solo de casa
Olho e não vejo o céu! Estou na cozinha
Vejo panelas de água fervendo e o doce no fogão
Mexe ..mexe e o dor e se revela como minha alma fervente
Mexe com a colher, está pegando fogo como meus desejos
Pasma em aflição eu nem consigo gritar
Estou na cozinha olhando as panelas
O poema cozinhando no caldeirão
Então, mais tarde, o almoço sem tempero, sem gosto e sem nozes
Vou sentir fome depois.