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terça-feira, 15 de abril de 2014


Prefácio
                                                                             


A   ESCRITURA  DE  REGINA  BARROS  LEAL



                                                                                              Batista de Lima


                Regina Barros Leal está estreando em Literatura. O gênero escolhido é a crônica. Cronista, uma espécie de jornalista da literatura, é, no entanto, o literato do jornalismo. É, pois, a crônica, um gênero à deriva entre as subjetividades da narrativa e a temporalidade da informação.

                As crônicas de Regina Barros Leal são garimpadas no latifúndio da memória, esse inesgotável cenário encravado na nossa mente e alimentado pelos rios do tempo e riachos das experiências pessoais. Cada um traz em si esse depositário de vivências que são captadas pelos radares dos sentidos ao longo da vida. Nos textos em estudo, são as retinas que demonstram ter atuado com mais perspicácia pelo longo dos dias. Afinal, Regina é detalhista e retém na mente, todos os contornos dos espaços que palmilhou um dia. Desses espaços, a casa é o mais vasculhado. A autora, que viu a sua casa de moradia da infância e da adolescência ser demolida pela especulação imobiliária, agora ergue aquela construção com todas as suas fundações, na arquitetura textual.

                Através do texto de Regina Barros Leal, adentra-se o seu teto. É até possível se fazer uma topoanálise envolvendo teto, texto e autora. Os três estão imbricados numa trindade tão intrínseca, que se tornam inseparáveis, indissociáveis.

                O Atapu teve seu tempo de glória, e Regina viveu esse tempo. Foram os seus anos dourados, onde a inocência da adolescente tinha como ninho de seu existir, a casa poética, na esquina da rua Visconde do Rio Branco com a Avenida 13 de maio, a Igreja de Fátima com suas quermesses e o Colégio das Dorotéias para moças fortalezenses de fino trato.

                Além desse triângulo do seu espaço existencial, em forma de coração, ainda há a influência do cinema nos belos anos da autora, tendo em vista que seu pai era proprietário de uma rede de casas de projeção, em Fortaleza. Seu contato íntimo com o cinema tornou a adolescente sonhadora mais aproximada do mundo da fantasia, o que é um alicerce para um dia se entender o mundo da realidade.
                Para qualquer um que não teve a oportunidade de vasculhar o casarão da família Barros Leal, no Atapu, não tem problema. Toda aquela exuberância arquitetônica está restaurada, com seus cheiros, seu mobiliário, seus dois pavimentos, o sítio em volta, ocupando uma quadra da rua, e principalmente, a cozinha de onde vêm as terrinas de comida bem temperada e dos doces confeccionados com as frutas do pomar.
                Para conseguir tudo isso, sem perder nada, basta abrir a porta da frente e entrar; aliás, não a porta da frente, mas a primeira página do livro, e começar a ler. Regina construiu sua casa com fios de ternura na escrita textual. E agora ela fica indestrutível. 

M








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Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.