ORELHA DO LIVRO:
Fagulhas Literárias, de Regina Barros Leal, é
um daqueles livros em que as lembranças da vida da gente reacendem em páginas
várias, “cheias de horas antigas que ficaram muito mais perto da gente que
outras de recente data”, como diria Guimarães Rosa.
O livro
contém 25 crônicas, cada uma delas com sua peculiar significação, nas quais a
memória registra impressões remotas, revividas, agora, no movimento da
recordação, que as transfigura, a ponto de as Fagulhas avivarem, não apenas as
experiências pessoais da autora, mas distinguirem uma “singularidade que se
mistura aos outros ‘eus’ que se fizeram indispensáveis em sua história”, como
afirma ela própria.
É que suas
experiências, seus momentos de alegria forte ou pesar estão mediados pela
palavra, sendo esta, em seu livro, não apenas instrumento de descrição, de
relatos de acontecimentos, mas, sobretudo, de revelação do ser. É o que se lê,
por exemplo, na crônica INUSITADO, nos seguintes passos: “Eu encontrara, em
mim, algo, a satisfação de escrever, não os escritos acadêmicos, técnicos, mas
um certo modo de me relacionar com a realidade”.
A partir
desse momento de graça, de fulguração do espírito, atingido pela autora, várias
fagulhas vão se desprendendo de sua obra: umas, oriundas de situações
candentes, como as vividas em O CASARÃO, A DESCONHECIDA, TEMPOS IDOS, AS
TERTÚLIAS, A FESTA DO CASAMENTO, e outras, produzidas, com certeza, por
situações mais ignescentes: pelo íntimo contato entre o leitor e a obra.
Parabéns,
Regina, você, desde já, em seu livro de estréia, revela inegável talento e
valor intelectual.
Célia Felismino.
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