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sábado, 23 de maio de 2015

A fuga de Joana

A FUGA DE JOANA

                                             Regina Barros Leal

            Eu buscava entender aquele ato imprevisível e escorregava na incapacidade humana de assim fazê-lo.
Resolvi, então, sentir com intensidade a minha inquietação. Meu Deus! Pensava, e não conseguia compreender. Quem diria, Joana, tão generosa! Ninguém imaginaria, diziam. Que lástima! A insensatez do seu gesto perturbara a todos. Estavam atônitos, particularmente os que privavam de sua amizade, de sua companhia. Perplexidade! Ninguém poderia supor tanto descabimento!
Valdir entristecera, e, cabisbaixo, resmungava desconsolado. Alimentara durante esses últimos anos de convivência, uma paixão recolhida.
Seu José, o motorista, não queria nem acreditar... afirmava que era conversa de gente má. A moça não seria capaz de tanta insensatez.
As meninas da outra sala riam baixinho.
Lamentavelmente, muitas vezes, o infortúnio de alguém gera a alegria de outrem. Pobres seres humanos! Perdidos em si mesmos.
E o que acontecera? Perguntavam os distraídos.
Seu Murilo, o zelador do prédio, levantando as sobrancelhas e deixando escapar um certo riso amarelo, abriu o bocão de uma só vez:

-          Foi a Joana. Aquela meiga mocinha do bairro vizinho. Foi embora. Partiu sem despedidas. Que desgraceira!

         O fato é que Joana fugira com o seu patrão, abandonando sua mãe, uma velha senhora de 85 anos, doente, enrijecida pela artrite impiedosa, quase cega e paralítica. Deixou apenas um bilhete:
            - Perdão, mãezinha. Mas fugi para liberdade. Te amo!








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Fortaleza, Ce, Brazil
Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.