Minha noite
Regina Barros Leal
Perdida na substância do medo quedo-me diante da dor
Tento romper o invólucro dos meus pensamentos em desalinho
Busco me alcançar e rasgo pedaços de mim em busca da inteira razão
E descubro-me noite abissal da solidão humana
A depressão me veste em sua forma insensível, avassaladora e desesperante
Não encontro saída no insensato desespero
Minha alma despedaça-se pelo esforço da busca de mim mesma
Temo a vastidão infinda do desamor
Encontro-me em regiões desérticas, ressequidas e sem cor
Um pranto sem fim
Remédios, copos vazios, cabeceira desarrumada e meu pente em desuso.
E a dor penetra lancinante no meu corpo já exaurido
Madrugada a dentro enrosco-me em pensamentos delirantes
Encontro a escuridão dos tempos e a dor n’alma
Onde estão as rosas que enternecem e os amores que me preenchem?
E o perfume das tâmaras distantes? O sorriso da criança? Os beijos dos amantes?
Movida por algo indecifrável ainda consigo abrir a janela do quarto
Esforço desmesurado.
É dia
O sol banha meus cabelos brancos despenteados
A manhã nasce exalando o perfume das rosas do jardim bem cuidado
Na mesa de cabeceira, os vestígios...
Será que um dia cantarei a melodia dos anjos?
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