O desfecho
Regina Barros Leal
A festa continuava e alguns dançavam felizes
Outros bebiam, conversavam e o tempo passou silente
Foi-se a noite e a madrugada assolava o portão do clube
A banda silenciara e os instrumentos recolhidos
Caixas de som cobertas de um pano preto gasto pelo uso
O amanhecer anunciava um dia sonolento
A chuva caia fina e sem alarde molhava a grama do pátio azul, antes encantado!
Pessoas saiam e as palavras soltas jorravam de suas bocas descoloridas
Cada uma, desconectada, olhava distraída o dia chegando
Jovens cansados tiravam os saltos altos e as gravatas do colarinho
Camisas abertas, corpos suados, vestidos de noite molhados
Despenteados, com os ombros baixos atravessavam a rua
Olhando do outro lado da calçada, ela percebeu
A tristeza entranhava-se nas pedras da calçada escura de lodo
As portas dos carros abriam-se ao som dos alarmes frenéticos
Motoristas desatentos e alcoolizados choravam solidão
Meninas de saias curtas ruminavam decepção e saiam apressadas
Fim de festa!
Ainda bem que tinha o caldo de peixe no Bar do seu Malaquias
Nenhum comentário:
Postar um comentário