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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO




O Professor Universitário no Processo
Ensino – Aprendizagem

Liliana Saraiva de Oliveira - Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Professora Universitária e procuradora do CEFET/MA.
"... Mestre não é quem sempre ensina, mas quão de repente aprende."
João Guimarães Rosa
1. INTRODUÇÃO

Alcança-se o êxito no processo ensino-aprendizagem quando se coloca como fator essencial a harmonia no relacionamento entre professor, aluno e filosofia educacional utilizada. O professor universitário é peça fundamental nas instituições de ensino superior. A universidade cresce quando tem um quadro de docentes capacitados e um apoio técnico-administrativo eficiente e de qualidade. As experiências práticas aliadas ao conhecimento teórico adquiridos despertam nos alunos a necessidade de aperfeiçoamentos constantes contribuindo, com efeito, para o nascimento de um grande profissional, independentemente da sua área de atuação, na sociedade ao qual está comprometido em buscar melhores condições de vida.

2. MÉTODOS DE ENSINO

"O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos, condições externas e procedimentos a que chamamos métodos de ensino". (Libâneo, p.150).

A busca freqüente pelo cumprimento dos objetivos traçados pelo professor para atingir a aprendizagem de seus alunos faz com que a maioria das relações de ensino-apredizagem envolvam mais de um método de ensino, até porque, as classificações existentes são apenas para objeto de discussão entre os mestres do assunto. Haja vista que se torna extremamente difícil localizar com exatidão o ponto em que se transforma em outro, mesmo se analisados em pequenos segmentos do processo total.

Na verdade, a cumplicidade que deve ocorrer durante todo o processo de ensino aprendizagem baseia-se, principalmente, na escolha certa do método de ensino e demais procedimentos didáticos a serem aplicados pelo professor; levando-se em consideração o público alvo, a matéria a ser ministrada e o objetivo maior a ser alcançado.

Para o Mestre Libâneo, em seu livro intitulado "Didática", os métodos de ensino podem ser classificados segundo seus aspectos internos e externos. Daí então, entende-se pelo primeiro os passos e funções didáticas e procedimentos lógicos de assimilação da matéria, e, pelo segundo, a existência dos diversos métodos, tais como: método de exposição pelo professor; método de trabalho relativamente independente do aluno; método de elaboração conjunta e método de trabalho em grupos.

De uma maneira superficial, poder-se-ia afirmar que cada conteúdo determina o método a ser utilizado pelo professor, porém, toda e qualquer explicação sobre o assunto a ser ministrado deve ter como propósito a transmissão de conhecimentos direcionados à possível compreensão do alunado. Assim como, para que o docente possa exigir trabalhos individuais e em grupo precisa previamente ter oferecido orientações e conhecimentos básicos para que o aluno consiga mostrar o que aprender extra-sala de aula, ou seja, o resultado do processo ensino-aprendizagem.

Vale ressaltar, ainda, que é na escola progressista que se observa que a questão dos métodos se subordina à dos conteúdos, ou seja, os métodos de ensino utilizados devem favorecer a correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos dentro da realidade social vivida por cada grupo. Na intenção de que por um esforço próprio o aluno consiga ampliar suas experiências e conhecimentos adquiridos ao longo de sua trajetória educacional. Reforçando, portanto, a idéia inicial de que não existe o método certo e sim o professor que sabe trabalhar com todos os métodos existentes e que se preocupa com a aprendizagem discente como objetivo final de sua missão de educador.

3. O PAPEL DO PROFESSOR

"Um professor competente se preocupa em dirigir e orientar a atividade mental dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo". (Libâneo, p. 252).

A pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos zela pela autoridade do professor e aquisição de conteúdos pelos alunos. Não há como se colocar professor e aluno em pólos diferentes ou incomunicáveis. O processo ensino-aprendizagem se concretiza a partir do relacionamento entre o educador e o educando.

"Ensinar é uma arte", alguém fez esta afirmação que vem se repetindo ao longo dos tempos e que , com efeito, diz muito; senão tudo, no processo educativo. O professor é um verdadeiro artista e o ensinar é a oportunidade que utiliza para ter reconhecido seu valor. A sala de aula é o palco mais difícil principalmente porque o artista precisa saber transmitir o que sabe, reconhecer o que não sabe e estimular o querer saber. Onde o improviso acaba tomando de conta do texto original, conforme a aceitação da platéia, buscando sempre a melhor maneira de cumprir seu papel suprindo a necessidade do que deve ser aprendido.
O conteúdo a ser ministrado deve ser planejado de acordo com o alunado, sem contudo, ignorar disciplinas aleatoriamente, porque o que se deve priorizar são os assuntos a serem tratados e a maneira que deverão ser enfocados. Daí então, dizer-se que mesmo em turmas do mesmo nível o conteúdo pode ser explorado de modo diferente, desde que seja seguido um plano de ensino previamente elaborado pelo professor e aprovado pela instituição, para que todos tenham a mesma oportunidade de aprender sobre determinada matéria o que deve ser ensinado.

Ao mestre cabe preparar, orientar e transmitir os conhecimentos sobre o tema de sua aula. É seu dever conhecer como funciona o processo ensino-aprendizagem para descobrir o seu papel no todo e isoladamente. Pois, além de professor, ele será sempre ser humano, com direitos e obrigações diversas.

O professor tem papel importantíssimo no processo educacional, pois que é o profissional do magistério que fomenta em seus alunos o desejo de crescer, aprender cada vez mais e vencer sempre todas as batalhas que surgirem ao longo do seu caminho, para obtenção do sonhado sucesso profissional ou até mesmo a satisfação pessoal.

4. O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

"... Cabe ao professor-educador descobrir, efetivamente, como ser sujeito em diálogo com a realidade, com o aluno; ao aluno, fazer-se sujeito em diálogo com o professor, com os demais companheiros, com a realidade social política, econômica e cultural, para que nessa busca de interação seja construída a universidade, que jamais poderá existir sem professor e aluno voltados para a criação e construção do saber engajado, por isso transformado."(Cipriano, p.44)

O ensino é sem dúvida a atividade principal do profissional do magistério. Não basta só a formação teórica para que o professor se destaque no seu grupo. A prática educacional é o caminho mais eficaz para obtenção do êxito docente. Haja vista que a Didática, como disciplina pedagógica, busca destacar-se no processo de ensino a partir de conhecimentos teóricos e práticos aos professores, visando melhores resultados dos clientes.

Nas Universidades pode-se encontrar vários tipos de professores: aquele que tem o dom de ensinar; o que se esforça para transmitir seus conhecimentos e o descompromisso com sua profissão. O professor que tem o dom de ensinar realiza-se numa sala de aula, cresce mais rapidamente na instituição em que é docente e destaca-se por preencher características de MESTRE. O esforçado é diferente, por um motivo desconhecido resolve ser professor, luta bastante para aprender técnicas novas, deseja ser reconhecido seu trabalho e busca sempre seguir o exemplo de um de seus Mestres. Já o descompromissado entra e sai de sua sala de aula sem saber o que fez ou o que gostaria de ter feito, não faz questão de especializar-se por que aquela atividade é passageira e geralmente não passa muito tempo no exercício do magistério superior.

Eis, talvez, o motivo central de professores "bonzinhos"e "durões" no cenário educacional. Geralmente o professor "bonzinho"é facilmente esquecido ou confundido com aquele que não tem domínio da matéria que leciona. Enquanto que o professor mais rigoroso fica na memória de seus alunos por ter transmitido disciplina e conhecimento, pois que força uma aprendizagem externa ou até mesmo independente no seu alunado.
O relacionamento interpessoal do professor-aluno deve ser fortalecido à medida que se pretende conseguir melhores resultados na instituição. A Universidade deve estar voltada para o ensino, pesquisa e extensão com uma política tentadora, pois professores e alunos comprometidos em projetos institucionais certamente serão profissionais melhor qualificados e a Universidade cumprirá seu papel na sociedade.

O processo ensino-aprendizagem depende da competência técnica do professor, que teve uma formação teórica cheia de tecnicismos" e de "critiquices antitécnicas". Sem uma proposta de redefinição dos conteúdos e métodos utilizados, dificilmente se verá mudança nos profissionais do magistério superior. O professor sai da Universidade com os conhecimentos que aprendeu e começa a transmiti-los numa cadeia infinita. Qualquer alteração no processo deve ser feita primeiro na sua origem.
O professor é sempre professor, não importa se universitário ou de primeiro ou segundo graus. A diferença é tão somente no saber se comportar conforme as exigências de cada estágio, turma ou momento vivido.

5. CONCLUSÃO

A importância do processo ensino-aprendizagem para professores e alunos faz com que se acredite que a aprendizagem deve estar voltada sempre para o alunado e que o docente contribui utilizando métodos que facilitarão o entendimento do que será ensinado.
O professor precisa ter consciência de seu papel no contexto educacional para que possa ser um agente transformador da sociedade, um bravo lutador pela valorização do seu trabalho e defensor do ensino superior para todos, como garantia de um País melhor e mais desenvolvido no seu aspecto social, cultural, econômico e político.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LUCKESI, Cipriano et all. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 6ª ed.
São Paulo: Cortez, 1991.
NERECI, Imídeo. Didática: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1986. 

TAXIONOMIA DE BLON

TAXIONOMIA DE BLOOM (classificação resumida)
(BLOOM, P. et al. Taxionomia de objetivos educacionais e domínio cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1973.)

Conhecimento
Compreensão
Análise
Síntese
Aplicação
Adquirir
Apontar
Citar
Definir Distinguir
Identificar
Nomear
Reconhecer
Recordar
Relacionar
Diferenciar
Discutir Descrever
Explicar
Expressar
Graficar
Interpretar
Interpretar
Localizar
Narrar
Preparar
Reformular
Reorganizar
Representar
Revisar
Traduzir
Transformar
Analisar
Calcular
Classificar
Comparar
Debater
Detectar
Discriminar
Distinguir
Estabelecer
Examinar
Experimentar
Investigar
Prover
Reconhecer
Verificar


Compor
Condenar
Desenvolver
Desenvolver
Dizer
Elaborar
Elaborar
Escrever
Especificar
Formular
Organizar
Produzir
Relacionar
Relatar
Reunir
Transmitir

Aplicar
Classificar
Demonstrar
Desenvolver
Dramatizar
Empregar
Generalizar
Ilustrar
Interpretar
Praticar
Reestruturar
Relacionar
Selecionar
Transferir
Usar

Avaliação
Recepção
Resposta
Valorização
Organização
Apreciar
Argumentar
Considerar
Constatar
Criticar
Decidir
Discutir
Escolher
Julgar
Medir
Valorizar
Verificar
Aceitar
Acolher
Acumular
Combinar
Controlar
Decidir
Escutar
Informar
Participar
Receber
Responder
Selecionar

Aclamar
Aplaudir
Aprovar
Aumentar
Demonstrar
Discutir
Dispor
Participar
Seguir
Solicitar

Aceitar
Aderir
Ajudar
Argumentar
Assistir
Defender
Discutir
Preferir
Propor
Prover
Reivindicar

Abstrair
Ajudar
Assistir
Definir
Determinar
Estabelecer
Formular
Organizar
Reconhecer





segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

CARACTERÍSTICAS DO FACILITADOR INTERACIONAL[1]

CARACTERÍSTICAS DO FACILITADOR INTERACIONAL[1]


1. O PERFIL DESEJÁVEL
Mais uma vez, vamos basear-nos no pensamento de Rogers (1984b: 55-75) para analisar as características a que deve obedecer ao perfil do facilitador em processos de interação humana.
Contexto filosófico e atitudes. O facilitador deve partir do princípio de que o grupo tem condições para poder desenvolver as suas próprias potencialidades e as dos membros que dele fazem parte. Neste sentido, o grupo pode ser perspectivado como um organismo que tem o sentido da sua própria direção.
Por outro lado, o grupo tem a aptidão natural para reconhecer no seu processo de funcionamento e de desenvolvimento os fatores que não se apresentam como saudáveis, centrar-se neles e filtrá-los ou eliminá-los, possibilitando desta forma que se torne mais saudável.
Ao grupo não deve ser imposto um objetivo específico, dado que este tem competências para desenvolver as suas próprias direções e fins que mais lhe convêm.
Por sua vez, será conveniente que o facilitador procure, tanto quanto possível, tornar-se tão participante do grupo quanto facilitador.
Por outro lado, o facilitador deve sentir-se responsável para com o grupo, mas não responsável pelo grupo. Este princípio em nada contraria o sentido de responsabilidade que o facilitador deve assumir na relação com os outros.
A criação do ambiente. É função de o facilitador disponibilizar-se para acompanhar o grupo, sem, no entanto o dirigir. Não é fácil esta posição. De fato, espera-se que o facilitador não dirija o grupo, mas na realidade não se espera dele que se desresponsabilize, sobretudo em situações de crise individual ou coletiva.
Aceitação do grupo. Aceitar o grupo é uma atitude fundamental por parte do facilitador. Com efeito, à semelhança da atitude positiva incondicional, já referida, espera-se que o facilitador aceite o grupo de uma forma empática. Quer dizer, que aceite o grupo a partir do seu próprio ponto de vista ou daquilo que ele próprio deseja para si.
Aceitação do indivíduo. Reportamo-nos agora à aceitação do indivíduo que é participante num grupo. Da parte do facilitador deverá haver disponibilidade e compreensão para aceitar qualquer participante que pretenda identificar-se ou não com o grupo. Deverá ser deixada ao participante a possibilidade de se comprometer ou não com os processos grupais nos quais está inserido.
Compreensão empática. Diz respeito à tentativa permanente do facilitador em compreender o significado exato daquilo que o participante expressa ou pretende expressar ao grupo.
Atuar de acordo com o que se sente. Significa que o facilitador deve sentir-se liberto para expressar os seus próprios sentimentos, tal como os sente no momento, quer em relação ao grupo como um todo, quer a um indivíduo ou a si mesmo como facilitador.
Confrontação e feedback. Significa que da parte do facilitador deve haver a capacidade de enfrentar os ataques que lhe são dirigidos sem contra-atacar as defesas dos seus opositores.
Expressão dos próprios problemas do facilitador. Do facilitador espera-se que obtenha um equilíbrio entre a liberdade de expressar os seus próprios problemas e partilhar os seus sentimentos e o respeito pelo papel que tem de desempenhar.
Evitar o artificialismo. Não faz parte do papel do facilitador, no âmbito deste modelo, que ele proponha medidas de atuação artificiais, e muito menos que as imponha ao grupo, a menos que os participantes assim o desejem.
Evitar os comentários interpretativos. Fazer comentários interpretativos aos membros do grupo ou aos processos que nele ocorrem é considerar o grupo como uma massa de indivíduos, sem responsabilidade, e por isso não os respeitar enquanto pessoas. Se houver de fazê-los, que seja um dos participantes do grupo, mas nunca o facilitador.
A potencialidade terapêutica do grupo. O facilitador pode normalmente contar com os membros do grupo para exercerem a função terapêutica. Mas isto não significa que o facilitador não deixe de se envolver como pessoa, sobretudo nos casos mais complicados.
Movimento e contacto físico. O grupo deve sentir da parte do facilitador a liberdade suficiente para poder movimentar-se fisicamente no seu próprio espaço ou para que os participantes se toquem fisicamente, sempre que o acharem necessário.
Tornar-se pessoa. O facilitador deverá procurar tornar-se cada vez mais uma pessoa, ao invés de se manter fechado na armadura do seu papel.
 
2. O QUE O FACILITADOR NÃO DEVE SER (FAZER)
Seguindo de novo o pensamento de Carl Rogers (1984b: 75-78), vejamos as características ou o que um facilitador não deve fazer.
Explorar excessivamente e abusivamente o trabalho com os grupos
Empurrar o grupo para fins pessoais, mediante a manipulação
Avaliar o grupo em termos de êxito ou de fracasso, pelo seu dramatismo
Partir do princípio de que há um único tipo de técnicas para lidar com os grupos
Fazer o grupo centrar-se nos próprios problemas do facilitador, não ficando desta forma disponível para os participantes
Impor exercícios ou atividades, do tipo: vamos todos…
Deixar de participar emocionalmente ou pessoalmente no grupo, mantendo-se distante, como perito – capaz de analisar o processo do grupo e as reações dos seus membros através de um conhecimento superior.
BIBLIOGRAFIA
Rogers, Carl (1984a), Tornar-se Pessoal, Lisboa, Moraes Editora.
Rogers, Carl (1984b), Grupos de Encontro, Lisboa, Moraes Editora.



[1] Fernando Nogueira Dias

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

eDUCAÇÃO NA sOCIEDADE DO cONHECIMENTO


A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO1
LUÍS PAULO LEOPOLDO MERCADO


Neste capítulo será discutida a revolução tecnológica que afeta o conhecimento e a sociedade atual, apontando para mudanças necessárias no processo educativo, na produção e socialização do conhecimento e na formação do professor. Serão apresentados os cenários no qual ocorrem mudanças na educação e o contexto em que se pensará a formação de professores.
A educação é a base fundamental de um processo de desenvolvimento. O processo de melhoria da qualidade do ensino passa, além de outros fatores - como o currículo da escola, o projeto político-pedagógico, a participação dos pais e da comunidade no processo pedagógico, a articulação da escola com a sociedade, a utilização das novas tecnologias na educação, pela formação dos professores. Não basta apenas dotar as escolas com novas tecnologias, comprando equipamentos sofisticados e aumentando o espaço físico, sendo necessário formar e preparar o professor para que ele tire o melhor proveito destas tecnologias que estão à sua disposição.
Um dos pontos fundamentais em qualquer iniciativa que contemple a introdução de novas tecnologias na educação é a sensibilização e iniciação dos professores nas novas tecnologias. Esta formação é relevante quando se concebe uma introdução das novas tecnologias por área, como conteúdo curricular e como meio didático, envolvendo cada professor integrando-as nos processos de ensino-aprendizagem.
Isto requer um bom conhecimento destas tecnologias e de suas potencialidades como instrumento didático. Conseguir esta formação é um desafio, tendo em conta que a maioria dos professores de nível primário e secundário não se beneficiam de um ensino de novas tecnologias em sua formação inicial.
Neste sentido, todos os esforços de formação continuada são essenciais nas escolas e organizações para garantir o conhecimento e a utilização das novas tecnologias por parte dos professores.

MUDANÇAS NA SOCIEDADE E NA EDUCAÇÃO: O CONHECIMENTO NA NOVA ORDEM MUNDIAL
A sociedade brasileira vive alguns dos grandes eixos de mudanças que atingem a sociedade neste fim de século: o desenvolvimento tecnológico das áreas de informática juntamente com as telecomunicações, que afetam diretamente a produção, socialização e exploração do conhecimento e de seus novos espaços, exigindo novas competências e formação continuada de profissionais. Outro eixo é a globalização da economia, facilitado pelas telecomunicações, permitindo conhecer e viver, em tempo real, os acontecimentos de todas as partes do mundo.
No fenômeno da Globalização, em que "global é o espaço novo que necessitam/produzem o mercado e as tecnologias" (Barbero,1995), como o foi o espaço-nação desde fins do século XVII na Europa, espaço-mundo se constitui no horizonte do fluxo econômico e informacional, que tem como chefe a empresa, como chave a relação de interdependência e como veículo e sustento a trama tecnológica da comunicação. No processo de globalização o mercado é que regula as relações entre os povos, as nações e as culturas, que coloca os .modelos de comunicação e dinamiza as redes. A ideologia da globalização é uma etapa a mais do processo de internacionalização, no decorrer dos anos 80 e se caracteriza por:

a)      um intenso processo de interpenetração patrimonial entre as grandes burguesias industriais e financeiras das principais economias capitalistas como efeito da crescente interconexão dos mercados cambiais, de títulos e valores, com o objetivo de estimular os fluxos compensatórios de capitais necessários ao financiamento dos países cronicamente deficitários, especialmente Estados Unidos;
b)      formação de oligopólios internacionais em várias indústrias importantes (automobilística, farmacêutica, eletrônica), que é o aprofundamento da internacionalização competitiva dos grandes capitais americanos, europeus e japoneses que, desde fins dos anos 70, apontava a concentração da competência mundial nas mãos de poucas empresas;
c)      estruturação de sofisticadas redes globais informatizadas de gestão "on line", dentro de empresas multinacionais ou de empresas de alta tecnologia em processo de internacionalização.

A base para esses desenvolvimentos é a expansão das telecomunicações e dos grandes sistemas de processamento, armazenamento e transmissão de informações que se arrastam na esteira da revolução microeletrônica, responsável principal da transformação tecnológica em curso.
Os novos tempos, afetam a vida das pessoas de forma profunda e seu inter-relacionamento, gera perplexidade, fruto da dúvida e da incerteza. Naisbitt (1995) afirma que este estado de perplexidade e suas contradições é um "paradoxo global", causado pelo efeito da globalização, na qual a composição dos blocos econômicos convive com disputas nacionais, em que questões culturais, raciais, religiosas. Estas questões exigem soluções próprias, novas.
Na educação, a globalização é uma perspectiva que se opõe ao potencial etnocentrismo de todas as disciplinas curriculares, trazendo como conseqüência, a dificuldade de acomodação no atual currículo, baseado em disciplinas e nas estruturas departamentais que se desenvolvem ao seu redor. Num processo de mudança, as retiradas etnocêntricas e xenofóbicas (Hargreaves, 1995) dos conteúdos tradicionais das disciplinas tendem a consolidar as estruturas convencionais de ensino. O futuro do trabalho dos professores e das estruturas que desenvolve depende, em grande parte, da solução que se dá a este paradoxo.
As novas tecnologias criam novas chances de reformular as relações entre alunos e professores e de rever a relação da escola com o meio social, ao diversificar os espaços de construção do conhecimento, ao revolucionar processos e metodologias de aprendizagem, permitindo à escola um novo diálogo com os indivíduos e com o mundo. Para isso, é fundamental colocar o conhecimento à disposição de um número cada vez maior de pessoas, dispondo de ambientes de aprendizagem em que as novas tecnologias sejam ferramentas instigadoras, capazes de colaborar para uma reflexão crítica, para o desenvolvimento da pesquisa, sendo facilitadoras da aprendizagem de forma permanente e autônoma.
A escola, como agência de socialização, de inserção das novas gerações nos valores do grupo social, tem o compromisso de propiciar ao aluno o desenvolvimento de habilidades e competências, como: domínio da leitura, que implica compreensão da escrita; capacidade de comunicar-se; domínio das novas tecnologias da informação e de produção; habilidade de trabalhar em grupo; competência para identificar e resolver problemas; leitura crítica dos meios de comunicação de massa; capacidade de criticar a mudança social.
Todas essas habilidades e competências são essenciais para formar o cidadão crítico, inserido no mercado produtivo e que se posiciona de forma autônoma diante da vida.
O objetivo de introduzir novas tecnologias na escola é para fazer coisas novas e pedagogicamente importantes que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias estanques. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepara o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um usuário capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de comunicação eletrônica, de forma crítica na construção do conhecimento.
Além de ser o espaço no qual, de forma sistematizada, o indivíduo toma contato com o saber produzido pela humanidade, a escola abre as portas para o novo, para o desconhecido e as novas tecnologias passam, de necessidade a uma obrigação social. Tornando-se necessário possibilitar a todos, e não apenas aos alunos, o acesso as novas tecnologias, uma vez que o cenário telemático requer a aquisição de novos hábitos intelectuais de simbolização, de formalização do conhecimento, de gerenciamento da informação, do manejo de signos e representações do conhecimento utilizando equipamentos computacionais.
Democratizar o acesso às novas tecnologias da informação não é apenas uma obrigação do Estado e da escola. É obrigação das empresas, das associações de pais e mestres, dos sindicatos, das organizações não governamentais, de todos os indivíduos que se organizam em atividades coletivas, buscando encontrar soluções para problemas coletivos.
As soluções devem ser buscadas em função de cada realidade, de cada contexto, mas tendo como referência um mundo cada vez mais globalizado e interdependente, no qual os desafios sejam enfrentados, pelos indivíduos e pelos governos, como uma responsabilidade coletiva.
A sociedade atual se caracteriza pelo aumento exponencial do volume de Informações que diariamente se produzem e transmite no mundo. Em um só dia se elabora e distribui um volume de dados maior que o que uma pessoa pode assimilar ou dar sentido em toda sua vida.
Nora & Minc (1980) mostraram que a informação é um bem que se sobrepõe a todos os demais. É um recurso econômico, político, social e cultural extremamente poderoso. Afirmam que a informação é um bem revolucionário, que pode ser utilizado ao mesmo tempo por milhões de pessoas e que pode transformar qualitativamente o homem e é a matéria-prima básica do desenvolvimento cultural e da elevação da qualidade de vida.
Na sociedade capitalista a informação é um bem vendável e consumível. Precisa ser vendido, não apenas porque as pessoas precisam de informações, mas principalmente, por que ela está na ponta do processo de concentração de renda e de poder; deve ser consumido porque a sua absorção pelo conjunto contribui de maneira intrínseca com a manutenção da situação vigente. Com isso, um dos grandes problemas políticos das novas tecnologias é que, ao tratar, armazenar e difundir a informação, elas se transformam em grandes instrumentos de poder, pois passam a ser pontos de concentração de poder.
Corre-se o risco de formarem-se gerações cada vez melhor informadas, mas sem nenhum conhecimento, pois informação pode ser definida, segundo Barato (1988) como forma de comunicação, conhecimento, sendo uma representação externa do saber constituída por meios (som, imagens, gestos) aos quais se atribui significado. Já o conhecimento é uma representação interna (subjetiva) do saber elaborado pelos indivíduos. A educação não é redutível a ensino, como transferência de informações. O saber, além de acesso à informação, exige a construção de representações internas (conhecimento) e uma prática que molde continuamente o conhecimento.
Para Cortella (1995), supor que as novas tecnologias são a solução definitiva para os problemas da educação, entendendo que sem as tecnologias não é possível fazer um bom trabalho educacional leva a "síndrome da modernidade", em que tudo o que estiver envolvido em uma aura de tecnologia computadorizada em sua produção e disseminação é considerado de qualidade positiva.
A educação não escapou dessa síndrome, pois mitificou as novas tecnologias, acreditando que a solução para os problemas educacionais estivesse no uso destas tecnologias. A presença isolada e desarticulada das novas tecnologias nas escolas não é sinal de qualidade de ensino. É necessário ficar alerta para o risco da transformação das tecnologias no novo mito educacional.
A configuração política , social, econômica, tecnológica e cultural no final deste século coloca novas necessidades educativas e formativas e novas formas de dar resposta a esta situação. A utilização das redes telemáticas é uma destas respostas e se baseia na interdisciplinaridade e numa educação global. Para Torres (1994, p.46): "O currículo globalizado e interdisciplinar se converte assim em uma categoria capaz de agrupar uma ampla variedade de práticas educativas que se desenvolvem nas aulas e é um exemplo significativo do interesse por analisar a forma mais apropriada de contribuir na melhoria dos processos de ensino e aprendizagem".
A telemática constitui um meio de relevantes possibilidades pedagógica, já que não se limita a uma disciplina, permitindo a inter e a pluridisciplinaridade, possibilitando uma educação global e estimulando a colocação em funcionamento dos processos de tratamento da informação, nos conteúdos e programas de cada nível. A telemática constitui um recurso de amplitude e extensão sem limites pré-definidos, já que um novo contato faz com que a comunicação se transforme, ampliando-se as situações vividas até o momento.
Os projetos telemáticos favorecem um envolvimento de realidades culturais distintas, o que leva ao estudo de conteúdos culturais, criando situações de aprendizagem caracterizadas pela sua significativa funcionalidade, permitindo que cada estudante possa "aprender a aprender", objetivo central da educação, sendo capaz de realizar aprendizagens relevantes por si só em várias situações e circunstâncias.
A telemática favorece o aluno em múltiplas experiências, como o aprender a interdisciplinaridade no momento em que realizam projetos com alunos de outras escolas de qualquer parte do mundo, estudam o contexto destes alunos, o que justifica os projetos serem trabalhados desde uma única disciplina. Estas possibilidades ajudam a formar pessoas mais abertas e com maior predisposição à mudança.
Na chamada Sociedade da Informação ou do Conhecimento, processos de aquisição do conhecimento assumem um papel de destaque e passam a exigir, de acordo com diversos autores (Dawbor, 1993; Drucker, 1993; Valente, 1996; Maseto, 1994) um profissional crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo. Esse profissional tem uma visão geral, sobre os diferentes problemas que afligem a humanidade, considerando-os numa totalidade. O papel da educação é formar esse profissional e para isso, esta não se sustenta apenas na instrução que o professor passa ao aluno, mas na construção do conhecimento pelo aluno e no desenvolvimento de novas competências, como: capacidade de inovar, criar o novo a partir do conhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia, comunicação.
O conhecimento passa a ser considerado uma mercadoria, em que "pensar é processar informação", não deixando lugar para a construção do saber e para a criatividade, sugerindo uma educação em que os conteúdos não teriam qualquer relevância social, mas seriam apenas matérias para exercitar processos lógicos. Algumas conseqüências destas equivocadas filosofias da sociedade da informação:
- Valorização do novo - novo é certo; velho é errado, a fome insaciável pela novidade; velho é necessariamente ruim e o novo é necessariamente bom, negando-se a história pela obsessão pelo futuro que dispensa qualquer entendimento do passado. Além da confusão entre informação e conhecimento, não se diz que boa parte da informação produzida é material descartável e sem valor de uso. Algumas informações resultam de elaborações históricas, não produzidas pelos novos meios de comunicação, que precisam ser resgatados pela escola;
- Valorização do virtual - deixa-se de aprender fazendo e abandona-se o concreto pelo "abscreto". As possibilidades de produção de imagens cada vez mais agradáveis no cinema, TV, revistas, computadores, colocam desafios para a Educação. A riqueza das imagens pode ser um valioso meio para facilitar a aprendizagem, mas é preciso observar que a imagem é um substituto do mundo com o qual o aprendiz se defronta. A riqueza da imagem e a facilitação de acesso a informações ilustradas por meio de multimídia são abstrações disfarçadas de concreto (abscretos).
- Valorização da pseudo-informação - as máquinas de consumir informação, dada a escassez de matéria-prima, começam a produzir pseudo-informação, pois a capacidade instalada dos meios de comunicação é maior que a capacidade humana de produzir informação autenticamente nova. Assim, nos jornais, nas Tvs, nas rádios, nas redes computacionais, aumenta cada vez mais a oferta de pseudo-informação.
Nesta nova sociedade, o papel central do conhecimento é fator decisivo para a produção. O "bem de valor" é criado pela produtividade e pela capacidade de inovar, aplicando o conhecimento às atividades produtivas. Os trabalhadores do conhecimento, segundo Drucker (1993) são aqueles que sabem construir conhecimento para usos produtivos e diante disso, colocam-se desafios para essa nova sociedade: a produtividade do trabalho com conhecimento e a formação do trabalhador deste momento histórico.
Empresas e organizações exigem da escola, como resultado do tempo gasto com ela, um conhecimento que os conduza à competência no exercício profissional, com um efetivo preparo para enfrentar situações inesperadas, imprevisíveis, tendo condições de responder aos novos desafios profissionais propostos diariamente ao cidadão/trabalhador, de modo original, criativo, sendo eficiente no processo e eficaz no produto ou serviço oferecido, enquanto cidadãos criativos, imaginativos, inovadores e empreendedores, que demonstrem responsabilidade, auto-estima e auto-confiança, além de uma sociabilidade, firmeza e segurança nas ações e capacidade de auto-gerenciamento.
A imensa quantidade de informações com as quais o cidadão tem que lidar, obriga o educador a reavaliar as estratégias pedagógicas em uso, as capacidades esperadas do aluno, o papel do professor e as metodologias de ensino. Sem as reformulações necessárias, corre-se o risco de se ter escolas irrelevantes para os alunos e mesmo, formar profissionais mal preparados.
A realidade atuar freqüentemente exige pouca participação, devido a cultura de massa, em que se escuta a voz de poucas pessoas e vivencia-se aos outros gerando muito contentamento virtual e pouca vida própria que envolva "o fazer o mundo". Mas a educação frente a este mundo atual necessita ir na direção oposta a isto e por isso sua função é educar (tirar de um lugar e levar para outro). Para esta tarefa abrangente e ambiciosa, precisa contar com a mesma tecnologia disponível e freqüentemente usada para o contrario.
Não é simplesmente modernizando as técnicas, que acontecerão melhorias no processo educativo. Para introduzir novas tecnologias na escola, é preciso que a própria escola defina que tipo de indivíduos ela quer formar, e que as novas tecnologias apareçam fazendo parte de um processo de mudança na organização escolar e inovadora no trabalho docente. É muito importante que a escola acompanhe a evolução científica e tecnológica para que os jovens se preparem para as transformações que estão ocorrendo e as que provavelmente virão a ocorrer com a introdução em massa de novos recursos tecnológicos na sociedade.
Diante destas transformações, Schaff (1991) prenuncia o desemprego estrutural e a radical alteração nas formas de trabalho ocasionados pela inovação tecnológica, preocupando-se com o impacto das novas tecnologias ao conjunto da vida social e individual. Para o autor, a revolução que se vivencia hoje, tem como fundamento a ampliação das capacidades intelectuais do homem ou mesmo a sua substituição pelas máquinas, as quais eliminam, com êxito crescente, o trabalho humano na produção e nos serviços.
O movimento transformador atinge hoje a informação, a comunicação e a própria educação, constituindo uma profunda revolução tecnológica. Segundo Dawbor (1993), o conjunto de mudanças está criando uma realidade nova, denominada "espaço do conhecimento", envolvendo comunicação, informação e formação. Para o autor, hoje não basta trabalhar com propostas de modernização da educação, é preciso repensar a dinâmica do conhecimento no seu sentido mais amplo e as novas funções do educador como mediador deste processo.
O crescimento vertiginoso das novas tecnologias gera uma aura de encantamento, de deslumbramento e até de miticismo, há, também uma série de questionamentos sobre a possibilidade das redes telemáticas promoverem diversidade, acesso e participação, de forma igualitária e justa, a todos os usuários, a todas as nações, a todos os continentes. Isto porque a globalização não elimina, qualquer que seja a instância, os desequilíbrios entre os povos e entre inter-regiões, mas acentua a divisão países ricos e pobres em informação, reforçando o poderio dos países produtores da informação e a (dependência daqueles que se destinam mais a consumi-la.
A Internet está inevitavelmente comprometida com a transnacionalização e uniformização da cultura, atuando como fator de aculturação e deculturação e as interações mediadas eletronicamente estão rompendo a compressão da distância e da escala de tempo, de tal forma que o sistema de decisão torna-se planetário, sem fronteiras ou limites.  No entanto,'este novo espaço cultural eletrônico é extremamente ambivalente, ao mesmo tempo que as redes de informação permitem a indivíduos de todas as áreas acessar um número inestimável de dados, garantindo sua sobrevivência como pessoa e profissional, podendo comprometer e violar as identidades e a unidade das culturas locais.
A Internet, dentro de um novo modelo co-informativo, distributivo, dinâmico e hipertextual, de estrutura horizontal e vertical, aponta de acordo com Targino (1997, p.6)

"para a perspectiva de desmassificação da sociedade, em contraposição aos meios de comunicação de massa tradicionais permite que indivíduos interajam, com maior agilidade e impõem-se como fórum democrático onde os indivíduos exercem o supremo direito de externar seu pensanmento ou de suprir suas demandas informacionais, livres de fronteiras e leis, exploram as possibilidades quase infinitas do espaço cibernético, cujas "ruas" são percorridas em segundos, viabilizando diálogos em tempo real, indiferentes às distâncias e diferenças dos interlocutores".
Na era da informação, a experiência educacional diversificada será a base fundamental para o sucesso e para isso, o que os estudantes necessitam não é dominar um conteúdo, mas dominar o processo de aprendizagem. Cada vez mais haverá necessidade de uma educação permanente, explorando todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia. Para Dawbor (1993, p.123), as transformações mais significativas no processo educativo, frente as mudanças na sociedade são:

a)      o repensar de forma mais dinâmica o universo de conhecimento a trabalhar, em que neste assumem maior importância as metodologias, reduzindo-se ainda mais a dimensão "estoque" de conhecimentos a transmitir;
b)      a transformação da cronologia do conhecimento: a visão do homem que primeiro estuda, depois trabalha e depois se aposenta., torna-se cada vez mais anacrônica, e a complexidade das diversas cronologias aumenta;
c)      a modificação profunda da função do educando, em particular do adulto, como sujeito da própria formação diante da diferenciação e riqueza dos espaços de conhecimento nos quais deverá participar;
d)     a vinculação da luta pelo acesso aos espaços de conhecimento ao resgate da cidadania, em particular para a maioria pobre da população, como parte integrante das condições de vida e de trabalho; a entrada em novas dinâmicas para entender sob que forma os seus efeitos podem ser invertidos, levando a um processo reequilibrado da sociedade quando hoje apenas reforçam as polarizações e desigualdades.
Esta nova sociedade é fundada no conhecimento, que se organiza fundamentalmente a partir da aplicação dos conhecimentos de seus cidadãos. A produção do conhecimento, o acesso a ele, o seu domínio já não são privilégios de algumas pessoas ou instituições. O conhecimento hoje se produz em vários espaços e por múltiplos agentes. É importante uma formação teórica de qualidade para o educador colocando esta formação teórica do professor na dependência dos problemas práticos que ele enfrenta em seu dia-a-dia, adotando-se uma nova forma de produzir conhecimento no interior dos cursos de formação do educador.
O século XXI será a século da Sociedade do Conhecimento, em que o setor empresarial moderno necessita cada vez mais da educação para o seu próprio desenvolvimento, como cursos especializados, organização do espaço científico domiciliar e espaços do conhecimento comunitário, exigindo, segundo Dawbor (1993, p.121) "colocar a educação a serviço de uma comunidade que moldará o universo de conhecimentos que necessita segundo os momentos e a dinâmica concreta do seu desenvolvimento". O conjunto de instrumentos e as novas conquistas tecnológicas poderá ser utilizados, num processo em que o educador é mais um facilitador do potencial local do que propriamente fonte de saber.

NECESSIDADE DA MUDANÇA E INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Segundo Garcia (1996), os processos de inovação curricular passam por diferentes fases: planejamento, difusão, adaptação, implementação e institucionalização. Cada uma destas fases requer um tipo de trabalho diferente e dependendo das perspectivas que se adotem a respeito da inovação, surgirão uns papéis ou outros aos professores.
O autor ao escrever sobre o desenvolvimento profissional e inovação curricular, considera a inovação educativa como um processo de definição, construção e participação social, pensada como uma tensão utópica no sistema educativo, nas escolas, nos agentes educativos. A inovação está ligada a um processo de capacitação e possibilidades de instituições educativas e sujeitos, de implantação de novos programas e novas tecnologias, sendo um processo de construção institucional e pessoal, antes que de intervenção tecnológica.
Vários fatores têm contribuído para o insucesso das inovações tecnológicas na escola: falta de identificação dos objetivos da utilização de novas tecnologias; colocação da ênfase sobre o meio e não sobre a mensagem; resistência à mudança; falta de sistemas de apoio, falta de domínio das novas tecnologias e custos excessivos; e falta de programas educativos de qualidade. Cuban (1989) após analisar os processos de introdução de novas tecnologias na educação, conclui que cada inovação tecnológica na educação evolui de acordo com o ciclo: elevadas expectativas - retórica sobre a necessidade de inovação, política dirigida e uso limitado da tecnologia.
Sancho (1993) e Gil (1996) colocam que numa inovação, os encarregados e promotores do projeto mostram uma grande confiança na possibilidade das novas tecnologias para transformar as inércias do ensino escolar e solucionar os problemas mais antigos da atuação do professor. Mostram uma grande desconsideração ao conhecimento acumulado na história da inovação educativa que vai aportando no complexo problema da melhoria da qualidade do ensino.
Existe uma grande distância entre os discursos relativos às múltiplas mudanças introduzidas na vida cotidiana pela utilização massiva das novas tecnologias, suas incorporações na prática curricular, a realidade de seus programas de aplicação específicos e sua utilização em contextos reais de ensino.
A introdução das novas tecnologias na educação não pode ser considerada apenas como uma mudança tecnológica, não é simplesmente a substituição do quadro negro ou o livro pelas novas tecnologias. A introdução das novas tecnologias na educação pode estar associada, segundo Teodoro (1991, p.42), "à mudança do modo como se aprende, mudanças das formas de interação entre quem aprende e quem ensina, à mudança do modo como se reflete sobre a natureza do conhecimento' '
O cotidiano das pessoas está saturado de informação e tecnologia, com impactos na educação de três formas significativas, segundo Mason (1995): aumento de disponibilidade da informação requer novas estratégias de pesquisa; a aprendizagem sobre tecnologia precisa ser integrada ao currículo; aprender a usar tecnologia para aprender envolve novas habilidades metacognitivas.
Através dos professores, são introduzidos ao mundo educativo conceitos novos e eficazes esquemas e modelos de atividades, materiais didáticos e programas educativos, caracterizando uma inovação na escola. A investigação educativa proporciona elementos de compreensão da atividade docente e de seus efeitos nos processos de ensino-aprendizagem, promove o desenvolvimento de métodos didáticos e de materiais educativos, avalia os efeitos das mudanças curriculares, introduz atitudes racionais, sugere alternativas e marca limites previsíveis das possibilidades de transformação dos sistemas educativos.
A inovação na escola consiste em levar a cabo pequenas ações cotidianas que tornam possíveis as mudanças, a curto ou longo prazo, de maneira que beneficiem o processo de aprendizagem do aluno. A integração das novas tecnologias na escola está gerando grandes expectativas, pois estes novos recursos colocam algumas possibilidades de trabalhos mais atrativas e potencialmente inovadoras, que se pode pensar em atividades inovadoras. Mas, estas novas ferramentas por, si só não permitem mudança transcendental para a educação. É o professor quem pode provocar um processo inovador nas aulas, ajudado por estes e muitos outros recursos.
Para isto, os alunos se convertem em usuários com espírito crítico, que tem capacidade de analisar as implicações pedagógicas e as possibilidades reais de inovação que permitem estes novos recursos didáticos e para essa verdadeira integração, é necessário que o professor tenha interiorizado as novas tecnologias através de um processo pessoal, maduro e crítico. O uso das novas tecnologias exige um planejamento inovador. É importante que os futuros professores entendam que a inovação vem condicionada ao enfoque metodológico que faz uso destes recursos aproveitando suas novas possibilidades de trabalho. Terão que desenvolver atuações que os convertam em ferramentas úteis que permitam experimentar novos caminhos de acesso a informação, novas e eficientes vias de comunicação e novos métodos que aproveitem suas possibilidades como meio de expressão.
Diante desta realidade, as transformações que ocorrem na sociedade, provocadas pela tecnologia, passam a exigir:

a) Adaptação dos indivíduos às novas formas de Aprendizagem
O paradigma presente nas escolas atuais defende que os alunos vêm a escola com cabeças iguais, nas quais os conteúdos tem formato igual a todos alunos e estes são tratados como "produto" que são enviados o mercado de trabalho e o conhecimento é visto como conjunto de fatos. O aluno é testado periodicamente através de provas, enfatizando-se a memorização dos fatos. O currículo escolar apresenta a filosofia da separação, em que o conhecimento humano é dividido em ações isoladas. A apresentação da Informação é sempre de forma linear, seqüencial: livro-texto, quadro-negro, usados em leituras e manipulação da leitura. As salas de aula são isoladas umas das outras e limitadas em recursos. O professor é um participante ativo e o aluno participante passivo. No final do processo temos um aluno "formado", pronto para o mercado de trabalho, sem necessidade de estudos posteriores.
Para Candau (1992) a didática predominante continua enfatizando a transmissão de um conhecimento pronto, a repetição e a memorização, a aplicação e a realização de exercícios mecânicos de reforço ou de aplicação de conceitos, leis ou princípios a situações particulares. A educação na maior parte das vezes não estimula a capacidade da dúvida, da incerteza, a consciência de que todo conhecimento é provisório, que está em contínuo processo de criação e recriação.
Um novo paradigma exige a utilização de ambientes apropriados para aprendizagem, ricos em recursos para experiências variadas, utilizando novas tecnologias de comunicação, que valoriza a capacidade de pensar e de se expressar com clareza, de solucionar problemas e tomar decisões adequadamente, na qual os alunos possuem conhecimentos, segundo os seus "estilos" individuais de aprendizagem (Gardner, 1993).
A aprendizagem se dá através da descoberta e o professor passa a ser um guia do aluno. A aprendizagem é uma tarefa constante na vida profissional e pessoal de todos. O uso adequado e a interação com a Internet permitem essa interatividade, desmassificação e o surgimento das salas de aulas virtuais.
A Visão Construtivista é a mais indicada quando se fala em Novas Tecnologias na educação, pois o ponto de partida do processo ensino-aprendizagem não é, simplesmente nem o sujeito, nem os objetos do conhecimento, mas sim a interação de ambos. Nessa perspectiva, o ensino com tecnologias ocorre viabilizando trocas entre o aluno (sujeito da aprendizagem) e a tecnologia (que conta com objetos de aprendizagem), através das quais se tornem evidentes as possibilidades de assimilação e acomodação dos conteúdos veiculados.
No documento da UNESCO (Delors,1996) são identificadas as aprendizagens fundamentais que deverão constituir os pilares do conhecimento:

"aprender a conhecer - adquirir os instrumentos da compreensão, dominar os instrumentos do conhecimento, isto é aprender a aprender, fornecer as bases para o aprender durante a vida inteira; aprender a fazer - para poder agir sobre o meio envolvente. Uma combinação de competência técnica com a social e a capacidade de trabalhar em equipe, com iniciativa própria; aprender a viver junto com as outras pessoas - conhecer sua história, cooperar, participar de projetos comuns, criando nova mentalidade de partilhar da realização da vida, de melhor qualidade para todos incluindo aqueles ainda excluídos dessas qualidades vitais; e aprender a ser - é fundamental, integra os três anteriores, envolve discernimento, imaginação, capacidade de cuidar do seu destino".

Estas aprendizagens caracterizam um novo paradigma para a educação, em que o aprender passa a ocupar o centro das preocupações e a aprendizagem ganha novo significado, deixando de ser vista como a simples aquisição e acumulação de conhecimentos, passando a ser concebida como um processo de apropriação individual que, embora utilize as informações, o faz de forma totalmente diferente, pois supõe que o próprio educando vá buscá-las, saiba selecioná-las de acordo com suas próprias necessidades de conhecimento.
O aprender é hoje uma das principais preocupações das pesquisas em educação e psicologia cognitiva e ganha um novo significado por envolver conhecimentos que terão que ser construídos e reconstruídos constantemente pelos aprendizes, sendo ampliados para além do cognitivo, implicando o desenvolvimento de habilidades consideradas fundamentais para atuação efetiva na sociedade atual.
Esses novos modos de conceber o ensino e a aprendizagem supõem uma nova atitude por parte dos professores, dos alunos e de toda equipe escolar. Requer um clima favorável à mudança, altamente motivador tanto para o professor como para o aluno e um ambiente facilitador, com autonomia de trabalho e liberdade, permitindo trabalho cooperativo e solidário.
Na sociedade atual, os profissionais em geral estão tendo que se adaptar rapidamente, sob pena de ficarem fora do mercado de trabalho. Essa adaptação obriga as empresas a oferecerem cursos de aperfeiçoamento aos seus funcionários e estes a estarem sempre reciclando seus conhecimentos para continuarem no mercado. Sanz & Velasquez (1996) colocam que, dentro do fenômeno de mudança na sociedade e no mundo, se encontra o papel que desempenhará o aprendiz, quem em princípio interagirá com um ambiente diferente em que desenvolverá de maneira plena seu sentido de identidade. No que representa no contexto instrucional, terá a opção de interagir com máquinas e tecnologias; utilizará imagens para reforçar a velha aprendizagem mediada por textos e classes expositivas; terá possibilidade de controlar sua própria aprendizagem graças à incorporação de modalidades individualizadas dentro do processo instrucional. Se apoiará em meios próprios em um contexto educativo sustentado em bases cognoscitivas e no desenvolvimento de habilidades complexas, o qual permitirá desempenhar dentro de uma sociedade do trabalho, a realização de tarefas múltiplas em tempo real.
Os professores se convertem, com a ajuda das novas tecnologias e com a exploração da sua criatividade no uso destas, em facilitadores pensamento crítico e lógico e da criatividade e em mediadores entre o conhecimento e os aprendizes, adaptando sua atividade ao trabalho interativo, a formulação de problemas representativos a qualquer aprendiz e a considerar em forma estratégica os distintos estilos cognoscitivos presentes em cada educando, de tal forma que a interação se realize sobre bases reais.

b) Educação Continuada
O modelo de educação escolarizada, que ocorre numa faixa etária e num determinado espaço físico, apoiadas em métodos e técnicas e na especialização do saber, com as mudanças que vêm ocorrendo em todos os campos do saber e na sociedade, são deslocados para uma educação continuada ou permanente que dá importância ao sujeito da educação, à reflexão e à aprendizagem e a sua aplicabilidade à vida social.
A configuração de programas de educação para toda a vida é uma necessidade urgente, na busca de um crescimento pessoal e também de redução das desigualdades sociais, sempre aproveitando todas as oportunidades oferecidas pela sociedade, pois mesmo ao terminar a universidade, os profissionais precisam buscar novas informações, tomando conhecimento de tudo o que ocorre no mundo. Segundo Sanchez (1995), três linhas de atuação da educação continuada se desenvolvem atualmente:
-  teleducação - realização de cursos diretos e de forma interativa com participação em tempo real de alunos em distintos locais. Para isso requer a reunião, em diferentes locais, dos participantes do curso em um tempo fixado anteriormente. Uma rede de aulas convenientemente distribuídas pode evitar altos custos e gastos de tempo e as tecnologias atuais podem permitir a interação em tempo real do professor com os alunos.
-  educação a distância - os alunos podem organizar suas atividades formativas em ritmo conveniente para eles, com independência do lugar onde se dá a aprendizagem. As telecomunicações atuais podem facilitar o acesso ou distribuição do material didático a todos os participantes assim como a interação entre professor e aluno no momento mais conveniente para eles (interação assíncrona).
-  produção de materiais multimídias para o auto-estudo ou auto-aprendizagem - o aluno realiza uma auto-aprendizagem através destes materiais, assimilando conceitos, consultando documentos auxiliares, realizando exercícios e outras atividades que as novas tecnologias podem facilitar.
Uma instituição está realmente integrando as novas tecnologias na educação continuada quando a maioria dos professores envolvidos conhecem e sabem utilizar estas tecnologias e seu emprego não está reduzido a um grupo isolado de professores. Para que esta situação se alcance, é imprescindível criar as condições favoráveis de apoio aos professores, valorizando sua prática.
A necessidade de aprendizagem autônoma, ao longo de toda a vida exige "a capacidade para aprender, não só na escola, mas em todos os momentos e lugares, de não estar fixado na repetição de alguns fatos e formas de fazer, está em estreita relação com outros pontos de máximo consenso: a capacidade para adaptar-se à mudança".(Sancho, 1995). O acelerado ritmo de inovações tecnológicas exige um sistema educativo capaz de impulsionar nos estudantes o interesse por aprender. E esse interesse diante de novos conhecimentos e técnicas se mantém ao longo de sua vida profissional, que provavelmente tenderá a realizar-se em áreas diversas de uma atividade produtiva cada vez mais sujeita ao impacto das novas tecnologias.
As mudanças econômicas colocam ao sistema educativo o papel de ajudar a cada aluno a adquirir uma série de saberes e competências gerais básicas, colocando-lhe a capacidade de adaptar-se a mudança, a aptidão e o gosto por aprender e reaprender durante toda sua vida. Para Gil (1996), além destas competências, é preciso adquirir um eixo comum de competências transferíveis, como: desenvolver um espírito crítico para identificar e assimilar os conhecimentos requeridos em cada momento e investir em aprendizagem permanente e na diversidade de itinerários educativos.
Segundo Sanz & Velasquez (1996), a educação por toda a vida, dentro e fora da escola, é a noção que desprende da verdadeira significação da educação moderna e que deve inspirar e resumir todos os esforços de renovação. Ainda que a educação seja um processo de transformação do indivíduo de forma contínua e planejada, em qualquer lugar e em qualquer circunstância, existe a idéia de que o processo educativo ocorre única e exclusivamente no indivíduo durante sua idade escolar, na qual ele aprende tudo aquilo que necessita ao longo de toda sua vida.
A aprendizagem ao longo da vida, devido a velocidade da geração de novos conhecimentos, é explosiva e seu impacto na vida das pessoas provoca questionamentos e exige novas posturas, pois o paradigma de formar-se durante alguns anos para aplicar os conhecimentos adquiridos durante toda a vida está acabando, pois ao longo da vida poderá mudar-se várias vezes de profissão e poderá se trabalhar de formas diferentes das inicialmente formadas. Assim, é necessário conscientizar os indivíduos de que a aprendizagem é uma tarefa por toda a vida, a qual deverá dedicar uma fração crescente de seu tempo e, devido à pouca disponibilidade de tempo, é essencial para o processo de aprendizagem romper a dependência do espaço e do tempo e, nesse aspecto, a formação a distância, baseada na utilização intensiva das novas tecnologias tem um papel fundamental.

c) Formação Permanente de Professores
Dimenstein (1997) coloca que "no mercado de trabalho do final dos anos 90, um acumulador de informações, alguém que decora, memoriza, copia, tende a ter baixa aceitação, ocupando posições subalternas. o trabalhador do presente e do futuro tem perfil de quem sabe lidar com imprevistos, aprende com rapidez, é flexível. As empresas mostram aos educadores que a formação exclusivamente especializada está condenada pela velocidade tecnológica. O aluno e futuro trabalhador precisa ter uma sólida formação geral, que o habilite a lidar com necessidades específicas".
Para o autor, o bom educador é um administrador de curiosidades, disposto a criar um aprendiz permanente e diante da abundância dos dados acessíveis via bancos de dados, o bom professor é aquele que guia as curiosidades, transformando-se num facilitador, auxiliando a reflexão para que o aluno não se perca na imensidão de informações. Ele deixa de ser o único provedor de informação, auxiliado por alguns livros, para ser o administrador da curiosidade do educando.
Para a formação deste educador, é necessário, segundo Masetto (1995) e Lopez (1995):

·         mudanças profundas na forma de conceber o trabalho docente, nos currículos das escolas e nas responsabilidades desta no processo de formação do cidadão;
·         socialização do acesso à informação e produção de conhecimento;
·         mudança de concepção no ato de ensinar em relação com os novos modos de conceber o processo de aprender e de acessar e adquirir conhecimento;
·         mudança nos referenciais interpretativos de aprendizagem, passando do modelo educacional predominante instrucionista para o modelo construtivista;
·         construção de uma nova configuração educacional que integre novos espaços de conhecimentos em uma proposta de inovação da escola, na qual o conhecimento não está centrado no professor, no espaço físico e nem no tempo escolar, mas visto como processo permanente de mudança, progressivamente construído, conforme os novos paradigmas;
·         desenvolvimento dos processos interativos que ocorrem no ambiente telemático, sob a perspectiva do trabalho cooperativo, que é uma das alternativas a ser trabalhada em ambientes de telemática educativa. Entende-se por trabalho cooperativo a colaboração solidária para as trocas do pensar e do fazer dos professores, o trabalho conjunto em várias instâncias e momentos, acontecendo em grupos e subgrupos oferecendo ao professor condições para enfrentar as incertezas e os conflitos advindos das exigências atuais e futuras.

Para Frigotto (1996), um desafio na formação do educador é a questão da formação teórica e epistemológica e o locus adequado e específico de seu desenvolvimento é a escola e as Universidades, nas quais se articulam as práticas de formação-ação (Almeida,1997) na perspectiva da formação inicial e da formação continuada.
O professor, na nova sociedade, revê de modo crítico seu papel de parceiro, interlocutor, orientador do educando na busca de suas aprendizagens. Ele e o aprendiz estudam, pesquisam, debatem, discutem, constróem e chegam a produzir conhecimento, desenvolver habilidades e atitudes. O espaço aula se torna um ambiente de aprendizagem, com trabalho coletivo a ser criado, trabalhando com os novos recursos que a tecnologia oferece, na organização, flexibilização dos conteúdos, na interação aluno-aluno e aluno-professor e na redefinição de seus objetivos.
A necessidade de formar os professores com novas tecnologias (Almenara, 1995) se dá principalmente pela significação que estes meios têm na atualidade. As novas tecnologias requerem um novo tipo de aluno, mais preocupado pelo processo do que com o produto, preparado para tomar decisões e escolher seu caminho de aprendizagem. Estes exigem, para a capacitação de professores em novas tecnologias uma nova configuração do processo didático e metodológico, inserção crítica dos envolvidos, formação adequada e propostas inovadoras.
O processo de formação exigido prevê condições para o professor construir conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas na sua prática pedagógica e ser capaz de superar entraves administrativos e pedagógicos, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo, voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada aluno. Este processo, nesta visão, cria condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e as experiências, vividas durante sua formação, para a realidade da sala de aula compatibilizando as necessidades dos seus alunos e os objetos pedagógicos que se dispõem a atingir.

d) Mudanças Curriculares
Diante das reformas curriculares - Currículo, para Garcia (1996) pode ser um plano de estudo; conteúdos de curso acadêmico; experiências de aprendizagem planejadas; conjunto das experiências tidas durante a escolarização; série estruturada de objetivos de aprendizagem; plano para ação.- em função das mudanças de uma sociedade industrial a uma sociedade informatizada, Sanchez (1991) afirma que o currículo desde a dimensão essencial de "o que se ensina" e "como se ensina" tenderá a necessidade de se adaptar às mudanças impostas pela sociedade, ao desenvolvimento do "conhecimento procedimental" sobre o "conhecimento declarativo". Neste sentido, é importante incluir no currículo atividades que permitam a aprendizagem de conteúdos significativos, a conscientização dos processos que conduzem a ele. Nesta ordem de idéias, a escola enfatiza as exigências do trabalho e a concepção flexível da formação profissional de maneira que um indivíduo possa mudar sua linha de trabalho tantas vezes de acordo com as necessidades, sem maiores obstáculos.
Para Garcia (1996, p. 243), a inovação curricular como complemento da inovação educativa tende a introduzir na escola mudanças "que contribuam na transformação e melhoria da teoria e prática de ensino e aprendizagem, atuando fecundamente na tarefa educativa ao projeto educativo". Gonzalez y Escudero (1987, p.17) entendem que "a inovação vem constituída por um conjunto de idéias e concepções, estratégias e práticas, conteúdos e direcionalidade de mudança, redefinições de funções dos indivíduos e recomposições organizativas da escola". A inovação representa também "um conjunto de teorias e processos sistemáticos e codificados, comprometidos com a modificação das concepções e práticas pedagógicas que tem lugar nas escolas" (Escudero, 1986, P. 185).

CENÁRIOS PARA MUDANÇA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Conhecer é hoje algo mais que ser capaz de reproduzir nomes, fatos e conceitos, pois a cada dia cresce a distância entre o que se é capaz de "recordar" e o volume total de informação. E poucos anos depois de terminar os estudos universitários descobre-se que uma parte importante do que foi estudado está obsoleto. Para superar esta realidade em transformação, alguns desafios são colocados:

a) Tomada de decisões no acesso à informação - para Seabra (1993, p. 75), "o conhecimento deve tender à globalização e não à especialização, obrigando à obtenção de informações das mais diversas áreas - para então criar o conhecimento". É impossível acessar a toda informação ao mesmo tempo e a maior parte da informação é mero ruído quando não se encaixa em algum modelo, quando não possui utilidade imediata.  O indivíduo precisa saber da existência de determinadas informações e onde se localizam, para que, no momento adequado as acesse. Aqui entra o papel da escola em criar ambientes de aprendizagem fundamentados na pesquisa, enquanto busca a avaliação de informações. Neste ambiente, o professor precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratar e como utilizar essa informação obtida. Este educador será o encaminhador da autoformação e o facilitador da aprendizagem dos alunos, estimulando o trabalho individual e apoiando o trabalho de pequenos grupos reunidos por área de interesses.

Buscar a informação é uma habilidade que se adquire através da prática continuada e reflexiva, melhorada através de uma autocrítica contínua. Com isso, preparar um sujeito capaz de buscar a informação, de valorizá-la, de selecioná-la, de estruturá-la e de incorporá-la a seu próprio corpo de conhecimentos, este último implicando a capacidade também de recordar.
Valorizar a informação implica possuir critérios de valor e habilidade para saber aplicá-los e são raros os professores que permitem a divergência, a opinião contrária, a linha de pensamento não coincidente. Os professores se consideram possuidores da verdade, dando pouco valor à capacidade dos alunos para elaborar seus próprios juízos. Os alunos também não estão interessados, em que se coloque o ensino como urna carreira de obstáculos em que é necessário superá-los e aprovar os diferentes materiais.
Selecionar a informação e esta uma vez valorizada, implica tomar decisões. Estruturar a informação é algo que às vezes se permite ao aluno, e também frente à solicitação dos próprios estudantes que vêm muitas vezes facilitada pelos professores que proporcionam esquemas a fim de facilitar o trabalho dos alunos. Tratam de facilitar o trabalho dos alunos quando o que há que fazê-lo é divertido, não fácil. É preciso proporcionar elementos de motivação intrínseca que ajudem ao aluno na tarefa de estruturar a informação nova e antiga em um todo coerente. Estas são habilidades a desenvolver e também requer a prática.
A aprendizagem converte-se num processo de tomada de decisões por parte do aluno ao acessar a informação, exigindo uma construção individual e diferente de conhecimento.

b) Integração dos recursos tecnológicos e da multiplicidade de linguagens - preparar o sujeito para interpretar e compreender a imagem, para analisar, construir novas mensagens. O ensino a aprendizagem se converte em um processo contínuo de tradução de linguagens, códigos e canais do visual ao verbal, do audiovisual ao escrito e vice-versa. A comunicação se enriquece, os conhecimentos se consolidam, a informação que se adquire fora da aula se integra na que é trabalhada dentro.

c) Novas características para a escola - a escola, na sociedade do conhecimento têm novas características: ser ativa, entretida, divertida, participativa e livre. Uma escola participativa em que os alunos, professores e pais participam em todas as decisões, em todos os níveis, em todos os momentos, na qual as regras estão claras e definidas entre todos, na qual os alunos se integram realmente no processo de ensino sendo membros de uma equipe que trabalha com um objetivo comum. Uma escola livre, em que a liberdade é algo consciente e continuamente presente, na preparação de indivíduos para o século XXI, com liberdade integral como elemento fundamental necessário para a aprendizagem, para a aquisição de conhecimentos. A liberdade como um ambiente em que é possível o desenvolvimento do conhecimento.

Para Nóvoa (1995:75), a melhoria e mudanças na escola poderão se dar a partir de cinco princípios:

a)      considerar as escolas como a unidade estratégica de mudança em educação;
b)      desenvolver dinâmicas de participação dos professores e dos restantes atores educativos em torno dos processos de inovação escolar;
c)      perspectivar a melhoria das escolas como um processo e não como um produto, criando uma cultura da escola que consagre uma atitude de mudança permanente;
d)      produzir sugestões de práticas, de políticas e de procedimentos que contribuam para a melhoria das escolas;
e)      ter consciência do processo de inovação, introduzindo dispositivos de regulação e de avaliação.'

O contexto escolar, a partir dos princípios levantados por Nóvoa (1995), é identificado como o lugar mais apropriado para propor e desenvolver inovações educativas, por oferecer melhores possibilidades de êxito nos projetos de inovação, pois é neste contexto que se encontram os verdadeiros multiplicadores, os professores. Através do seu esforço individual e de dinâmicas participativas os professores e alunos exercitam um processo de aprendizagem, de buscas e de inovação. Assumir a escola como local de mudança supõe considerar como condição fundamental a descentralização da tomada de decisões, incluindo o planejamento das atividades inovadoras pelas escolas. Garcia (1996, p. 412) coloca que "para melhorar a qualidade da educação, há que modificar a cultura e as formas de trabalho (tanto de professores, alunos e diretores) na própria escola. A escola é onde se estrutura qualquer proposta de mudança".
A figura do professor é elemento chave para a melhoria da eficácia da escola e o desenvolvimento do currículo é tarefa fundamental do trabalho dos professores. Sacristan & Gomez (1994) afirmam que existem várias contradições no processo de socialização da escola, mas existem espaços de relativa autonomia que podem ser utilizados para desequilibrar a tendência de reprodução do status quo. Assim, o processo de socialização se dará através de um ativo movimento de negociação, no qual as reações e resistências dos professores e alunos como indivíduos ou grupos podem chegar a provocar rupturas e ineficácia das tendências reprodutivistas no contexto escolar.
O professor tem a responsabilidade de difundir o saber no intuito de revisá-lo e ampliá-lo, democratizando-o na troca de experiências com seus alunos, lançando no mercado profissional, pessoas competentes que efetivamente possam responder às demandas da sociedade em vigor, no seu mais alto grau. Para o professor, sem bagagem pedagógica e carente de conhecimento do seu conteúdo específico, o emprego das novas tecnologias acelera suas falhas, põe a nu suas incoerências. Por outro lado, para o professor de sólidos conhecimentos e experiência no nível didático e de conteúdo, estas tecnologias permitem melhores resultados, provocando seu crescimento profissional.
Uma situação nova a ser enfrentada na realidade escolar é a necessidade de se contar com ambientes mais motivadores de aprendizagem para que esta se dê em uma forma coletiva em que a verdade e o conhecimento sejam construções históricas em que o indivíduo evolua nesta relação.
A escola tem sido tradicionalmente uma instituição separada, que raramente ou nunca se combina com qualquer outra instituição. A maior participação da escola na sociedade poderá ser uma mudança tão radical quanto qualquer mudança em métodos de ensino e de aprendizado (em matérias), ou no processo de ensino e de aprendizado. A escola continuará ensinando aos jovens, com a transformação do aprendizado em atividade permanente, ao invés de algo que deixa de fazer quando se fica adulto. As escolas precisam se reorganizar, transformando-se em sistemas abertos, tornando-se o lugar no qual adultos continuam a aprender, mesmo que trabalhem em tempo integral. Estes poderão voltar à escola para um seminário de três dias, para um curso de fim de semana, para um programa intensivo de três semanas ou para freqüentar cursos duas noites por semana, durante vários anos, até obterem seu diploma. O trabalho também é um lugar no qual os adultos continuarão a aprender e o adulto, especialmente aquele que possui conhecimento avançado, será do mesmo tempo formador e formando, professor e também aluno.
A educação avançada para pessoas altamente instruídas, ou educação complementar para pessoas que, por qualquer motivo, não tiveram, acesso ao ensino superior, precisa ser realizada em todos os tipos de parcerias nas quais as escolas e outras organizações possam trabalhar em conjunto.
Na sociedade contemporânea, a escola perdeu o papel hegemônico da transmissão e distribuição da informação. Os meios de comunicação de massa, como a televisão, que penetram nos lugares mais distantes oferecem de modo atrativo e ao alcance da maioria das pessoas uma grande quantidade de informações nos mais variados âmbitos da realidade. O aluno chega à escola com um abundante capital de informações e com poderosas e acríticas pré-concepções sobre os diferentes âmbitos da realidade (Sacristan & Gomes, 1994) e somente a escola pode cumprir a função de reelaboração crítica e reflexiva da realidade, orientando-se para a organização racional da informação fragmentada recebida e a reconstrução das pré-concepções acríticas, formadas pela pressão reprodutora do contexto social, através de mecanismos e meios de comunicação poderosos e sutis.
A reconstrução dos conhecimentos, atitudes e modos de atuação não se conseguem mediante a transmissão ou intercâmbio de idéias, por mais ricas e fecundas que sejam, senão mediante a vivência de relações sociais e no espaço aula, na escola e em experiências de aprendizagem, intercâmbios e atuação que justifiquem esses novos modos de pensar e fazer
Isso requer novas formas de organizar o espaço e o tempo, as atividades, as relações sociais na aula e na escola. A função educativa da escola, numa reconstrução crítica do pensamento na ação, requer a transformação das práticas pedagógicas e sociais na sala de aula e na escola e nas funções e competências do professor, buscando facilitar e estimular a participação ativa e crítica dos alunos nas diferentes tarefas que se desenvolvem em aula e que constituem o modo de viver da comunidade democrática de aprendizagem.
Observa-se, na realidade atual, escassez de pessoas com formação adequada para enfrentar estes problemas que se colocam. os cursos de formação, nas Faculdades de Educação não estão preparando professores habilitados para utilizar e produzir novas tecnologias na educação. Nesta formação de professores é preciso repensar o processo de aprendizagem, buscando a gênese do conteúdo a ser dominado pelo aprendiz, pondo a descoberto concepções pedagógicas inadequadas, dificuldades e possíveis vantagens de estratégias e métodos diferentes. Deste modo, poder-se-á proporcionar ao aluno a construção de novos conhecimentos, ao tempo em que apropria-se e domina as novas tecnologias, desenvolvendo idéias poderosas nas mais diferentes áreas das ciências.
A introdução das novas tecnologias nas salas de aula facilita as trocas interindividuais, a criação de projetos pedagógicos, comunicação à distância, redefinindo o relacionamento estabelecido entre professor-aluno. Os professores deixam de ser líderes oniscientes e os materiais pedagógicos evoluem de livros-textos para programas e projetos mais amplos. As informações se tornam mais acessíveis, os usuários escolhem o que querem, tornando-se criadores de conteúdo.
Os recursos de videoconferência/teleconferência, Internet e outras tecnologias põem pela primeira vez ao alcance de qualquer escola ou instituição educativa, a possibilidade de trocas entre professores e materiais de intercâmbios simultâneos, de desenvolver trabalhos em conjunto, através da participação do aluno, do uso de diferentes canais, códigos e linguagens, no desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões, através da liberdade que permite difundir a todos o conhecimento produzido.
A entrada da sociedade na era da informação exige habilidades dos professores, que não têm sido desenvolvidas na sua formação inicial nem na escola, e a capacidade das novas tecnologias de propiciar aquisição de conhecimento individual e independente implica num currículo mais flexível, desafiando o currículo tradicional e a filosofia educacional predominante. Está nas mãos dos professores a condução das mudanças necessárias.























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1 MERCADO, Luís Paulo Leopoldo – "Formação Continuada de Professores e Novas Tecnologias", Editora EDUFAL, Macéio, 1999, Págs. 25 a 47.

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Sou uma jovem senhora que gosta de olhar o mundo de um jeito diferente, buscando encontrar o indecifrável, o indescritível, o inusitado, bem como as coisas simples e belas da vida.